A visão de Ron Paul sobre o 11 de Setembro

Por Marco Antonio L.

Do Diário do Centro do Mundo

A política externa americana e o 11 de setembro

Paulo Nogueira

“Todos os que advogam o não-intervencionismo dos fundadores da nossa república são tachados de isolacionistas. Eu, pessoalmente, nunca fui um isolacionista. Sou a favor do oposto do isolamento: diplomacia, livre comércio e liberdade de viajar. Os isolacionistas de fato são aqueles que promovem embargos e sanções contra países e pessoas mundo afora porque discordam da política interna e externa de seus líderes.”

Este é um trecho de um livro que merece atenção: o nome é “A Revolução: Um Manifesto”, de 2008. O autor é o congressista republicano Ron Paul, 77 anos, que tentou sem sucesso mais de uma vez ser o candidato de seu partido às eleições presidenciais americanas.

Não foi por falta de idéias que ele fracassou – e sim por falta de dinheiro para competir na campanha pela indicação com seus adversários dentro do Partido Republicano e, mais ainda, por ter se tornado uma voz contundentemente crítica da política americana.

Em sua “Revolução”, ele nota que muitos eleitores americanos chamam os republicanos e democratas de “republicratas”, tamanha a semelhança entre os dois partidos.

Mas o que interessa destacar do livro de Ron Paul, neste artigo, é sua visão do 11 de Setembro. São hoje onze anos desde que a Al-Qaeda de bin Laden fez o que fez. Paul tem uma visão dos fatos que só não é banal por ser tão rara entre os líderes americanos: a política externa nos Estados Unidos no Oriente Médio contribuiu enormemente para os atentados terroristas de onze anos atrás.

“É irreal, até mesmo utópico, imaginar que um povo não se tome de ódio e de desejo de vingança quando você joga bomba nele, apóia estados-policiais e impõe sanções mortíferas”, afirma Paul. “A revanche, em várias formas, é o que nossa CIA chama de contragolpe – as consequências inevitáveis da intervenção militar.”

Em A Revolução, Paul lembra uma declaração na tevê da secretária de Estado do governo Clinton, Madeleine Albright, sobre a morte de meio milhão de crianças iraquianas por conta das sanções americanas. O morticínio infantil “valeu a pena”, disse Albright. A fala estava sendo transmitida para países do Oriente Médio.

Ele pergunta: “Dado que uma política externa ultraintervencionista leva a contragolpes, será que nós queremos mesmo tal política? Vale a pena para nós? O principal foco de nossa crítica é que a política externa do governo tem aumentando o risco de vida dos americanos e nos tornado mais vulneráveis aos contragolpes. Este é o ponto que deve ser discutido.”

Deve, mas não foi nem em 2008 e nem agora. Enquanto o ponto de que fala Ron Paul não for seriamente debatido pelos americanos, o mundo continuará a ser extremamente perigoso para americanos e não americanos. Obama disse que, com a morte de bin Laden, o mundo se tornara “mais seguro” – mas os fatos mostram que esta frase só pode ser entendida como uma piada.

Luis Nassif

Luis Nassif

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