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Para Escapar Do Caos, Um Terrível Acordo.

 

EDITORIAL

Sobrou muito pouco para se saborear da tentativa de acordo entre os líderes do Congresso e a Casa Branca, exceto o fato que afinal o acordo saiu. O acordo evitaria uma moratória catastrófica do governo, imediatamente e provavelmente até o final de 2012. O resto é quase que uma capitulação completa de um refém às demandas dos extremistas republicanos. Isso vai prejudicar os programas de socorro à classe média e aos pobres, e impedir uma recuperação econômica.

O acordo ainda não foi sacramentado, e pode ainda haver tempo para torná-lo melhor. Mas no final, a maioria dos democratas não tem escolha, a não ser engolir esta fúria, aceitar o acordo e lutar com mais vigor na próxima vez, pelo menos é o que nós esperamos,

Durante semanas, desde que os republicanos da Câmara disseram que não elevariam o teto da dívida da nação sem enormes cortes de gastos, os democratas se mantiveram com alguns princípios básicos. Deve haver novas receitas fiscais no pacote tal que os ricos se responsabilizem por uma parte do sacrifício e a Medicare não pode ser afetada.

Esses princípios foram descartados para conseguir o acordo que corta US $ 2,5 trilhões do déficit durante uma década. Os primeiros US $ 900 bilhões até um trilhão virão diretamente de programas discricionários domésticos (cerca de um terço disso será do Pentágono) e não incluirá novas receitas. Os próximos US $ 1.500 bilhões serão determinados por um “super comitê” de 12 parlamentares que poderá recomendar receitas, mas é improvável que isso aconteça, porque metade dos membros será republicana.

Se a comissão ficar sem saída, ou se suas recomendações forem rejeitadas nas duas casas do Congresso, então a temível guilhotina dos cortes entrará em ação: um corte de  US $ 1,2 trilhões em todos os gastos entrará em vigor no inicio de 2013.

Os negociadores tentaram fazer esse mecanismo de correção tão intragável quanto possível para forçarem o Congresso e o super comitê a evitarem seu uso. Para os democratas, a pena incluiria cortes aos prestadores da Medicare. A pena para os republicanos seria novas receitas fiscais, mas é claro que eles se recusaram a considerar isso e fizeram à sua maneira. Em vez disso, seu incentivo será tentar evitar grandes cortes no orçamento militar.

Os democratas ganharam uma disposição extraída do mecanismo de corte automático das décadas anteriores, que exime os programas dos direitos dos que pertencem à baixa renda. Não há nenhuma exigência de passar uma emenda do orçamento equilibrado pelo Congresso. Não haverá segunda exigência aos reféns no teto da dívida nos próximos meses, como o presidente da casa, John Boehner, e sua banda de radicais originalmente exigiram. Os negociadores democráticos decidiram que o sistema automático de corte, mesmo ruim como ele é, trata-se de uma ameaça menor para a economia do que outra crise de moratória, e muitos estão contando com o futuro Congresso para desfazer essa carnificina arbitrária.

Infelizmente, em um ambiente político preso aos laços da insensatez, esse cálculo, provavelmente, esteja correto. Alguns republicanos na Câmara estavam querendo a moratória, na esperança de que um terremoto econômico sacudisse Washington e a administração Obama até que ninguém mais os reconhecessem. Os democratas estavam certos de temerem os efeitos de uma moratória e o impacto de uma nova recessão a todos os americanos.

Presidente Obama poderia ter sido mais categórico em lidar com os republicanos, talvez ameaçando usar o Poder Constitucional para ignorar o teto da dívida, se o Congresso ab-rogasse a sua responsabilidade de aceitá-lo. Mas este episódio demonstra a eficácia da extorsão. Pessoas razoáveis ​​são forçadas a ceder em suas intenções a colocar em risco os interesses nacionais.

Os Democratas devem aguardar ansiosamente a expiração dos cortes dos impostos de Bush no ano que vem, e terão que arrumar sua casa para as eleições de 2012, quando novos legisladores corrigirão o estrago. 

 

 

Redação

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