O novo xadrez que se forma nas Organizações Globo

O novo xadrez que se forma nas Organizações Globo

Por Salatiel
Há um novo xadrez se formando nas Organizações Globo.
O mais recente passaralho do jornal O Globo, em virtude das dívidas do jornal na construção de uma nova sede e o fracasso da venda da sede antiga,  a entrada de Lauro Jardim para seu time de colunistas devem marcar uma nova fase do jornalismo das Organizações Globo -OG, na qual a revista Época, pela primeira vez, passa a fazer parte do jogo principal.
Considerada o “patinho feio” das OG, a revista Época mudou de patamar dentro do grupo com a ascensão do presidente da Editora Globo, Fred Kachar, para a presidência do Infoglobo, e a de Diego Escoteguy no comando da revista.
Enquanto João Gabriel, o diretor de redação no expediente, chamado de “Rainha da Inglaterra” pela equipe da revista, distrai-se em eventos literários e atividades afins, Fred e Diego os dois completaram a travessia de Damasco da revista, iniciada por Helio com a reforma editorial de 2011: primeiro, de veículo moderado à versão farsesca de Veja; agora, de versão farsesca a veículo capaz de ruborizá-la.
Era essa a intenção de Helio: colocar-se à direita de Veja. Para isso, Diego fora contratado e, pouco a pouco, as vozes e pautas “dissonantes” da revista substituidas por vozes e pautas com a face de Diego. De 2012 em diante, deixaram a revista, por obra de Helio e Diego, nomes como Paulo Moreira Leite, Luiz Maklouf Carvalho, Felipe Patury, entre outros.
A chegada de Lauro Jardim – e as fontes que carrega consigo – deve fortalecer o monopólio político das OG na imprensa e no Rio de Janeiro, onde a família Marinho tem uma influência semelhante à dos Matarazzo em São Paulo dos anos 1930-40, e enfraquecer Veja, onde Lauro era um dos principais meios de influência dos proprietários da publicação e um dos maiores geradores de audiência da revista e do site. Isso num momento econômico delicado para o Grupo Abril.
Com isso, o grupo derruba a única fronteira em que não detinha o poder total: na imprensa “noticiosa” semanal.
Claro que há dúvidas no caminho.
O Globo (jornal) vive o momento mais delicado de sua História – e tem dois anos para voltar a ser lucrativo, o que, diante das perspectivas econômicas do país e do novo câmbio, não deve se concretizar.
Época, por sua vez, mantém uma circulação estável na aparência – ao menos metade das revistas são entregues de maneira gratuita ou com descontos que inviabilizam o negócio, num momento econômico delicado.
A TV Globo, embora lider absoluta de audiência, ostenta índices inimagináveis há dez anos (na década passada, uma novela das oito chegava a 60 pontos de audiência, hoje está em 20 pontos). A publicidade de rádio está estagnada há anos. As outras fontes de renda – produtos, TV paga, portais – estão longe de trazer o prestígio, dinheiro, influência de outros tempos.
A notícia, aliás, da nova contratação (que não deve ter custado pouco), logo na sequência do passaralho, pegou a redação d’O Globo de surpresa, onde, aliás, continuam, pontualmente, as demissões, gerando um clima de tensão (somado à tristeza) na redação. Se não havia dinheiro para uma série de bons jornalistas, para o caderno de literatura e ideias (O Prosa), como (ou por que?) há dinheiro para um colunista dessa envergadura?
O raciocínio acima deve explicar.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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    • Engano, Pros coxinhas e pra

      Engano, Pros coxinhas e pra Dna. Judith de Brito farão falta, sim. Melhor para o país.

  • É só mais uma questão de tempo.

    Todas essas mídias impresas estão com os dias contados. Não há "contatação" que as salvem.

    Acho que irão se salvar as editoras que publicam livros técnicos e ciêntíficos para um público restrito.

    • Pessoalmente, eu compro meus

      Pessoalmente, eu compro meus livros técnicos e científicos apenas em versão digital. E, ainda assim, apenas se o arquivo ou vier sem proteção contra cópia ou estiver com uma proteção fácil de quebrar (como a da Amazon), já que não quero depender de app de nenhuma editora ou loja.

      Com livros em papel eu tenho que escolher o que vou levar comigo; com livros digitais eu tenho literalmente centenas de livros à minha disposição em qualquer lugar que eu estiver, independente de sinal de Internet. O que é particularmente vantajoso quando se tratam de livros técnicos de referência, cuja utilidade está na consulta frente à situação concreta.

  • Um passo mais perto do

    Um passo mais perto do precipício, para ambas as revistas.

    A dúvida é: o que restará de imprensa em 2018, a não ser que o impitman vingue e os tucanos socorram ambas as revistas, como o picolé chuchu faz há tempos? (A única razão da editora paulista não ter falido, AINDA)

    Meu palpite: quem restar terá uma redação dilacerada e dependendo de google e facebook para sobreviver.

  • Agrava crise da Globo: De

    Agrava crise da Globo: De tanto espantar consumidor, Jornal Nacional fica sem patrocinador.

     

    Todas as evidências no site do Jornal Nacional da TV Globo apontam que o telejornal não tem mais nenhum patrocinador.

    Antes, no título da página da internet, ao lado do quadro de busca, aparecia "Oferecimento: Sadia". Agora a Sadia caiu fora e não aparece nem o quadro "oferecimento". Ou seja, não aparece NENHUM patrocinador.

    Também, como anunciar alimentos em um telejornal onde quem assiste fica com azia e indigestão? E quem leva a sério o JN fica em pânico, com medo de consumir. 

    Empresário tem que ser maluco e rasgar dinheiro para vincular suas marcas ao catastrofismo de fim-de-mundo pregado diariamente no telejornal. Tem que ser maluco para anunciar onde espanta consumidor.

    No momento em que estou escrevendo esta nota, é preciso rolar a página do JN duas vezes para aparecer o primeiro banner lateral de anúncio (o que indica baixíssimo interesse de anunciantes). Este banner é, pasmem, anúncio do mecanismo do Google. 

    Ou seja, para captar anúncios, só sobrou à Globo fazer o que qualquer internauta pode fazer em seu blog: colocar um banner do Google adWorks. E, pior, o Google fica com a maior parte da receita e a Globo fica só com a rebaba do que o anunciante paga ao Google.

    Mas os problemas de faturamento da Globo não acabaram.

    Advinhem quem é o anunciante neste momento em que escrevo a nota, neste banner? A própria Globo anunciando um programa seu, um tal "Estrelas ... sábado à tarde". 

    Ou seja, conclui-se que a Globo está pagando ao Google para anunciar seus próprios programas de sábado à tarde no próprio site do JN.

    Quem te viu, quem te vê, hein "dona" Globo? Tendo que pagar e pedir o penico ao Google para sobreviver.

    Há pouco tempo o patrocinador do JN era o Bradesco. Caiu fora. Depois entrou a Sadia. Ao que tudo indica também caiu fora.

    Desse jeito, quem fechará primeiro? A revista Veja ou a TV Globo?

    http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/2015/09/agrava-crise-da-globo-de-tanto-espantar.html

     

     

    • No futuro o JN e o jornal vao

      No futuro o JN e o jornal vao ser ambos patrocinados pela "Letra C" e pelo "Numero 5"...

      So Vila Sesamo mesmo pra explicar a falta de jogo de cintura cavalar deles!  Eles AINDA nao entenderam a radical mudanca de costumes de sua ex-audiencia com a internet!

      (Eu?  Nao me lembro da ultima vez que liguei uma televisao mas tenho certeza que foi pra assistir Harry Potter.  Facilmente um ano.  Ou mais.  Estou ao ponto de ligar a televisao menos de uma vez por ano.)

      • O Ivan disse que em breve ligará a TV uma vez por ano...

        ...quanto aos jornais, revistas e demais itens impressos, a exceção dos livros, qual é o consumo anual?

        Eu não assisto TV regularmente há uns 5 anos. Deve ter sido por aí que liguei uma pela última vez. Nem mesmo os canais pagos. Se for considerar o "consumo" indireto, como transitar ou permanecer em ambiente com ela ligada, conversar com alguém que está assistindo, etc. deve dar algumas horas por ano. Nunca mais de 2 ou 3 minutos de cada vez, em geral uma vez por dia. A TV compondo o cenário, não como protagonista.

        Assinaturas de jornais e revistas não tenho há mais de dez anos. Compra de exemplares avulsos em bancas? Desconsiderando os jornais velhos para uso canino, com as fotos de todos os políticos voltadas para cima durante o uso, há uns 5 ou 6 anos. Revistas de "informação" parei antes disto. 

        Neste ano não comprei nenhum exemplar impresso, a não ser livros; nenhuma mídia de música ou filme, apenas videogames. O mesmo aconteceu no ano passado e no anterior a ele. Se não estou enganado em 2012 adquiri uns dois ou três números da Revista de História, da Biblioteca Nacional. 

        Hoje em dia na minha família o único consumidor regular de material impresso e mídias físicas é a minha sobrinha, que cursa Arquitetura. Todas voltadas para o assunto.

        Aqui em casa os dois beneficiários de desembolso, afinal não moro sozinho, são a Netflix e a Claro TV. A última fez que contribui com o cofrinho dos Marinhos, Civitas, Frias ou Mesquitas já desapareceu nas areias do tempo.

    • Cunha, pode ser que a Sadia

      Cunha, pode ser que a Sadia não quis mais patrocinar um programa em que a esposa do apresentador é garota propoaganda de uma concorrente sua (Seara).

  • Melhor o governo federal

    Melhor o governo federal cobrar logo os zilhões que a Globo nos deve a nós, povo brasiliero, em impostos e multas, além de repatriar a grana enviada para paraísos fiscais antes que toda grana vá para lá, em contas de sócios, enquanto a empresa aqui afunda...

    Ô emprezinha mequtrefe...

  • Pessoalmente, não vem ao

    Pessoalmente, não vem ao caso. Há muito que não compro e, muito menos, leio qualquer das citadas porcarias. Aliás, noto que começaram a faltar - até mesmo - nos consultórios médicos-mediáticos. Nos salões de beleza, nunca mais...

    • sempre acontece...

      quando deixam de trabalhar o que o leitor quer e passam a trabalhar apenas o que ele deve querer

      muito panaca aí acreditando que propaganda pode tudo

      onde diabos esses caras estudaram? só pode ser nos arquivos da casa

      • lembro de uma equipe que tive...

        em ocasiões de discussão de aumento por mérito:

        - você aí! senti muito a sua falta durante suas férias! toma 30%

        - e eu? e eu que estou sempre presente? toma 5 %

        • aí chegou FHC e tudo ficou bem claro...

          - FHC! Ô FHC! O QUE DEVEMOS FAZER AGORA?

          ao que o tempo respondeu por e como ele

          - como já negociei até com as minhas estratégias, o melhor que se tem a fazer é qualquer negócio

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