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A terrível higienização do rio pelos tais justiceiros, que não passam dos verdadeiros criminosos.

Além de psicanalista, psicólogo e dirigente regional do PPS, sou o fundador e coordenador do núcleo de diversidade do partido, gestor da Coordenadoria Nacional de Combate à Homotransfobia e membro da sociedade civil no Comitê LGBT Carioca.

Digo isso para justificar porque recebi de um amigo na segunda, 3 de fevereiro, uma denúncia detalhada sobre uma gangue de cerca de 25 jovens homofóbicos que, no domingo, dia 2, perseguiu com pedaços de pau gays, população de rua, drogados (chamados de “cracudos”) e basicamente qualquer pessoa que corresse deles no Aterro do Flamengo e em ruas próximas (como foi testemunhado na Praia do Flamengo e nas ruas Cruz Lima e Senador Vergueiro.) 

Mas quem não correria de um grupo armado com paus vindo tarde da noite em sua direção pela rua? O objetivo do grupo, que usava o argumento “se está correndo é porque está devendo”, era “limpar o Aterro do Flamengo e o bairro de indesejáveis” através de espancamentos. 

Publiquei a extensa denúncia no Facebook (https://www.facebook.com/notes/eliseu-neto/gangues-de-25-ou-30-adolescentes-homof%C3%B3bicos-perseguem-e-espancam-gays-em-parque/515152105183702) e esta foi rapidamente compartilhada. Em pouco tempo, recebi de pessoas desconhecidas (que pediram como garantia anonimato) novas informações de ataques, inclusive com dados de potenciais agressores e seus diálogos, devidamente encaminhados à polícia militar. 

Vou me reunir com a cúpula da corporação ainda nessa semana, junto com Cláudio Nascimento, superintendente de direitos individuais, coletivos e difusos da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro (e também coordenador do Programa Rio Sem Homofobia) para que possamos conjuntamente traçar estratégias que impeçam nova onda de violência na área. 

Suspeito que a gangue homofóbica que assola o Flamengo seja a mesma – ou parte de um grupo maior – responsável pelo espancamento do garoto de 15 anos preso a um poste na Avenida Rui Barbosa, no mesmo bairro, na última sexta-feira, dia 31 de janeiro, notícia em todos os veículos de informação do país. Acredito que o bando também estaria por trás de uma suposta agressão a prostitutas, em Copacabana, ocorrida neste mesmo fim de semana. Tal suspeita é levantada por causa da mesma linha argumentativa usada para justificar todos os ataques, a “limpeza” ou “higienização” da cidade, numa tentativa nazista de eliminar “os que incomodam”.

Também acionei na manhã desta quarta-feira, dia 5, o deputado estadual Comte Bittencourt, presidente do PPS no Rio de Janeiro e também da comissão de educação da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ). Eu e Comte assinamos, em 7 de dezembro último, junto com o deputado federal Roberto Freire, dirigente nacional do partido, o chamado ADO 26, a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão  perante o Supremo Tribunal Federal (STF) que pretende igualar a homofobia ao racismo e obrigar o Congresso Nacional constitucionalmente a legislar sobre o tema.

Se a homofobia fosse considerada crime racista no Brasil, com a punição severa que deve ter, esses adolescentes pensariam várias vezes antes de se armarem com porretes para espancar gays pela madrugada. A questão é de máxima urgência para um país que se pretende moderno, cosmopolita, humanista, defensor dos direitos humanos e que ainda por cima sediará uma Copa do Mundo e uma Olimpíada.

 

Um jovem negro amarrado num poste, me lembra somente escravidão, nada mais. Julgamento justo é o minimo de um pais civilizado.

 

Eliseu Neto

Redação

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