Chegou o momento do inevitável comentário sobre a manipulação financeira do Campeonato Brasileiro de futebol. Parece repetitivo, mas é exatamente a reincidência anual da pândega que enseja a comprovação de sua triste natureza inexorável.
Passemos logo à obviedade tradicional: no sistema de pontos corridos, todos os clubes campeões e (quase) todos os classificados para a Libertadores estiveram entre os que receberam mais verbas das cotas televisivas. Nunca houve exceção. Nunca.
Isso ocorre, não custa repetir, porque a regularidade exigida pelo campeonato depende de investimento. Primeiro para atrair os atletas que se destacaram nos torneios estaduais. Depois, para manter elencos numerosos e qualificados por sete meses de disputa.
Aos clubes menos favorecidos, dilapidados pela farra empresarial, restam os jogadores que não interessaram nem mesmo aos perdulários inchaços da elite. É fácil antever a disparidade técnica resultante, aliás confirmada pelas estatísticas classificatórias.
Isso significa dizer que a Rede Globo e a Confederação Brasileira de Futebol, com seus respectivos parceiros comerciais, influenciam diretamente o resultado da competição. E o fazem através de uma fórmula que, evitando surpresas, garante a eficácia do arranjo.
O uso da popularidade como justificativa é tão viciado quanto o sistema que a produz. Claro que o sucesso desportivo atrai torcedores e anunciantes, alimentando “grandezas” mercantis e gerando mais desigualdade. Não por acaso, a invenção dos pontos corridos alavancou a trágica decadência dos times interioranos.
Se os escândalos da Globo e da CBF atingem a rede midiático-publicitária que financia o futebol brasileiro, o que isto revela sobre o modelo de disputa adotado para seu maior produto? E o que diz a respeito da imprensa que o tolera, especificamente dos colunistas que festejam a “justiça” e a “emoção” do viciado Campeonato Brasileiro?
Eis o elo com os interesses da cartolagem que contamina a crônica esportiva nacional. O hábito de endossar o inaceitável para não ferir diretrizes corporativas ou, pior, para afagar clubismos individuais, ajuda mais na preservação das máfias futebolísticas do que a crítica pseudomoralista no combate à imoralidade.
O que afasta o torcedor crítico dos estádios, e terminará destruindo a ética esportiva no país, é a sensação de que todos os profissionais envolvidos com o futebol têm agendas coincidentes. Mesmo aqueles que se fazem de perplexos diante dos frutos de sua omissão.
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