Por dentro do mercado |
Autor(es): Eduardo Campos |
Valor Econômico – 21/09/2010 |
Além do Banco Central (BC), o mercado de câmbio conta oficialmente com mais um agente comprador de moeda. O Fundo Soberano do Brasil (FSB) está autorizado a atuar e, teoricamente, não tem limite para a compra de dólares. A comunicação oficial do governo deu algum fôlego ao dólar futuro, que acelerou movimento de alta e fechou com valorização de 0,60%, a R$ 1,7375 . No mercado à vista, onde os negócios encerraram antes do comunicado, o dólar comercial subiu 0,52%, para R$ 1,728. O pregão de hoje é o grande teste para essa investida do governo. O Banco do Brasil (BB) é quem atuará em nome do FSB. O BB é o agente do Tesouro e também administra o Fundo Fiscal de Investimento e Estabilização (FFIE), nome operacional do FSB.
Segundo o sócio responsável por renda fixa e câmbio do Banco Modal, Luiz Eduardo Portella, o FSB aparece como fator surpresa no mercado, pois não será possível descobrir de imediato o montante de suas atuações. “O objetivo do governo é cansar o vendedor. Acho que o real deve caminhar para 1,75 nos próximos dias”, diz Portella. Para o economista e professor de Administração Financeira da PUC-Rio, André Cabus Klotzle, o FSB causará apenas um ruído temporal de desvalorização do real. Afinal, o poder de fogo do instrumento está limitado a pouco mais de US$ 9 bilhões. Fazendo uma conta simples, se o FSB adquirir US$ 1,8 bilhão por dia, em apenas uma semana seus recursos já estarão totalmente convertidos em dólar, cessando as atuações. O professor lembra que apesar de transmitir a ideia de que a compra de dólares é “ilimitada”, na prática, a atuação e “ilimitada até o valor de recursos disponíveis no FSB”, ou seja, R$ 16 bilhões, o equivalente a pouco mais de US$ 9 bilhões. Ainda de acordo com Klotzle, tendo em vista que não há nova autorização para emissões adicionais do FSB, já que isso implicaria uma redução do superávit primário – os recursos aportados no fundo entram como despesas nas contas públicas -, a capacidade de compra do FSB, pelo menos agora em 2010, já está definida. Na visão do diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Moura Nehme, colocar mais um com comprador no mercado não tem sentido prático. O que o governo precisa fazer se quiser conter a apreciação do real é rever o modelo cambial do país. Segundo Nehme, o BC não compra mais dólares por querer ampliar reservas, mas sim por não ter alternativas para lidar com esse fluxo. “Não tem plano B para lidar com esse excesso de capital”, diz o especialista. Esse movimento de valorização do real é reflexo de uma série de distorções da economia local. E a estratégia de compra começa a representar um custo fiscal muito elevado. Para Nehme, esse “problema” de valorização da moeda pode ser atacado, primeiramente, por duas frentes. Fechar as portas ao capital meramente especulativo e encontrar formas de prestigiar o dinheiro que gere investimentos. Esse tipo de alternativa, afirma Nehme, está inserido em um contexto global de proteção de paridades cambiais. Tivemos sinais claros disso na semana passada, com o Japão comprando dólares e os EUA voltando a criticar o yuan chinês. O especialista lembra que todos os países querem exportar mais e comprar menos, só que essa é uma equação que não fecha. “O fato é que se todos começarem a proteger suas moedas, o Brasil não pode ficar parado. Se continuarmos assim ficaremos vulneráveis”, diz.
Outra forma de conter a especulação é reduzir os limites de exposição cambial dos bancos. Segundo Nehme, essa medida resultaria em criação de demanda por dólares, com agentes ajustando posições. Só que esse não é o momento para esse tipo de alteração. Primeiro tem que se esperar o encerramento do evento Petrobras. Fora isso, lembra o diretor, essas mudanças no câmbio têm que ser discutidas com a próxima equipe de governo, só que ainda não se sabe quem será essa equipe |
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