Procuradores desmontam reportagem de IstoÉ sobre escutas ilegais

Jornal GGN – A Associação Nacional de Procuradores da República rebateu, em nota, a reportagem “As escutas ilegais da Procuradoria Geral da República” sob Rodrigo Janot, veiculada pela IstoÉ no último dia 12.
A reportagem prometia explicar “como foi montado um esquema de escutas clandestinas dentro do Ministério Público Federal idealizado por Rodrigo Janot e comandado por Lauro Pinto Cardoso Neto, um colaborador do Centro de Inteligência do Exército nos anos de chumbo.”
Mas, segundo a ANPR, a história criada pela revista é incompatível com a realidade dos fatos e da vida dos atores envolvidos. A começar pela afirmação de que Cardoso Neto colaborou com a ditadura investigando pessoas contrárias ao regime. Outro dado desmontado é o de que a PGR utiliza um sistema de registro de escutas ilegal.
“As acusações vagas e injuriosas da reportagem contra membros do MPF são descabidas”, diz a ANPR.
Leia, abaixo, a nota completa assinada por José Robalinho Cavalcanti, presidente da ANPR.
Nota de Esclarecimento – Reportagem da Istoé
ANPR rebate informações equivocadas sobre supostas escutas ilegais na PGR
Brasília (13/10/2017) – A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) vem a público esclarecer informações equivocadas e distorcidas da reportagem da revista Istoé intitulada “As escutas ilegais na Procuradoria Geral da República”. Ao relatar suposto esquema de escutas que estaria instalado na Procuradoria-Geral da República, sem apresentar qualquer prova concreta, a matéria lança acusações contra o procurador regional da República Lauro Pinto Cardoso Neto e o ex-procurador-Geral da República Rodrigo Janot.
Para corroborar uma história que se assemelha mais a uma teoria conspiratória, a reportagem faz referência a informações absurdas entre as quais a de que Lauro Cardoso teria sido “colaborador do Centro de Inteligência do Exército (CIE) nos anos de chumbo da ditadura militar, com a atribuição de investigar opositores do regime”. A informação não encontra respaldo na realidade: Lauro Cardoso tem 49 anos de idade, tinha 18 anos portanto quando assumiu o primeiro presidente civil, entrou na Academia Militar em 1986 e concluiu o curso de formação de oficiais em 1989. O que a reportagem parece reforçar é um descabido preconceito contra pessoas que passaram pela carreira militar, ademais, na democracia e esquece também a reportagem os 15 anos de Lauro Cardoso como membro do Ministério Público Federal.
Lauro Cardoso ocupou um dos postos mais importantes da instituição, o de Secretário-Geral do MPU, por 6 anos, o que implica diálogo constante não apenas com os membros do MPF como também de todo o Ministério Público. Exerceu a função com zelo e a deixou aplaudido por toda a carreira. Nada há de misterioso em sua trajetória. Membro do MPF desde 2002, ao longo de sua carreira, atuou em ações contra o crime organizado, foi membro do Conselho Penitenciário, foi titular do ofício criminal no Distrito Federal, combateu crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro e foi procurador-chefe da Procuradoria da República do Distrito Federal. Quando de sua promoção por merecimento a procurador regional da República, constou em lista tríplice com 9 dos 10 votos dos membros do Conselho Superior do MPF.
Além disso, vale esclarecer que o Sistema Guardião e os programas similares representam um avanço tecnológico importante para investigações. Porém, ao contrário do que diz a reportagem, ele não faz escutas ambientais ou interceptações telefônicas sem autorização judicial. O programa apenas recebe e armazena dados e gravações, e só pode ser instalado nos servidores de agentes públicos com poder de investigação e aptos a operá-lo. As interceptações acontecem mediante autorização judicial, de forma segura e de acordo com a legislação brasileira.
Mais importante contudo: o MPF não possui e jamais operou o Sistema Guardião. O Guardião comprado durante a gestão de Claudio Fonteles como Procurador-Geral da República foi doado para o Departamento de Polícia Federal, sem uso, durante o mandato de Antonio Fernando de Souza.
O sistema Guardião é utilizado por mais de duas dezenas de unidades do Ministério Público nos Estados há anos, a despeito de não ser utilizado na PGR. O uso do equipamento tem inclusive o aval do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que já reconheceu o rigoroso sistema de controle a que as escutas estão sujeitas, seja no âmbito administrativo seja no âmbito judicial.
O Ministério Público Federal, ao exercer suas atribuições constitucionais, invariavelmente atinge os interesses de diversas organizações e pessoas. Sendo assim, a suspeita de instalação de escutas (ambientais ou telefônicas) em gabinetes de Subprocuradores-Gerais da República deve ser tratada com a devida seriedade, por meio da apuração detalhada dos fatos, sob pena de ser o MPF e a sociedade os maiores prejudicados. E assim vem sendo feito. As acusações vagas e injuriosas da reportagem contra membros do MPF são descabidas.
A ANPR continuará vigilante em relação às tentativas de manchar a imagem dos membros do Ministério Público Federal. Teorias conspiratórias de suposta intrigas internas, que prescindem de robustez fática, visam tão somente o enfraquecimento do órgão. Resta saber a quem interessa prejudicar o Ministério Público Federal.
José Robalinho Cavalcanti
Procurador Regional da República
Jornal GGN – A Associação Nacional de Procuradores da República rebateu, em nota, a reportagem “As escutas ilegais da Procuradoria Geral da República” sob Rodrigo Janot, veiculada pela IstoÉ no último dia 12.
A reportagem prometia explicar “como foi montado um esquema de escutas clandestinas dentro do Ministério Público Federal idealizado por Rodrigo Janot e comandado por Lauro Pinto Cardoso Neto, um colaborador do Centro de Inteligência do Exército nos anos de chumbo.”
Mas, segundo a ANPR, a história criada pela revista é incompatível com a realidade dos fatos e da vida dos atores envolvidos. A começar pela afirmação de que Cardoso Neto colaborou com a ditadura investigando pessoas contrárias ao regime. Outro dado desmontado é o de que a PGR utiliza um sistema de registro de escutas ilegal.
“As acusações vagas e injuriosas da reportagem contra membros do MPF são descabidas”, diz a ANPR.
Leia, abaixo, a nota completa assinada por José Robalinho Cavalcanti, presidente da ANPR.
Nota de Esclarecimento – Reportagem da Istoé
ANPR rebate informações equivocadas sobre supostas escutas ilegais na PGR
Brasília (13/10/2017) – A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) vem a público esclarecer informações equivocadas e distorcidas da reportagem da revista Istoé intitulada “As escutas ilegais na Procuradoria Geral da República”. Ao relatar suposto esquema de escutas que estaria instalado na Procuradoria-Geral da República, sem apresentar qualquer prova concreta, a matéria lança acusações contra o procurador regional da República Lauro Pinto Cardoso Neto e o ex-procurador-Geral da República Rodrigo Janot.
Para corroborar uma história que se assemelha mais a uma teoria conspiratória, a reportagem faz referência a informações absurdas entre as quais a de que Lauro Cardoso teria sido “colaborador do Centro de Inteligência do Exército (CIE) nos anos de chumbo da ditadura militar, com a atribuição de investigar opositores do regime”. A informação não encontra respaldo na realidade: Lauro Cardoso tem 49 anos de idade, tinha 18 anos portanto quando assumiu o primeiro presidente civil, entrou na Academia Militar em 1986 e concluiu o curso de formação de oficiais em 1989. O que a reportagem parece reforçar é um descabido preconceito contra pessoas que passaram pela carreira militar, ademais, na democracia e esquece também a reportagem os 15 anos de Lauro Cardoso como membro do Ministério Público Federal.
Lauro Cardoso ocupou um dos postos mais importantes da instituição, o de Secretário-Geral do MPU, por 6 anos, o que implica diálogo constante não apenas com os membros do MPF como também de todo o Ministério Público. Exerceu a função com zelo e a deixou aplaudido por toda a carreira. Nada há de misterioso em sua trajetória. Membro do MPF desde 2002, ao longo de sua carreira, atuou em ações contra o crime organizado, foi membro do Conselho Penitenciário, foi titular do ofício criminal no Distrito Federal, combateu crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro e foi procurador-chefe da Procuradoria da República do Distrito Federal. Quando de sua promoção por merecimento a procurador regional da República, constou em lista tríplice com 9 dos 10 votos dos membros do Conselho Superior do MPF.
Além disso, vale esclarecer que o Sistema Guardião e os programas similares representam um avanço tecnológico importante para investigações. Porém, ao contrário do que diz a reportagem, ele não faz escutas ambientais ou interceptações telefônicas sem autorização judicial. O programa apenas recebe e armazena dados e gravações, e só pode ser instalado nos servidores de agentes públicos com poder de investigação e aptos a operá-lo. As interceptações acontecem mediante autorização judicial, de forma segura e de acordo com a legislação brasileira.
Mais importante contudo: o MPF não possui e jamais operou o Sistema Guardião. O Guardião comprado durante a gestão de Claudio Fonteles como Procurador-Geral da República foi doado para o Departamento de Polícia Federal, sem uso, durante o mandato de Antonio Fernando de Souza.
O sistema Guardião é utilizado por mais de duas dezenas de unidades do Ministério Público nos Estados há anos, a despeito de não ser utilizado na PGR. O uso do equipamento tem inclusive o aval do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que já reconheceu o rigoroso sistema de controle a que as escutas estão sujeitas, seja no âmbito administrativo seja no âmbito judicial.
O Ministério Público Federal, ao exercer suas atribuições constitucionais, invariavelmente atinge os interesses de diversas organizações e pessoas. Sendo assim, a suspeita de instalação de escutas (ambientais ou telefônicas) em gabinetes de Subprocuradores-Gerais da República deve ser tratada com a devida seriedade, por meio da apuração detalhada dos fatos, sob pena de ser o MPF e a sociedade os maiores prejudicados. E assim vem sendo feito. As acusações vagas e injuriosas da reportagem contra membros do MPF são descabidas.
A ANPR continuará vigilante em relação às tentativas de manchar a imagem dos membros do Ministério Público Federal. Teorias conspiratórias de suposta intrigas internas, que prescindem de robustez fática, visam tão somente o enfraquecimento do órgão. Resta saber a quem interessa prejudicar o Ministério Público Federal.
José Robalinho Cavalcanti
Procurador Regional da República
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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  • Não seria papel da PGR?
    Um fato grave noticiado sobre um órgão do estado exige resposta do órgão. Se fato inverídico refutando o mesmo. Ou, se há dúvidas ou verdadeiro, quais providências serão tomadas.

    Uma associação corporativista não tem esse papel, até mesmo por ser estranha aos atos de administração do órgão envolvido.

  • "Lauro Cardoso tem 49 anos de

    "Lauro Cardoso tem 49 anos de idade, tinha 18 anos portanto quando assumiu o primeiro presidente civil"

    Car​amba, o cara era mesmo precoce. Deve ter sido "colaborador do Centro de Inteligência do Exército nos anos de chumbo" (segundo a revista) aos 15? 16 anos? Que colaboração ele fazia? Paquerava as filhas dos inimigos da ditadura? Bem que a revista podia explicar isso...

  • A ISTO É conseguiu um grande

    A ISTO É conseguiu um grande feito: ser pior que a VEJA nos seus piores momentos. Esta pelo menos cuidava do formal, preservava as aparências. 

     

  • Vamos lá. Não confio na istoé

    Vamos lá. Não confio na istoé (rebatizada de quanto é). Não confio em Janot. Não confio na ANPR. Todos devem estar mentindo. A Istoé é uma revista de terceira categoria que preza pela mentira e foi veiculo do golpe. Janot é um fraco que foi engolido pela lava jato de coritiba e depois tentou surfar nas ondas tambem sendo peraonagem importante do golpe (além de ser um nada juridico com pareceres que causam vergonha) e a ANPR se tivesse vergonha teria EXPULSADO dos seus quadros o Dalagnol pos power point por não cumprir o minimo de imparcialidade e responsabilidade que se exige se uma pessoa com tanto poder quanto um procurador da republica. Sao iguais, nadem no lixo e nos dejetos. São diretamente responsaveis por transformar um pais em vias de se tornar potencia mundial nesse lixo bananeiro. Se merecem!!!

  • Só posso rir dessa

    Só posso rir dessa hipocrisia-do-soldalício: quer dizer que qualquer coisa que fale mal do mpf gera imediatamente nota de desagravo dessa associaçãozinha? Ou seja, o dinheiro público entra nessas notinhas? E que tal essa associaçãoa-dos-mesmos-de-sempre vir a público pra denunciar as patranhas dellanhóiescas em curitiba? E que tal essa gente vir correndo apurar os crimes praticados pelos procuradores-de-araque? E que tal essa gentinha vir defender o estado democrático de direito que alguns deles (mesmos) estão botando pelo ralo da história? E que tal notificarem pela imediata absolvição da dona Marisa Letícia, coisa que o desMorolunático se nega a fazer, mesmo indo contra a legislação? Ora, vão se catar!

  • Essa ANPR vale tanto quanto o panfleto
    A credibilidade dessa ANPR é a mesma do panfleto que procura criticar: nenhuma. O mais vergonhoso e descarado espírito de corpo.

  • Bacanal na Mídia

    Se a matéria é falsa (provavelmente é falsa, por se tratar da IstoÉ), então o procurador Lauro Cardoso foi caluniado, apontado como criminoso de um crime inexistente.

    Se Lauro entrar com um processo, o juiz irá analisar suas relações sociais. Se Lauro tiver algum contato com o PT (um cunhado que votou na Dilma, por exemplo), então o juiz decidirá a favor da IstoÉ - liberdade de imprensa.

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