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Compilacao do negro!

Hoje eh dia da consciência negra!

Uma vez, conversando com a velha e reclamando da consciência das pessoas e ela simplesmente disse: Olha ai, a consciência não eh para todos e se assim fosse o mundo seria um paraíso!

Quando estive com N. Lopes numa reunião em meados de 70 e hoje vejo dia da consciência negra sei que não há negra ou branca e sim dia da liberdade dos negros, esta mesma velha viu gente fugindo para mato e na estrada sem saber o que fazer com a liberdade e enfim a escravidão acabou! A discriminação não.

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Olha a Mangueira aí, gente!

Semana Santa, o sujeito no maior porre na porta de um boteco vê a procissão passando, carregando uma Santa num andor todo verde e rosa, e berra:

– Olha a Mangueira aí, gente!

Enfezado, o padre vira-se para o bêbado e esbraveja:

– Mas que falta de respeito, seu excomungado! Sai fora!

Nem bem acabou de falar, a Santa bate num galho de uma mangueira, cai e se espatifa no chão.

E o bêbado:

– Bem que eu avisei!!!

**

Diz um policial a um músico-sambista ambulante:

– Mostre-me a licença de tocar na rua.

– Licença? Não tenho!

– Então me acompanhe…

– Com muito prazer! Qual o samba que vai cantar?

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Às vezes, nunca vi um emigrante vitorioso retorna para o nordeste e fazer para os seus e nunca vi um negro livre defender a causa de um escravo. Dão como o negro era acomodado e vemos em varias batalhas, como em Salvador (BA) e Vassouras (RJ) que a luta era grande e o silencio foi à grandeza.

> Alegarei que eu, geralmente, sou pouco inclinado a prodígios. Foram convidar um lacedemônio a ir ouvir um homem que imitava com a boca o canto do rouxinol. “Eu já ouvi o rouxinol”, respondeu ele. A mim, quando me falaram de um homem que tocava flauta com as próprias mãos, respondi: “Eu já ouvi o Calado”.          de: Machado de Assis – 1876

 

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A todos participantes deste fim de ano!

 

Três búzios e deixa as águas levarem

Três Orixás e deixa as lembranças passarem

Três presentes e deixem as águas banharem

 

Três pedidos na beira das águas

 

Leve, ande e ilumine.

Meus pés, minhas mãos e meu coração!

Vão do meu corpo,

minhas palavras

e meus pensamentos

 

Axé! Axé das águas que vêm

No Santo do ano que vem!

Axé meu velho pai!

 

Obrigado web-master, por sua casa!

Obrigado, eles e elas (Exús) por essa porta aberta!

Lembrando-se da Carmen, que se foi!

Ai Brasilia, ai Garoto que viu Ernesto Nazareth.

Rafael que sumiu

(não encontro seu e-mail)

Saudades de todos!

Ai pianeiro de Brasília manda meu CD!

Velha, seus 93 de negra,

Tia Maroca!

Tio Gênio e

Tio Taquinho!

Altitude e Liberdade!

Das guerreiras e dos compadres

Sambas das madrugadas

Nas alegrias e saudades!

Salve minhas madrinhas

Alô Neide

Alô Zezé

Falou gente!

“Não deixe o samba morrer

Não deixe o samba acabar

O morro foi feito de samba

Pois

Samba e o Choro não pode acabar!”

João com os meus antepassados e presente

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Favelas do Rio de Janeiro:

Entre a possibilidade do Poder Popular e o Cerco da Opressão

 

 

 

Novas senzalas ou quilombos urbanos?

 

As favelas do Rio surgem como conseqüência da abolição do trabalho escravo do negro no final do século XIX. A abolição teve seu complemento ardilosamente imposto pela classe dominante, no veto ao acesso à terra para os ex-escravos. O objetivo era impedir que a alternativa de vida viável simbolizada pelos quilombos fosse generalizada.

 

Impedidos de se converterem em camponeses independentes, uma parcela numerosa dos ex-escravos preferiu tentar a sobrevivência nos centros urbanos que permanecer como assalariados ou agregados de seus ex-senhores agrários. Uma boa parte procurou a então capital federal, o Rio, que já contava com considerável população de ex-escravos urbanos e negros libertos antes mesmo de 1888.

 

O veto à terra continuava, na cidade, na impossibilidade dos ex-escravos conseguirem lotes e moradias dignas nas áreas já urbanizadas. A opção foi construírem seu próprio espaço dentro da cidade, nas desvalorizadas áreas de morros e grotas (mais tarde também sobre pântanos). Um espaço ainda mais segregado que os famosos guetos negros das cidades norte-americanas.

 

As condições de vida miseráveis das favelas logo sugeriram a imagem, persistente até hoje, e gravadas em verso e letras de samba, de que elas eram a continuidade urbana das senzalas escravistas. Imagem, sem dúvida, justificada pelo aspecto principal: as favelas como reunião de moradias extremamente precárias dos trabalhadores e trabalhadoras negras. Contudo há uma diferença fundamental que torna a imagem inexata: as senzalas eram espaços direta e intensamente controlados e vigiados pelos exploradores individuais (os senhores escravocratas), através de seus diversos tipos de capatazes. A margem de autonomia e vida independente dentro das senzalas era muito pequena, ainda que não inexistente: a resistência religiosa e cultural dos afro-descendentes foi poderosa o bastante para manter toda uma cultura própria mesmo num ambiente tão opressivo.

 

Nas favelas, o controle e vigilância, desde o início, não era tão direto e sempre foi impessoal: ao invés do capataz e do capitão do mato sob ordens diretas do senhor, atuam as forças coletivas de repressão da classe capitalista – a polícia, os grupos de extermínio, excepcionalmente as forças armadas. Mais importante que isso, na senzala o opressor, através de seus instrumentos, tinha acesso permanente e absoluto, tinha conhecimento completo do espaço. Na favela, a incursão das tropas e funcionários do opressor só pode ser esporádica (ainda que muito violenta), o conhecimento do terreno é precário e incerto (as senzalas eram construídas segundo plano do senhor; as favelas crescem sem plano, mas seus moradores conhecem em detalhes sua geografia complexa), a realidade social da favela não pode ser conhecida a não ser em linhas gerais. Enquanto as senzalas estavam inscritas num espaço juridicamente bem definido (a propriedade do senhor), as favelas caracterizam-se pela indefinição jurídica da ocupação do solo urbano, pela não vigência, no seu espaço, das normas juridicamente estabelecidas de ocupação, transferência, herança, compra ou venda da terra (de fato, até hoje é essa característica que permite a classificação, pelo “poder público” oficial, de algum bairro proletário como favela ou não).

 

Enfim, em comparação com as senzalas, as favelas surgiram como espaços onde o poder da classe dominante não era tão absoluto e estabelecido. Usando imagens militares, se as senzalas eram espaços dos oprimidos integralmente ocupados pelos opressores, as favelas desde o início estiveram sob cerco das forças organizadas da opressão. Uma área cercada não é nem pode ser livre, mas no seu interior existe considerável margem de desenvolvimento autônomo.

 

Essa realidade originou outra imagem das favelas, não tão comum mas sugestiva, como equivalentes ou sucedâneos urbanos dos quilombos da época da escravidão. Como os quilombos, as favelas seriam refúgios dos pobres, áreas onde poderiam ter certa autonomia e levar uma vida em grande medida independente da sociedade circundante. Mas um aspecto central da realidade destrói essa analogia: os quilombos baseavam-se, sobretudo, na existência de uma economia agrária independente e quase auto-suficiente, o que era o que, no fundo, permitia sua autonomia política, militar e cultural. Os habitantes das favelas, desde a origem, não têm possibilidade de independência econômica, só podem sobreviver inserindo-se de alguma maneira (via de regra como a parcela mais explorada do proletariado urbano) na economia capitalista dominante.

… o restante> http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2001/11/12078.shtml

 

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Embora a influência do povo africano na língua e cultura brasileiras seja considerável, nunca existiu prestígio social, provocando deste modo um apassivamento das línguas africanas, também como das indígenas, com relação à língua portuguesa. Segundo dados retirados do Atlas da Língua Portuguesa na História e no Mundo, foram os bantu, pois, que mais exerceram influência lingüística e que nos engenhos expandiram os termos de origem africana.Também palavras de origem africana fazem-se presente no brasileiro: Do ioruba (falada atualmente na Nigéria)[10] tem-se orixá (relativo às cerimônias de candomblé), vatapá, abará, acará, acarajé (relativo à cozinha afro-brasileira);do quimbundo(falada atualmente em Angola)[11]: caçula, cafuné, molambo, moleque (uso geral), banguê (relativo à plantação de cana-de-açúcar), senzala, mocambo, maxixe, samba (relativo ao modo de vida dos escravos e suas danças).

Foram bantu que denominaram kisasa ou katchasa, conforme a tribo a que pertenciam, à aguardente feita com as borras do melaço,em fermentação. O europeu entendeu caxaça, palavra difundida para o interior adaptada pelos ameríndios, denominando-a kaxaxá. Também palavras como zombar, zombaria, batuque, mucambo e quilombo são de origem bantu. Rei Bamba ou Reis de Bamba – No grupo Ba-Congo ou Congolês, segundo Luiz Figueira (citado por Arthur Ramos, Introdução à Antropologia Brasileira, 1/437) se inclui a tribo dos Bambacongos. Provirá daí o rei Bamba do auto mateense? Ou se trata apenas do vocábulo mbamba – valente, temível, respeitado? (cfr. Jacques Raimundo, O elemento afro-negro na língua portuguesa, pág. 104).Souza Carneiro, em Os mitos africanos no Brasil, pág. 545, fala também dos Bambas “nação de raça banta à margem do Zaire”.”Reis” – O emprego da forma singular “rei” parece que repugna à fala dos negros. Cfr. Arthur Ramos. Folk-lore negro do Brasil, pág. 235, e nota à pág. 255.notam os termos jipinica e jiviola, nos quais se nota o encaixe do ji, indicativo do plural na fala de negros, conforme a lição de Mestre João Ribeiro em seu hoje raro Dicionário Gramatical, verbete “negro”. Lá esta: “Cumpre notar que esse (…) ji é uma característica de plural”.6 Nos textos das várias versões do Ticumbi, anoto outros vocábulos assim pluralizados: jicadera, jibodoque, jibatão, jitambor. . .). Sob este aspecto o Ticumbi é como um “jornal cantado” de fatos e ocorrências que impressionam o poeta popular e o seu agrupamento social.9 – jipinicas, ziviolas, zitoca, zipandêro – Prefixo concordante ou concordância alternativa. João Ribeiro, Dicionário Gramatical, pág. 222: “Os negros do Brasil, quando falam português, repetem por aliteração a partícula prefixa inicial em todo o corpo da frase: z’ere z’mandou z’dizê – ele mandou dizer. Este fato é uma reminiscência da gramática geral das línguas do Bantu: a concordância por aliteração”.Quanto ao ji – deve ser, como se lê também em Mestre João Ribeiro, “característica de plural”, pág.218.Há, todavia, “confusões constantes de j e z” (Jacques Raimundo, O elemento afro-negro na lingua potuguesa, págs. 51 e 52). Cfr. também Gladstone Chaves de Mello, A Língua do Brasil,págs. 62 e 64.Sem falar nos sons nasais brasileiros (*sertão*, *passarinho*), verdadeiro martírio e nada a ver com os nasais franceses e em se tratando de “ão”, não insisto muito e só um dado a mais, Elizeth Cardoso que também cantou a Bachianas nº5.Outro ponto de diferenciação é o uso do pronome oblíquo no início de frase, o que segundo vários lingüistas, oferece suavidade e meiguice ao Português brasileiro. A seguir é apresentado um trecho de uma cantiga carnavalesca que apresenta uso da dita “anomalia lingüística”: me dá. “não existem no Brasil autos populares típico de origem exclusivamente negra. Aquelas onde interveio, em maior dose, o elemento africano, obedecem, em última análise, à técnica do desenvolvimento dramático dos antigos autos peninsulares. Quer dizer: o negro adotou elementos de sobrevivência histórica, e até enredos completos, ao teatro popular que ele já encontrou no Brasil, trazido pelos portugueses”.1 Aliás, continua de pé ainda aquela arguta observação de Joaquim Nabuco, segundo a qual “foram a escravidão e o escravo, e não especificadamente o negro, que transmitiram a influência do elemento africano na vida brasileira; na condição de escravo e sob regime da escravidão foi que se deu influência do elemento africano entre nós. E como o africano escravo era identificado como negro, se caracterizou como de origem negra ou negro-africano a presença cultural, e não apenas física, do elemento africano entre nós”.2 Essas danças dramáticas – e neste ponto, creio, as opiniões não se conflitam – são de procedência africana. Guardam nos traços de acontecimentos históricos de sua terra de origem: entronização e cortejo de reis. Seu coroamento, rivalidade com outros monarcas também negros, cenas de embaixadas e lutas entre hostes de “nações inimigas, gestos, atitudes e linguagem”. Encontrei as mais estranhas manifestações, desde o ao profeta grosseiro, que maneja o punhal em ritos misteriosos, cabriolando no chão, como o velho capoeira carioca e outros , antigo escravo de recuada província do Brasil imperial.

 Essa proteção é um dever de todos, porque, como salientou, certa feita, Édison Carneiro, estudioso das “coisas de negro” – é através do folclore que “o povo se torna presente na sociedade oficial e dá voz aos seus desejos, cria para si mesmo um teatro e uma escola, preserva um imenso cabedal de conhecimentos, mantém sua alegria, a sua coesão e o seu espírito de iniciativa”7. Essa proteção é, realmente, um dever social.

 

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 A folia de Santos Reis é um ato religioso, sagrado e, ao mesmo tempo, folclórico, porque não é oficial da Igreja, não faz parte de sua liturgia. É a história oficial da Igreja contada à luz da cultura popular tradicional – a pedagogia da experiência, como diz Edimilson de Almeida Pereira, Essa adoção ou adaptação das representações africanas a moldes e formas do teatro peninsular ou português não se deu por livre iniciativa do negro. Foi ele constrangido a isso em razão de sua condição de escravo.Mesmo o que se refere às religiões negras – cultura mais fechada à intervenção dos brancos – mesmo aí não pôde o negro evitar a intromissão, por exemplo, da Igreja, receosa esta de propagação, entre nós, de ritos mágicos e pagãos. Filha dos Reis A folia de Santos é um ato religioso, sagrado e, ao mesmo  tempo, folclórico, porque não é oficial da Igreja, não faz parte de sua liturgia. É a história oficial da Igreja contada à luz da cultura popular tradicional – a pedagogia da experiência, como diz Edimilson de Almeida Pereira.Mané Serrador, cantador de Folia de Reis, de quem herdou o gosto pela musica uma alegria imensa de viver. Era a caçula entre sete irmãos. Participou das aulas de catecismo na matriz, da Cruzada Eucarística, cantou ladainhas em latim, no coro daigreja, aprendeu a tecer fios.

      “- Meu pai era um homem bonito prá burro. Um metro e noventa de altura.Gostava de festas, Folia de Reis. Vestia-se de Rei e a casa se enchia de vida, com sua viola caipira. Morreu quando eu tinha 8 anos. Nunca mais foi a mesma coisa. Logo depois, morreu mamãe. Um caso típico de morrer de amor. Eu também seria capaz. Meu irmão José, com 18 anos trabalhava para sustentar a gente e a minha irmã Dindinha, assumiu o papel de mãe. A coisa ficou bastante difícil. A gente era pobre. Depois ficou mais difícil. Os mais velhos chegaram até a discutira possibilidade de dividir a família. Mas eles eram muito fortes e amadurecidos para a idade. Resolveram manter a família unida e sofremos muito, mas juntos.”

 “Ai ela encontrou o produtor Adelzon Alves…

Redação

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