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Brasil pratica voos de galinha nos setores de tecnologia da informação

Pela ordem, Marcos Sakamoto/Assespro e Rubens Delgado/Softex Foto: Nasho Lemos
Especialistas avaliam o fraco desempenho do setor brasileiro de tecnologia da informação e comunicação
Os serviços e produtos do setor de tecnologia da informação (TI) respondem apenas por 1% da pauta de exportação brasileira. Um contrassenso levando-se em conta que o Brasil é o 7º mercado consumidor mundial de TI e o 4º quando se inclui produtos e serviços de comunicação.
Uma avaliação mais recente da Associação Brasileira das Empresas de Softwares (Sales) feita juntamente com o IDC (International Data Corporation), mostra que os setores de TI faturaram em 2012 cerca de 60 bilhões de dólares no mercado brasileiro. Esse número passa para 123 bilhões de dólares considerando os serviços de comunicação e do mercado financeiro na área de informática.
“Independente dos números que são movimentados no comércio interno o que temos que ter em mente é que o mercado brasileiro é grande e significativo, logo precisamos melhorar o desempenho das empresas nacionais nesse campo”, ponderou Marcos Sakamoto, diretor presidente da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação de São Paulo (Assespro-SP), durante sua participação no 45º Fórum Brasilianas.org – Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) no Brasil, realizado em novembro na capital paulista.
Segundo Sakamoto, o país foi responsável por uma fatia de apenas 0,22% do mercado mundial de TI. “Temos muito a crescer. Mas antes é preciso resolver o antigo desafio de conquistar o mercado externo”, continuou.
O setor produtivo de TI brasileiro é formado, sobretudo por pequenas e micro empresas. Dados do estudo da Sales em parceria com o IDC apontam 10 mil empresas abertas no país nesse setor, sendo que 50% trabalham na distribuição, enquanto cerca de 25% no desenvolvimento de softwares e 25% na prestação de serviços (como implantação, customização, integração, consultoria de softwares).
Para Sakamoto o Brasil não consegue superar a marca de 1% da TI representando nossa pauta de exportações por três pontos, em especial: falta uma marca Brasil forte para nossos produtos, além de pouca mão de obra capacitada e falta de domínio na língua inglesa.
Com relação à marca Brasil, o porta-voz da Assespro-SP reconhece que os esforços recentes do governo federal com a criação dos planos TI+ e TI Maior, mas ressalta que os frutos dessas iniciativas serão colhidos com a participação de entidades civis nos fóruns de discussão para ajustar os caminhos das melhores estratégias.
O palestrante também pontuou que há, pelo menos, dez anos se discute no Brasil um plano, uma estratégia para os setores de tecnologia da informação e comunicação decolarem, mas nenhum consenso e ação prática que amarre todas as instâncias de governo foi de fato efetivada.
“Para a Assespro não importa quais empresas tomarão a frente de um modelo eficiente de exportação, se as pequenas empresas ou se será através de um modelo híbrido, com grandes empresas em destaque”, ponderou. Por outro lado, apontou que a estratégica de exportação brasileira deve considerar políticas de preços globais, marketing adequado para cada localidade, assim como estrutura de operação e manutenção dos produtos brasileiros adequada para cada região.
O presidente da Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex), Rubens Delgado, também palestrante do evento, destacou, assim como Sakamoto, a falta de uma estratégica de longo prazo para a promoção das TICs brasileiras.
Usando números oficiais de exportação, mostrou que as empresas nacionais comercializam para fora cerca de 2 bilhões de reais em produtos de TICs por ano, valor que é apenas 50% maior do que da Argentina, país vizinho com população que representa um quinto da população brasileira.
“O Brasil perdeu o bonde da história ao não incentivar fortemente empresas âncoras. Ficamos anos discutindo se deveríamos imitar a Índia, especializada em prestação de serviços, ou países como Israel e Irlanda, especializados em softwares”, continuou. Para ele o posicionamento do Brasil no mercado de TICs é fundamental dentro de uma estratégia para ampliar a produção brasileira na tecnologia da informação.
“A Argentina exporta para o Chile 6% [em produtos de TI] e para o Brasil 5,5%. Como pode um país exportar mais software para o Chile do que para o Brasil? O erro não está com eles e sim com a gente com barreiras e sobretaxas de 41% que desestimula o empresário argentino a vir para cá e vice-versa”, concluiu.
A seguir, a apresentação dos palestrantes.
Redação

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