Opinião

CNPq morrendo, por Régis Barros

CNPq morrendo

por Régis Barros
 
Fiz pós-graduação (mestrado e doutorado) em saúde mental pelo Depto. de Neurociências e Ciências do Comportamento da FMRP-USP. Fui testemunha ocular de várias pesquisas fantásticas e pude, também, conhecer jovens e notáveis pesquisadores. Uma grande proporção deles recebia as bolsas de pesquisas da CNPq que, diga-se de passagem, tinha um valor baixo se comparado com o fomento de pesquisa de outros países. Com essa bolsa, eles sobreviviam e se dedicavam, exclusivamente, aos seus experimentos e as suas pesquisas. Eles representavam mentes brilhantes que deviam ser aproveitadas. Muitos deles acabaram por fazer parte das pesquisas no exterior e por lá ficaram. Geralmente, os países com um olhar crítico para o futuro entendem que a pesquisa e a produção do conhecimento são elementos para o crescimento e para o progresso. Mas, no Brasil, a corrente é contrária. Recentemente, a verba, já pequena, para as pesquisas foi aviltada. Um corte de orçamento que, praticamente, vai afundar as pesquisas no Brasil. Em meio a uma pandemia apocalíptica, a ciência foi guilhotinada. Hoje, o que seria de nós sem ciência? O que seria de nós sem vacinas, sem atendimento hospitalar, sem biologia molecular e sem pesquisas?
  
Nosso país sangra! Nosso futuro está fadado ao desespero. Perdemos e perdemos juntos, visto que, essa distopia dolorosa atingirá progressistas e conservadores, esquerdistas e direitistas, além dos “comunistas” e dos “patriotas”. O amanhã é nebuloso. Um país sem valorização de pesquisa é um país moribundo e, possivelmente, morto. É um país coadjuvante. É um país subalterno e que gastará uma boa parte dos recursos na importação de tecnologia. Esse país se chama Brasil. O país que veste o verde e o amarelo e que canta, hipocritamente, o hino nacional e outras canções do cancioneiro ufanista. Tolos, somos nós! Estúpidos, sois vós! A derrota virá em uma avalanche de agonia. O discurso e a política de destruição das universidades e do ensino custarão muito caro. Seremos todos nós que pagaremos essa conta. O custo disso nem sei estimar, mas oneroso será… 

Régis Barros – Médico psiquiatra em Brasília

Redação

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