Mais Che e menos Lampião, por Francisco Celso Calmon

Mais Che e menos Lampião

por Francisco Celso Calmon

Quando um mosquito nos pica, não retribuímos picando o mosquito. Quando a formiga nos ferroa, não reagimos ferroando a formiga. Quando um cão raivoso nos ataca, não nos defendemos com raiva equivalente. Quando uma cobra peçonhenta nos dá o bote, nos livramos do bote, sem retaliar com golpes também traiçoeiros e venenosos, e, sim, com antídotos.

Nesses tempos sinistros de bolsonarismo, temos que nos defender sem usar dos mesmos métodos que a corja usa. Não digo que por generosidade, humanismo, mas também para não naturalizar os sentimentos primitivos e contribuir para a execração da política e consequente alienação do povo.

Não significa dar a outra face, significa defender a nossa face e atacar na raiz através da dialógica e da autodefesa.

Sermos mais Ernesto Che Guevara e menos Virgulino Ferreira da Silva, pelo menos na narrativa. Há penduricalho de esquerda que faz política com o fígado e confunde bílis com sentimento de indignação, rancor e destrutivíssimo porralouca com postura revolucionária.

Aliado ao clima beligerante e odioso fomentado pelo supremacista Trump lá e pelo presidente miliciano/terrorista cá, ambos negacionistas e arautos do darwinismo social e do malthusianismo, temos que travar a luta política-ideológica nos marcos da civilidade, enquanto possível for.

Os números das pesquisas eleitorais indicam uma perspectiva favorável à esquerda em capitais e municípios importantes, que poderão ser verdadeiras trincheiras democráticas contra o bolsonarismo até 2022 e ganharmos.  Para levarmos, além de ganharmos, é essencial que sejam criados comitês democráticos e antifascistas durante este processo, e depois dar continuidade.

Está evidenciado que o presidente miliciano adepto da tortura fará de tudo para ser reeleito, e o projeto autoritário e de submissão total aos EUA terá prosseguimento mais radical no segundo mandato. Deve usar de todas as armas ilegais par vencer no segundo turno destas eleições.

O conflito interno entre os guedistas e os populistas pseudo-desenvolvimentistas será recorrente.  E a esquerda tem que estar ativa nesses conflitos, apresentar projetos diferenciados.

O mapa eleitoral resultante desta eleição municipal deverá revelar matéria prima para um planejamento das eleições de 2022.

Penso que todos os canais de comunicação da esquerda devem se voltar para estas eleições, no sentido de agitação e propaganda para a politização do povo e contribuir para a escolha consciente nos candidatos dos partidos de esquerda, especialmente para chegarmos ao segundo turno nas maiores capitais.

A conjuntura é excepcional, não devemos reproduzir a mesmice de outras eleições. Vamos nos vitaminar e energizar nesta práxis e superar a fatiga.

O voto deve ser inteligente e que produza resultados na correlação de forças.

Os ventos estão mudando no mundo.

Francisco Celso Calmon é da coordenação do canal resistência carbonária e ex-coordenador nacional da Rede Brasil Memória, Verdade e Justiça

Francisco Celso Calmon

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.

Francisco Celso Calmon

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.

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