Compreender os fundamentos que constituíram a formação do povo brasileiro e suas deformidades têm sido ao logo do tempo uma tarefa hercúlea na sociologia e na antropologia.
Nascemos da desconstrução étnica de nossas matrizes: seja indígena, portuguesa ou africana, em um processo violento e implacável de imposição cultural, religiosa e econômica na mais autêntica e inconfundível luta de classes, da melhor acepção marxista.
Impossível de interpretar o Brasil sem os ensinamentos de Darcy Ribeiro, em “O Povo Brasileiro”, numa reconstrução dramática, porém esperançosa em sua nova Roma.
Este povo – que não é mais índio, não é mais europeu e nem mais africano – é fruto da mais profunda miscigenação resultando nas palavras do antropólogo “um povo ninguém”, mas que milagrosamente mantém sua unidade nacional e mesmo com suas profundas desigualdades construiu uma das economias mais importantes do mundo.
“A confluência de tantas variadas matrizes formadoras poderia ter resultado numa sociedade multiétnica, dilacerada pela oposição de componentes diferenciados e invisíveis”, contextualiza Darcy em sua obra.
Entretanto, subjacente à uniformidade cultural brasileira, esconde-se perversamente um denso abismo social gerado por uma estratificação patriarcal e patrimonialista que nosso processo colonial produziu e que reflete até os dias contemporâneos.
Decorrente deste processo é a formação de uma classe dominante desenraizada de qualquer apego pátrio e subordinada aos interesses internacionais, não por esperteza, mas, por ignorância e mentalidade colonizada. Como também se reflete em nosso povo, apartado e despossuído de qualquer afeição e responsabilidade frutos da segregação e da desculturalização; afinal, o público, seja em qualquer aspecto, não lhe pertence.
Parte deste povo deformado pela sua desconstrução, só conhece o poder estatal por causa de sua ineficiência, ou pela sua força, seja na mira de um fuzil fardado, ou não. Imperfeições acentuadas na subversão do nosso processo “democrático” que apenas legitima e aprofunda nossas desigualdades e nosso coronelismo.
Não edificamos a democracia na saúde; na educação; no saneamento básico; na cultura; no transporte e na brasilidade.
Mas mesmo assim, esta gente ninguém conjecturada por Darcy Ribeiro continua seu processo árduo e massacrante de se reconstruir na busca da nova Roma, profetizada pelo professor, sem perder sua ginga, a sua alegria, e a mania de sorrir.
Afinal somos um povo único que temos como desafio alcançar a necessária lucidez para concatenar estas energias e orientarmo-nos politicamente, com clara consciência de lutar por nossa emancipação e libertação.
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"Parte deste povo deformado pela sua desconstrução, só conhece o poder estatal por causa de sua ineficiência, ou pela sua força, seja na mira de um fuzil fardado, ou não. Imperfeições acentuadas na subversão do nosso processo “democrático” que apenas legitima e aprofunda nossas desigualdades e nosso coronelismo."
Você acabou de acabar com qualquer possibilidade de um choque de gestão funcionar no Brasil...
Quem deve controlar o Estado é o povo. Se o povo está fora do Estado, não tem jeito...
Para ser Roma, tem que conquistar Roma primeiro.