O golpe por trás do golpe, por Janio de Freitas

Janio de Freitas levanta o véu que mostra os principais interesses por trás da queda do governo Dilma
Jornal GGN – No artigo a seguir, Janio de Freitas faz um balanço dos agentes responsáveis pelo golpe do impeachment, dando destaque para políticos e mídia. Ele levanta o véu que mostra os principais interesses por trás da queda do governo Dilma como a retirada da legislação das concessões que obriga a participação da Petrobras na exploração do Pré-Sal, trabalho encabeçado por José Serra, no Senado.
“O preço baixíssimo do petróleo torna a ocasião muito propícia para a compra de Pré-sal da Petrobras”, completa o articulista, que ressalta ainda como a história do país mostra que, em todas as suas disputas, há sempre o mesmo vencedor. “O exemplo do que ocorreu com Getúlio, no seu criativo e ótimo governo presidencial nos primeiros anos 1950, é para se tornar clássico na história da luta entre a força de interesses e o poder governamental”, pondera.
A rapidez e a facilidade com que Câmara e Senado levaram ao processo de impeachment não foram naturais, nem espontâneas. No Conselho de Ética da Câmara, a batalha em torno da cassação de Eduardo Cunha reflete muito melhor as lutas pelo poder político nos parlamentos.
Poder que, sobretudo no Brasil, vem a ser também material, com influência em altos valores públicos e privados, possíveis manipulações de projetos e outras no interesse de grandes grupos econômicos, e ainda favorecimentos em nomeações ou eleitorais. As aparências públicas sugerem a luta em torno de um mandato, mas, se não for um deputado chinfrim, o mandato propriamente é o de menos.
Com mais razão, e com seu poder disseminado sobre uma infinidade de interesses privados e públicos, passa-se o mesmo em torno de uma presidência suscetível de assédio. O exemplo do que ocorreu com Getúlio, no seu criativo e ótimo governo presidencial nos primeiros anos 1950, é para se tornar clássico na história da luta entre a força de interesses e o poder governamental. No Brasil, até hoje, sempre com o mesmo vencedor.
Foram várias as forças a impulsionar as ações e o ambiente nacional pelo impeachment de Dilma Rousseff. Os políticos, por exemplo, estão conhecidos em seu papel. Imprensa e TV, mais ainda, talvez na culminância dos seus surtos de antijornalismo político (nem a visita e as palavras institucionais e democráticas do secretário-geral da OEA, Luis Almagro, foram divulgados). Mas há os impulsos pouco ou nada conhecidos, o que já lhes indica a força e a dimensão do interesse.
Petróleo. Pré-sal. Petrobras. Os boicotes tramados contra o sistema de concessões e participações no pré-sal foram frustrados, e isso resultou em que as petroleiras boicotadoras ficaram de fora. Indignadas e sedentas. O competente corpo técnico da Petrobras superou os problemas para exploração no pré-sal, com os quais as boicotadoras poderiam contar para dificuldades que lhes abrissem nova oportunidade. Os percalços de uma ou outra empresa associada à exploração foram insignificantes no êxito geral.
Retirar da legislação das concessões a obrigatória participação e operação da Petrobras, na exploração mesmo por empresa privada, é a primeira fórmula proposta para quebra do sistema vigente, aproveitando-se da crise financeira da estatal e do seu desgaste político e na opinião pública. Surgiu ainda sob improbabilidade do impeachment: José Serra apresentou o projeto no Senado.
Logo se iniciou o trabalho sobre e dentro da imprensa, em pouco tempo aparecendo páginas inteiras de assuntos correlatos mas incidentes na abertura do pré-sal. A possibilidade do negócio foi levantada por alguns até no próprio governo de Dilma.
Dois nomes tornaram-se citados na articulação, política e comercial, dos interesses dirigidos ao pré-sal. Daniel Dantas, dono do banco de investimentos Opportunity, notabilizado por negócios grandiosos e vários deles rumorosos; e Eduardo Cunha, íntimo conhecedor da área estatal e controlador de grande parte da Câmara.
É a estarem ambos no assunto petróleo que se atribui a proximidade de Serra e Cunha, até que o desgaste forte do presidente da Câmara retraísse o senador, para efeitos públicos.
Michel Temer entregou o programa de concessões a Moreira Franco, de histórico notório. Para ter tal encargo, Moreira abriu mão até de ser ministro. Há várias semanas, já dizia a jornalistas: “Tudo que for privatizável vai ser privatizado”. Toda estatal é privatizável. E Michel Temer fala em concessões como parte importante de suas intenções.
O preço baixíssimo do petróleo torna a ocasião muito propícia para a compra de pré-sal da Petrobras. O custo alto da exploração não é empecilho. Por certo, em algum tempo o preço voltará a subir. Não é preciso dizer mais sobre uma das forças pouco ou nada mencionadas que agitam o Brasil e, entre outros feitos, impulsionam o impeachment –você sabe como.
Redação

Redação

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  • cinismo

    Midia vendida:

    O G1 fala em dólar alta favorece turismo no Brasil!

    Esse dolar está alto HÁ MUITO TEMPO!

    • é o que acontecerá daqui por

      é o que acontecerá daqui por diante....

      a grande mídia reverterá-inverterá- os  fatos que divulgava antes

      e tentará fazer a cabeça novamente dos midiotas...

      além de ionventar outros, claro...

      a canalhice de sempre...

    • Traidor de Dilma e do Brasil

      Francisco

      Um dos atributos do caráter de Temer é ser Traidor.

      Todos nós constatamos que Temer é um traidor da Dilma. Agora ficamos sabendo por documento classificado dos EUA que Temer já era um traidor do Brasil.

      Existe algum militar digno e íntegro que presta continência a um traidor ?

    • Tudo em casa ...Barba, cabelo e bigode .

      a) Presidente, informante da embaixada norte-americana .

      b) Ministro da defesa, lobista dos interesses israelenses .

      c) Ministro de Segurança Institucional do ditador Temer Cunha de Marinhos, um general da família Etchegoyen .

      d) Ministro das Relações Exteriores, um lobista das petrolíferas norte-americanas .

      • Pior é que os ianques não nos

        Pior é que os ianques não nos reembolsam os gastos mensais do tesouro nacional brasileiro com estes cargos .

        • Ele merece

          Washington vai estender tapete vermelho quando o Serra desembarcar lá.

          Para ele não pisar  no chão frio quando tirar os sapatos.

           

  • golpes atrás de golpes, por


    golpes atrás de golpes, por trás de golpes,

    só traz mais golpes...

    é o dinheiro, galera!

  • Um pouco de "ficção"

     

    'Syriana', um filme que poderia chamar-se 'Corrupção S/A'

    André Lux

    Fazia tempo que não era lançado um filme tão complexo e contundente como Syriana, que bem poderia se chamar “Corrupção S/A”. Dirigido por Stephen Gaghan, roteirista do excelente Traffic, conta com um elenco de primeira linha liderado por George Clooney (também um dos produtores executivos) para mostrar, com tintas realistas e engajamento político, a podridão que envolve o mundo dos negócios - no caso o de exploração e venda de petróleo no Oriente Médio.

    Qualquer um que algum dia acreditou na ladainha neoliberal sobre a suposta honestidade das corporações privadas frente à inerente corrupção do Estado, muito usada para difundir a tão propaga “necessidade” das privatizações nas últimas décadas, terá que rever seus valores após assitir ao filme? Embora Syriana tenha formato de thriller político e apresente várias tramas paralelas que só se unirão no final, o que move o enredo é a disputa política entre dois irmãos num emirado árabe no Golfo Pérsico. Um deles é o típico playboy alienado e vendido ao sistema capitalista, que torra a fortuna da família com iates, drogas e mulheres, enquanto o outro, Príncipe Nasir (Alexander Siddig), tem intenções mais nobres.

    Vem dele, por sinal, uma das falas mais reveladoras do filme. Quando interpelado pelo executivo feito por Matt Damon sobre o inevitável fim das reservas petrolíferas mundiais e as conseqüências disso para os povos do Oriente Médio, que fatalmente vão retornar ao barbarismo, dispara: “E você acha que eu não sei disso? Quando aceitei a melhor oferta da China para explorar meus poços, o fiz pensando em meu povo, em usar o dinheiro para melhorar a condição de vida de todos, investir em infra-estrutura e bem estar social. Por isso, agora sou chamado pela mídia e pelo seu governo de terrorista, comunista e ateu!”.

    Mas o ponto que mais impressiona em Syriana, não só pela crueza, mas também pela alta dose de verossimilhança, são as interferências diretas promovidas pelo Governo dos Estados Unidos, via sua Central de Inteligência (CIA), nos negócios realizados na região. Seus agentes agem como verdadeiros “anjos da guarda” (ou chacais) para garantir que somente as empresas estadunidenses fechem negócios no Golfo Pérsico, nem que para isso precisem torturar e matar qualquer um que se colocar no caminho.

    Do outro lado, as grandes corporações fazem das tripas coração para abocanhar contratos milionários de exclusividade. Manipulação, distorção, mentiras e corrupção são palavras banais neste negócio. Numa seqüência exemplar, um político conservador (interpretado por Tim Blake Nelson), ao ser flagrado em ato de corrupção por advogado que representa os interesses de uma empresa, dispara uma frase que já se tornou antológica: “Corrupção? Corrupção é a intrusão do governo no mercado na forma de regulação. Temos leis contra ela justamente para que possamos sair impunes. Corrupção é a nossa proteção! Corrupção nos mantém salvos e aquecidos! É graças à corrupção que você e eu viajamos o mundo ao invés de brigar nas ruas por um pedaço de carne! Corrupção é o motivo da nossa vitória!”. Qualquer semelhança com a realidade, não é mera coincidência.

    Infelizmente, nem tudo são flores em Syriana (a começar pelo nome, que não é explicado, mas é usado tanto para se referir à Síria - como em Pax Syriana -, quanto como um rótulo hipotético para referir-se a países do Oriente Médio que têm semelhança com a Síria). Ou seja, quem não tiver um conhecimento razoável da situação atual da região, incluindo aí os conflitos entre seus inúmeros grupos político-religiosos, e de como funciona o mercado das fusões nos Estados Unidos vai ter grande dificuldade de seguir a trama. Há também um excesso de personagens que deixa a situação ainda mais complicada (o drama familiar do executivo feito por Damon, por exemplo, não acrescenta muito ao filme e pode confundir o espectador). O agente da CIA, feito por Clooney, também sofre de certa letargia e inocência. Jamais alguém com tamanha experiência e bagagem em fazer o jogo sujo para o Tio Sam seria manipulado e enganado de forma tão fácil, muito menos ficaria tão surpreso ao ser descartado num momento de crise.

    Todavia, mesmo apresentando essas falhas e incoerências, é inegável que Syriana mereça respeito e crédito, não apenas por tocar numa ferida aberta que pouquíssimas pessoas teriam coragem de expor, mas, principalmente, por deixar claro que, do mundo dos negócios promovidos pelas grandes corporações transnacionais, ninguém sai limpo. E as conseqüências de tudo isso serão, a médio e longo prazos, catastróficas para a humanidade, como bem mostra o filme ao acompanhar a trajetória de um emigrante paquistanes que, expulso do emprego, brutalizado pela polícia e sem qualquer esperança de um futuro melhor, abraça a causa do terrorismo contra o inimigo de seu povo.

    Mais atual e pertinente do que Syriana, sinceramente, difilmente um filme será.

  • Teoria da conspiraçao

    Se nao fosse assinada por Janio de  Freitas o artigo seria calssificado de teoria da conspiraçao ou delirio da esquerda ,

    P.S. como pode a filha de Serra estar bilionaria com a idade e experiencia profissional que tem sem ser incomodada pela imprensa ?

  • Conspiradores

    Conspiradores articuladíssimos :

     

     

     

     

    Colunista Sonia Racy apontou neste domingo, 15, o trânsito do ministro Gilmar Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), dentro do governo interino de Michel Temer; "Se alguém está muito à vontade com o ministério Temer, é... Gilmar Mendes. O novo presidente do TSE é muito ligado a Blairo Maggi, Raul Jungmann e Alexandre de Moraes. Tem longa amizade com Romero Jucá e Serra, além do próprio Temer", diz ela; "E o novo titular da AGU, Fábio Medina Osório, viajou com ele a Lisboa para palestras, um mês atrás"

     

    15 DE MAIO DE 2016 ÀS 12:09

     

    Brasil247 - Colunista do jornal Estado de S. Paulo Sonia Racy apontou neste domingo, 15, que não há ninguém que esteja "mais à vontade" com o ministério do governo interino de Michel Temer quanto o ministro Gilmar Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

    "Se alguém está muito à vontade com o ministério Temer, é... Gilmar Mendes. O novo presidente do TSE é muito ligado a Blairo Maggi, Raul Jungmann e Alexandre de Moraes. Tem longa amizade com Romero Jucá e Serra, além do próprio Temer. E o novo titular da AGU, Fábio Medina Osório, viajou com ele a Lisboa para palestras, um mês atrás", diz a colunista. 

     

     

     

    • E foi Lula quem causou a ira

      E foi Lula quem causou a ira dos Ministros do STF.

      O Mino Carta há muito vem falando a respeito da docilidade do brasileiro, e é verdade. Coisas impensáveis e inaceitáveis em muitos países são tidas como normais por aqui.
      Parece que nunca veremos uma revolução neste país. Quando um líder "revolucionário" ascende por aqui, o mesmo trata logo de partir para a conciliação. E se não conciliar, será que as Forças Armadas estarão sempre a postos para derrubar qualquer ameaça comunista(!) ?

  • É a luta de classes.

     

    Só Dilma, o PT e Zé Judas Carodozo não viram o que ocorria. 100% da blogosfera repetia todos os dias o que estava acontecendo e os três patetas ( Dilm, PT e Zé Judas Cardozo) ignoravam.

    Agora é tarde. Serão 20 anos de luta para voltarmos à situação do final do último governo Lula.

     

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