Força de Paz ocupará Alemão e Cruzeiro por tempo indeterminado

Após uma hora e meia de reunião entre o governo do Estado do Rio de Janeiro e a cúpula do ministério da Defesa e das Forças Armadas, o governador Sérgio Cabral e o ministro Nelson Jobim, anunciaram a formação de uma Força de Pacificação (FPaz), que ficará sob o comando do Exército para manter a paz no Complexo do Alemão e no Complexo da Penha. Os militares terão poder para patrulhamento, revista e prisão em flagrante. Operações de busca e apreensão vão continuar sendo realizadas por unidades da Polícia Civil e da Polícia Militar.

De acordo com Jobim, o Comando Militar do Leste deverá escolher o comandante da operação. As datas de início e de término da operação não foram anunciadas. “Vamos acompanhar mensalmente o andamento das ações e a partir dos relatórios do comando, iremos definir o tempo de permanência”, disse Jobim.

O ministro disse que será feita uma transição entre a primeira fase da operação, que procurou restabelecer a ordem e a ocupação do território pelas forças do Estado, e a segunda etapa, que será caracterizada por um processo de paz. A principal diferença na atuação do Exército será que os militares vão entrar nas comunidades para fazer o policiamento. Até agora, eles só haviam participado do cerco ao Complexo do Alemão.

O ministro disse que a diferença entre o processo de paz realizado pelas forças brasileiras no Haiti é que no País o Exército não tem autorização para entrar nas residências. “Mas eles subirão o morro”, disse ao falar que os militares têm experiência em manutenção de paz e de autonomia das comunidades.

Na entrevista, o ministro afirmou que não há previsão de quanto a União vai liberar para a operação. “Não há como antecipar recursos sem definir necessidades”, disse ao afirmar que o governo vai avaliar os pedidos que serão encaminhados pelo Exército. “Fiquem certos que não faltará recurso”.

Ocupação da Rocinha
Questionado por repórteres sobre a ocupação da fevela da Rocinha pela Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) em janeiro de 2011, o governador Sérgio Cabral disse que não há data prevista para que isso ocorra. “Nunca ouvi nenhuma autoridade mencionar esse tema (ocupar a Rocinha em janeiro). Faremos isso sim (…), mas nunca estabelecemos data. A Rocinha será pacificada com certeza absoluta”, disse.

Cabral também agradeceu o trabalho realizado pelo Exército na ocupação do Complexo do Alemão. “Só tenho que agradecer a mais esta ação cívica em apoiar o governo do Estado”, disse ao falar da parceria e do trabalho integrado que é desenvolvido pela Secretaria de Segurança e pelo Comando Militar do Leste para “promover a manutenção da ordem e da paz até a pacificação das comunidades”.

Violência no Rio
O Complexo do Alemão está ocupado pelas forças de segurança desde o dia 28 de novembro. A tomada do local aconteceu praticamente sem resistência numa ação conjunta da Polícia Militar, Civil, Federal e Forças Armadas. A polícia investiga uma possível fuga de traficantes pela tubulação de esgoto do Alemão antes dos policiais subirem o morro. Na quinta, 25 de novembro, a polícia assumiu o comando da Vila Cruzeiro, na Penha. Ambos dominados, até então, pela facção criminosa Comando Vermelho. As ações foram uma resposta do Estado a uma série de ataques, que começou na tarde do dia 21 de novembro. Em uma semana, pelo menos 39 pessoas morreram e mais de 180 veículos foram incendiados por criminosos nas ruas do Rio de Janeiro.

 

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