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Crise: A Estagnação Econômica da Europa

O tratado de 
Conduz à hiperinflação com estagnação econômica

O imperialismo alemão aumenta o controle dos demais países da UE, numa operação 

2 de fevereiro de 2012

 

No passado 30 de janeiro, 25 integrantes da UE (União Européia) acordaram aprovar o tratado de “disciplina fiscal” em cima do plano do governo alemão.

O componente principal do plano é o compromisso para diminuir os déficits nacionais para 0,5% do PIB, a inclusão de uma cláusula nas constituições nacionais, conforme já foi feito pelo governo da Espanha no ano passado, e o disparo de sanções automáticas no caso de incumprimentos.

O tratado deverá ser assinado formalmente na próxima reunião cume da UE que acontecerá no mês de março. Trata-se da exigência do imperialismo alemão para continuar o processo de monetização da dívida que acelerou no mês de dezembro quando o BCE (Banco Central Europeu) liberou € 489 bilhões, sob o chamado programa LTRO (Long Term Refinancing Operations), a taxas de juros de 1% com vencimentos a três anos.

O entusiasmo dos especuladores com o novo plano ficou patente na imprensa burguesa. Para a nova rodada do LTRO, prevista para este mês, a expectativa é o que os recursos liberados dobrem, alcançando € 1 trilhão.

Os únicos governos a não assina-lo foram os da Grã Bretanha e da República Checa. O imperialismo britânico não pode aceitar qualquer tipo de regulamentação ou controle financeiro, pois ele, junto com o imperialismo norte-americano, dominam os mecanismos especulativos a nível mundial.

O primeiro desafio para a implementação desse tratado é a forte deterioração das economias da Grécia, Portugal e Espanha.

 

Por trás do tratado está uma operação de “salve-se quem puder” dominada pelo imperialismo alemão

 

O LTRO foi impulsionado devido às pressões dos especuladores financeiros no contexto em que o crédito interbancário tinha paralisado, os bancos imperialistas enfrentavam a queda livre das suas ações enquanto deveriam enfrentar € 230 bilhões em vencimentos dos seus bônus no primeiro trimestre de 2012, os juros dos bônus tinham disparado e os imperialistas norte-americanos e britânicos tinham aumentado as pressões através das degradações em massa das dívidas européias, do aumento das pressões do FMI (Fundo Monetário Internacional) e dos ataques especulativos em cima da supervalorização dos CDS (credit default swap – espécie de seguros financeiros) entre outros.

Boa parte desses recursos foi usada para comprar títulos dos países mais endividados a taxas muito acima dos 1%, embolsando lucros de maneira muito fácil numa simples operação de carry trade, ou, na linguagem popular, “toma cá, dá lá”. Isto explica o porque as taxas de juros caíram e todos os governos da zona do euro conseguiram vender com muita facilidade os volumes colocados à venda.

Com a monetização acelerada da dívida, a especulação financeira ganha um novo combustível que produz o mesmo efeito que apagar um incêndio com gasolina. Os bancos imperialistas, de acordo com os índices do Barclays Capital, tiveram os seus maiores lucros, desde julho de 2009, no mês de janeiro: 3,5% sobre os títulos europeus e 3% sobre a dívida pública dos EUA.

A origem dos lucros na Europa está clara. Mas como é possível que os títulos norte-americanos tenham rendido 3% sendo que o governo paga juros próximos a 0%? A resposta está em que os bônus servem como base para montar mecanismos especulativos ainda mais rentáveis e sofisticados, misturado com títulos ainda mais podres, e dando lugar aos nefastos derivativos financeiros.

O Deutsche Bank, por exemplo, neste dias, anunciou que está preparando um novo fundo com títulos com alta dificuldade de comercialização, existentes desde o colapso do banco Lehnam Brothers, que somaram entre US$ 80 bilhões a US$ 100 bilhões

O objetivo da LTRO não é salvar a zona do euro ou até o capitalismo decadente. Todos os esforços estão direcionados numa operação de “salve-se quem puder” que visa, em primeiro lugar, salvar os especuladores financeiros. O imperialismo alemão, que controla 30% da economia da zona do euro, pretende continuar descarregando o peso da sua própria crise nos demais países da UE, através da sua capitalização mediante a venda de bônus a taxas de juros próximas a 0% e continuar mantendo o mercado europeu como principal destino das suas exportações.

O sistema capitalista entrou numa espiral parasitária insustentável, cada vez mais distante da economia real e que conduz, inevitavelmente, à estagnação, ou seja, à estagnação econômica com hiperinflação.

Redação

Redação

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