Saída dos EUA do acordo de Paris é “cegueira ideológica”, diz Observatório do Clima

Foto: Gage Skidmore
Jornal GGN – Por meio de nota à imprensa, o Observatório do Clima criticou a saída dos Estados Unidos do acordo do clima de Paris e classificou a decisão do presidente Donald Trump como uma demonstração de “cegueira ideológica e inépcia estratégica”.
Para a entidade, a atitude dos EUA diminui as chances de se alcançar o objetivo do acordo de estabelizar o aquecimento global em 1,5º C neste século. O Observatório também diz que Trump fez o país voltar para isolacionismo e afirma também que o presidente norte-americano prejudica as empresas e a geração de empregos ao virar as costas para o setor de energias renováveis.
“Infelizmente, o clima não liga para ideologia ou “fatos alternativos”; ele simplesmente aquece”, diz a entidade, que destaca que o “recuo imoral” de Trump não significa o fim do Acordo de Paris.

Leia a nota abaixo:
Nota do Observatório do Clima sobre saída dos EUA do Acordo de Paris
1 DE JUNHO DE 2017 – Numa lamentável demonstração de irresponsabilidade, cegueira ideológica e inépcia estratégica, o presidente Donald J. Trump anunciou nesta quinta-feira que os Estados Unidos sairão do acordo do clima de Paris. A decisão é um erro histórico, que terá repercussões gravíssimas para toda a humanidade e para a população e a economia dos EUA.
O ato desta quinta-feira praticamente sepulta a chance da humanidade de atingir a meta de estabilizar o aquecimento global em 1,5oC neste século, objetivo mais ambicioso do Acordo de Paris e medida de segurança para evitar a extinção de pequenas nações insulares. Também traz riscos para o objetivo de limitar o aquecimento a menos de 2oC, ao eliminar da mesa de negociações o maior emissor histórico de gases de efeito estufa e uma das principais fontes de financiamento climático – potencialmente levando outras nações a repensar os próprios compromissos.
Na geopolítica global, o dia 1o de junho de 2017 ficará conhecido como a data em que os Estados Unidos claramente abandonaram a ordem mundial construída no pós-Segunda Guerra e voltaram ao seu isolacionismo.
Ao sair do Acordo de Paris, Donald Trump também faz o oposto da sua promessa de botar “a América em primeiro lugar” e de proteger a população e os empregos americanos, como repetiu à exaustão em seu discurso na quinta-feira. Ao virar as costas para o setor de energias renováveis – que gera empregos 12 vezes mais rápido que o restante da economia – e ao dobrar a aposta em setores moribundos, como o de carvão, o governo federal americano entrega a competitividade da indústria à China, que já investe mais que os EUA em energia eólica e solar.
Além de prejudicar as empresas e a geração de empregos, expõe toda a população dos Estados Unidos (e do restante do mundo) a impactos cada vez mais graves da mudança do clima. O aquecimento “pequenininho” do qual o presidente fez troça terá um efeito grande sobre cidades como Nova York, terra natal de Trump. Infelizmente, o clima não liga para ideologia ou “fatos alternativos”; ele simplesmente aquece.
O recuo imoral do governo americano não é o fim do Acordo de Paris, nem da ação climática global. É, ao contrário, um chamado à ação. Cabe agora ao resto do mundo, inclusive a Estados e empresas dos EUA, aumentar sua ambição para fazer frente a Trump e cumprir os objetivos do tratado de garantir um planeta habitável neste século.
Redação

Redação

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  • É burrice mesmo. A indústria
    É burrice mesmo. A indústria da energia limpa ja é "big business" e a adesão maciça ao acordo de Paris e a prova disso. Esse acordo é o tiro de largada na corrida para ver quem vai abocanhar a maior fatia dessa indústria que cresce exponencialmente. A decisão de sair do acordo de Paris é obra de Steve Bannon, o neonazi sem noção estrategista chefe do Trump. O discurso do presidente tinha sua impressão digital. Até os CEOs das grandes petroliferas, incluindo o atual secretário de Estado Rex Tillerson, foram contra.

    • Pois é, financiar, além de

      Pois é, financiar, além de insustentabilidades ecológicas, um terrorismo que facilmente pode se tornar nosso próprio algoz - senão por ataques bélicos, por espionagem, desestabilização política e sabotagem até nos negócios - é de uma burrice extrema. Mesmo quando a gente não paga em dinheiro - caso do turismo, do cinema e da indútria cultural como um todo - acaba pagando em aprovação e admiração. O custo-benefício de comprar, seja da forma que for, o eventualmente bom dos EUA e acabar levando o péssimo no bojo é muito alto.

  • Vítimas de si mesmos

    Não é Trump. Fosse Clinton "wife" ou qualquer outra pessoa na presidência do Executivo, seria a mesma coisa. Sem citar extremos, como Bush "filho" ou Reagan, o que fez, por exemplo, Obama diferente disso? E indo além, mesmo grande parte - a maioria, creio - das pessoas daquele país que não são nem candidatas a cargo eletivo sofrem do mesmo mal: começaram acreditando que o país deles é o melhor, maior e mais-em-tudo para, de uns tempos para cá, acreditarem que são o único país do mundo. Mesmo que neguem essa crença, são as ações dessas pessoas que a revelam. Um tipo de demência, uma loucura dissociativa, talvez por uma super-exposição a fantasias da ficção como viagens espaciais... O fato real, que a esquizofrenia coletiva nos EUA os impede de enxergar, é que estamos todos no mesmo barco. Ou, para ser exato, no mesmo planeta.

    O interessante é que nenhuma guerra iniciada por um ataque unilateral deles, resultou em vitória. E se for olhar direito, nem a chamada Segunda Guerra pode ser examinada sem a participação da Rússia, à época um dos países da U.R.S.S. Os EUA inventaram mentiras e versões para tentarem estabelecer imagem junto a outros países e acabam vítimas delas, de si mesmos. É óbvio que o objetivo não é ganhar guerras, é fazê-las e através delas, ganhar dinheiro. Mas dar um jeito de inventar pós-verdades para não ficar tão claro assim que a guerra não foi ganha. Ou melhor, que o ataque terrorista nem guerra virou, não passou de um ataque, mesmo.

    Assim como o clima não está nem aí para ideologia, o tempo não parou só porque isso é o que os conservadores querem. Fukuyama que o diga... Manterem-se estacionados no tempo do imperialismo colonialista não significa que todos as pessoas de todos os países se mantém parados no tempo, igualmente.

    Aqui e ali já há sinais nítidos de que o mundo está prestes a se reunir sem os EUA. Desde iniciativas gigantes como a UE e os BRICS até acréscimos de iniciativas de economia alternativa e local são sinais de que, mesmo que Piketty não tivesse tabulado a desigualdade, as pessoas já não estão dispostas às centralizações, desencanam cada vez mais e mais profundamente da ideia de gigantismos, monopólios, oligopólios... Idolatrias, o império do pop, grandes chefes mindiais, admirações incondicionais e suas correspondentes submissões aos admirados, tudo isso está em franca decadência. Cada vez mais, entre todos os países do mundo, ganha corpo a ideia de uma ONU com sede itinerante, por exemplo.

    E afinal nem precisou que os países todos do mundo se unissem para isolar, desprezar - eventualmente até embargar - os EUA, isso ele próprio está fazendo consigo mesmo.

    Só precisamos ficar atentos: na medida em que os EUA forem sendo isolados dos demais grandes países do mundo, adivinha que região e especificamente que país grande e rico do mundo eles vão querer tomar para si? Onde quererão instalar o seu quintal, a sua senzala?

  • Até quando vai durar a farsa do clima ?
    Já está ridículo insistir na farsa do aquecimento global. Essa lorota imperialista pra fazer o terceiro mundo estagnar já deu o que tinha que dar. Eu não sei se Trump é louco, imbecil ou fantoche de Putin (kkk), eu só sei é que me divirto com a forma que ele detona algumas palhaçadas inventadas pelo governo mundial.

  • A julgar pela omissão....

    ....dos  demais comentaristas por aqui,  a  galera  tá pouco se lixando para o clima !!

    _ Dane-se, eu tenho ar condicionado em casa, devem estar pensando  !!

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