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A morte de Luiz Fernando Mercadante

Falaceu esta madrugada o grande jornalista Luiz Fernando Mercadante.

O velório será no Cemitério da Quarta Parada.

Por efejota

Luis Fernando de Azevedo Mercadante nasceu em 22 de março de 1936 em São Paulo, filho do contador José Mercadante. Ainda adolescente, morou com a família no Rio de Janeiro, mas depois voltou a São Paulo, onde começou a trabalhar na sucursal do jornal carioca e oposicionista Tribuna da imprensa. A partir do suicídio de Getúlio Vargas, em agosto de 1954, o volume de trabalho na redação foi tanto que o jovem repórter parou de estudar e passou a se dedicar integralmente ao jornalismo.

Mais tarde, Mercadante se mudou de vez para o Rio, transferindo-se para a redação da Tribuna da imprensa como repórter e trabalhando diretamente com Carlos Lacerda, dono do jornal. No final da década de 1950, foi para o Jornal do Brasil, que, na época, vivia o período de reforma gráfica e editorial.

O jornalista trabalhou também nas revistas Manchete, Veja e Realidade. Nesta última, ganhou um Prêmio Esso de reportagem pela matéria Brasileiros, go home!, sobre tropas brasileiras na República Dominicana. Mais tarde, voltou para São Paulo e trabalhou como repórter em O Estado de S. Paulo por dois anos. Depois, transferiu-se para o Jornal da tarde.

No vespertino paulista, conviveu com Luiz Edgar de Andrade, que o indicou, em 1976, para trabalhar com Armando Nogueira e Alice-Maria, respectivamente diretor-geral e diretora de telejornais da TV Globo. Tornou-se editor-chefe da emissora em São Paulo, tendo sido responsável por um processo de profissionalização e de ampliação da participação da sucursal paulista nos telejornais de rede. Uma das suas principais medidas ao assumir o cargo foi reforçar a equipe de profissionais, contratando novos repórteres. Convidou para trabalhar na Globo grandes estrelas do Jornal da tarde e da revista Realidade e outros nomes conhecidos da imprensa escrita, como Woile Guimarães, Paulo Patarra, Eurico Andrade, Dante Matiussi, Narciso Calili, Raul Bastos, José Hamilton Ribeiro, Chico Santa Rita e Humberto Pereira.

Em São Paulo, Luis Fernando Mercadante acompanhou a implantação do sistema ENG (Eletronic News Gathering). A sucursal foi usada pela empresa como praça de testes para a implantação da nova tecnologia eletrônica, que trouxe mais agilidade ao jornalismo. Também participou da criação do Bom dia São Paulo, o primeiro telejornal matinal da grade de programação, inaugurando quadros como a entrevista no café da manhã gravada na casa da própria personalidade.

Em 1980, foi responsável pelo projeto do Globo rural, junto com Humberto Pereira, que assumiu a função de editor-chefe do programa. Em seguida, foi transferido para a TV Globo do Rio de Janeiro, onde ficou até 1982.

Em 1984, o jornalista assumiu o posto de diretor de programação da TV Cultura e da Rádio Cultura, em São Paulo. Em 1986, tornou-se o responsável pelos programas de TV do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).

Luiz Fernando Mercadante foi co-autor, com Marília Balbi, do livro Victor Civita: uma biografia, publicado pela Fundação Victor Civita. Em 1994, lançou 20 perfis e uma entrevista, publicado pela Editora Siciliano. Ao lado de Audálio Dantas, Caco Barcellos, Carlos Wagner, Domingos Meirelles, Joel Silveira, José Hamilton Ribeiro, Lúcio Flávio Pinto, Marcos Faerman, Mauro Santayana e Ricardo Kotscho, foi um dos jornalistas que participaram do livro Repórteres, publicado pela Editora Senac em 1997.

Última atualização: 08/2008

[Fonte: Depoimento concedido por Luis Fernando Mercadante ao Memória Globo em 28/01/2004; MEMÓRIA GLOBO. Jornal Nacional, a notícia faz história. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2004.]

Luis Nassif

Luis Nassif

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