Direita é a bolha mais fechada no Twitter, menos exposta a opiniões diferentes

Jornal GGN – Os usuários do Twitter no Brasil que estão mais à direita do espectro político são os que formam a bolha mais fechada a pensamentos diferentes na rede social. O mesmo comportamento foi aferido em estudo feito nos Estados Unidos. De acordo com especialista ouvido pela Folha de S. Paulo, isto ocorre porque os direitistas ou “conservadores” tendem “a evitar incerteza e ameaças, por isso se expõem menos a opiniões divergentes.”

Para outros especialistas, as bolhas no Twitter prejudicam, de alguma forma, o debate, “pois as pessoas ficam imersas em mensagens que apenas reforçam suas ideias, com pouco espaço para o contraditório.”

Estudo divulgado pelo jornal nesta quinta (9) mostrou que a esquerda também forma bolha fechada, mas em um nível menos intenso ao da direita, que tem acesso a apenas 28% de conteúdo que esteja fora de suas afinidades. Na esquerda, o índice é de 35%. O centro é mais aberto a ter contato com opiniões de ambos os polos.

O responsável pelo estudo, tanto nos EUA quanto no Brasil, é o cientista político Pablo Barberá (London School of Economics). Junto ao Grupo Folha, ele desenvolveu uma metodologia de análise de 1,7 milhão de usuários no Twitter, além de mais 1 mil influenciadores políticos (imprensa, analistas e jornalistas, políticos, personalidades de internet e famosos).

O resultado foi a criação de uma ferramenta (GPS Ideológico) que indica qual é a principal audiência desses influenciadores. O Jornal GGN, por exemplo, foi classificado como um portal de notícias mais à esquerda. O Partido Novo ganhou uma posição à extrema-direita, perdendo apenas para o PSL dos Bolsonaro. (Clique aqui para ver os resultados.)

Além de formarem bolhas, os grupos “radicais” de direita e de esquerda também disparam mais mensagens do que outros usuários. Os de direita, por exemplo, falam 5 vezes mais sobre Jair Bolsonaro do que os demais. Os mais à esquerda falam 4 vezes mais sobre Lula do que a média.

Fábio Malini, um dos principais estudiosos do comportamento de usuários do Twitter no Brasil, acredita que muitas bolhas surgem “por ação de grupos organizados”, artificialmente. “Quer ter popularidade? Pegue de cinco a dez influenciadores para publicar conteúdo original, uns mil perfis [que retuitarão o conteúdo] e forme uma bolha. A partir daí, será visto, ouvido e até analisado”, comentou. Ele ainda lembrou que os perfis utilizados para retuitar conteúdo podem ser robôs.

Folha ressaltou que “o posicionamento na reta ideológica leva em conta a afinidade entre os seguidores que o perfil-influenciador tem. Ou seja, mostra para qual público o perfil mais fala ou representa na rede, mesmo que o influenciador não tenha intenção de ter esse público.”

Redação

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