Catarina e Jariri – uma paixão sobre-humana

– Dévil di tê sido muito difícir pru cê, Vardí, cuandu ucê éra criança.

– Foi sim. Maisi ieu tive uma sórte grandi, os meus familiares são gente muito boa, decenti i hónesta i sempre fórum muitu carinhósos cumigo. Cuandu ieu cumecei a aprendê a andá, meu pai, mia mãe i meus irmão mais véi, me ajudaru in tudo. “Óia, Vardí, aqui tem uma paredi. Istica os braço pá sentí éila. Aqui tem um degrau. Aqui tem uma mesa. Aqui é u banheiru.” I foru anssim me conduzino, inté qui ieu pudesse incontrá tudo sózinho. Mia mãe conta qui cum dez meis di idade ieu já sabia falá tudo, coisa qui éila nunca intendeu direito cumu foi qui ieu aprendí, purque ieu falava palavras qui eiles num falavam. Cum dez anos di idade meu pai mi levô pá capitá pá ieu aprendê a lê em braile. Uilsso foi muitu impórtanti pra mim. Ieu leio i intendu tudo, desdi filósofia, literatura inté matemática. Ieu pósso dizê qui uilsso foi uma luz na miavida.

– Poisi, entoncis, Vardí. I hoje in dia u guverno do michê temer qué acabá cum tudas as iscóla pública. Eile qué qui éila sejam pagas. Cumé qui os jóvens póbris vão fazê pá intrá na Universidade? Eile qué tirá todos os prógrama qui facilitam a intrada dos jóvens póbris na Universidade, eile qué acabá, incrusive, cum u sistema de cótas.