O Ministro das Minas e Energia, Almirante Bento Albuquerque, anunciou em tom solene a mensagem tranquilizadora: não teremos racionamento. Julgou que, escondendo o problema, ele desapareceria por si.
Assim como o negacionismo de Bolsonaro produziu milhares de mortes, o negacionismo de Bento Albuquerque será melhor avaliado no final do ano, quando a crise energética explodir em toda sua intensidade.
A crise estava contratada há tempos. Sabia-se que a seca seria pesada e que exigiria medidas que preservassem os reservatórios de água. O racionamento – ou racionalização do uso da água, seja lá o nome que se dá a medidas emergenciais – seria essencial para permitir ao país atravessar a seca sem uma pane geral no sistema.
Nada foi feito. Pelos cálculos dos especialistas, se o racionamento tivesse se iniciado em junho, o preço a ser pago nos próximos meses seria minimizado. Nada foi feito.
Esse mesmo negacionismo chegou a São Paulo, com a Sabesp afastando qualquer possibilidade de racionamento, mesmo com os níveis de água despencarem na região.
Houve, então, uma redução gradativa do nível dos reservatórios, obrigando a ampliar a importação de energia da Argentina e outros vizinhos do Mercosul. O mesmo Mercosul que sempre foi tratado como anacrônico pela ignorância rotanada de Paulo Guedes.
Caindo o nível das águas, reduziu o nível das quedas e, consequentemente, a geração de energia. Precisava jorrar mais água para a mesma produção de energia.
A tempestade perfeita aparece, agora, com a conjugação dos seguintes fenômenos:
1. Um aumento da temperatura, levando ao uso intensivo de aparelhos de ar condicionado com alto consumo de energia.
2. Redução dos ventos do nordeste e, por consequência, do fornecimento de energia eólica.
3. Furnas batendo no nível de 15% da capacidade, estando sujeita a decisões judiciais que impedem que continue reduzindo ainda mais o nível, com a provável interrupção do fornecimento de energia.
Pelos cálculos dos especialistas, a crise chegará ao clímax no mês de outubro.
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