Jornal GGN – As pautas das eleições municipais são muito diferente do que se vê nas disputas eleitorais nacionais, mas seu impacto no jogo político não pode ser deixado de lado.
“As pautas das eleições municipais são muito diferentes das pautas nacionais. O bolsonarismo, por exemplo, se ancorou na campanha de 2018 em pautas de costumes, por exemplo (…) E esses temas não são discutidos no âmbito municipal, pelo menos não são prioridades nas cidades”, explica Guilherme Casarões, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em entrevista a Luis Nassif.
De alguma maneira, as eleições municipais podem iluminar algumas tendências para 2022, e uma das mais importantes é de que a esquerda não morreu. “Em 2016 a gente teve uma perspectiva muito negativa sobre o desempenho da esquerda, muito em parte inflamada pelo antipetismo daquele momento, mas eu acho que a esquerda volta a ter certo protagonismo municipal”, diz o professor da FGV, ressaltando a mudança de eixo dentro da esquerda – com o PT abrindo espaço para partidos como PSOL, PSB, e PDT em menor grau.
“E a gente percebe que aquela retórica da velha política versus nova política também cai por terra. Ou seja, eu acho que as pessoas já se deram conta que aquele arrivismo típico de 2016, do gestor que não era político, isso foi colocado em jogo”, diz Casarões, citando ainda o limite que o bolsonarismo alcançou dentro da disputa municipal.
“E um limite no seguinte sentido: ele (o bolsonarismo) não foi capaz de mobilizar uma transferência de voto que o Bolsonaro, imagino eu, acreditou que fosse ser a consequência natural da sua expressão nacional. Então, ele fez campanha para alguns candidatos a prefeito, ele fez campanha para alguns candidatos a vereador, e na última vez que vi a pesquisa, parece de quase todos os 70 candidatos a vereador ao redor do Brasil que tinham se candidatado com o sobrenome Bolsonaro, só o filho, o Carlos Bolsonaro, ganhou a eleição”, ressalta o professor da FGV, pontuando que a falta de materialização do bolsonarismo em um partido político ajuda a explicar o fato de o presidente não ter conseguido fazer essa transferência de votos esperada.
A íntegra com a entrevista de Guilherme Casarões pode ser vista abaixo:
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