Jornal GGN – Com mais de 4 mil mortes registradas nesta quinta-feira (08) por Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro saiu em defesa da participação de cultos e missas regiliosas, com a abertura de igrejas e tempos. “Tem que dar a chance do ser humano se recompor, se confortar, pegar uma palavra de apoio”, disse o mandatário.
A fala contraria o próprio Supremo Tribunal Federal (STF), que em decisão de Plenário autorizou estados e municípios proibirem a realização dos atos religiosos presenciais. A maioria dos ministros usou como base as evidências científicas de que a aglomeração provoca a transmissão do vírus.
Mas Bolsonaro disseminou Fake News e afirmou, em entrevista à CNN, que a possibilidade de transmissão da Covid-19 em templos e igrejas é “quase zero”, se adotadas medidas sanitárias.
No julgamento, a Advocacia-Geral da União (AGU), a Procuradoria-Geral da República (PGR), o advogado do PSD e o ministro Kássio Marques Nunes abriram mão de argumentos jurídicos e científicos para se posicionaram com alegações religiosas.
O Advogado-Geral da União (AGU) do governo Bolsonaro, André Mendonça, fez uma espécie de pregação, fugindo do teor jurídico, e carregado de defesa religiosa: “Sem vida em comunidade não há cristianismo.” E ainda disse que “os verdadeiros cristãos estão sempre dispostos a morrer para garantir a liberdade de religião e de culto”. Já o PGR afirmou que a fé “também salva vidas” e que “onde a ciência não explica, a fé traz a justificativa que lhe é inerente”.
“Está havendo um certo delírio nesse contexto geral. É preciso que cada um de nós assuma as suas responsabilidades”, confrontou Gilmar, em seu voto, que foi acompanhado pelos outros 9 ministros, contra a liberação dos cultos e a permissão para que governadores e prefeitos proibam os atos.
Mas à CNN, Bolsonaro disse que a cláusula de liberdade religiosa da Constituição impede a proteção sanitária, da própria vida dos brasileiros. “Respeito completamente a nossa Constituição. Não tem um pingo fora das quatro linhas da mesa. Seria bom se todo mundo jogasse dentro das quatro linhas.”
E continuou na sua tese de que medidas de distanciamento social e lockdown, contra qualquer estudo científico que desmentem tal alegação, provocam o aumento de suicídio e que a abertura de igrejas e templos soluciona este problema.
“Quase diariamente eu vejo no WhatsApp suicídio. Coisa que não existia com essa frequência. Geralmente, o cara quando está em uma situação depressiva procura a Deus. E ele procura onde? Na Igreja. No tempo. E o templo está fechado”, seguiu.
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