Política

Derrota “massacrou” Bolsonaro e vive estado de surpresa prolongada, avalia Dunker

O silêncio de 50 dias de Jair Bolsonaro, desde que foi derrotado para Lula nas eleições 2022, já foi interpretado como tratativas para incitar um golpe, frustração, não aceitação do resultado, entre outros. Para o psicanalista Christian Dunker, que analisa o bolsonarismo e o comportamento do mandatário, a derrota o vem “massacrando” e Bolsonaro vive um quadro de estupor.

Com o já conhecido comportamento dele – e também assumido por seus seguidores – de voltar atrás ou admitir que não venceu, o bolsonarismo migra para “um sistema de crenças” que, ao serem confrontados com a realidade”, geram episódios ou de “delírio”, como é o caso do manifestante que se segurou no vidro do caminhão, ou de “catástrofe subjetiva”.

“‘Isso que não consegui admitir ao longo da jornada – a possibilidade de derrota – agora me massacra, me destrói'”, diz Dunker.

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A análise foi feita em entrevista ao colunista Thiago Herdy, do Uol. Ainda, para o psicanalista, no quadro de estupor o sujeito se mantém preso ao momento de receber uma notícia inesperada, uma surpresa, gerando inatividade.

“Aparentemente é o que ocorreu, um momento prolongado de irrealização subjetiva, de quem não é capaz de acreditar no que está acontecendo. É também o que explica os episódios de choro – você não consegue se controlar, mesmo estando em um evento público. É como se o presidente lesse no olho de cada um dos generais que ele fracassou”, avaliou.

As consequências deste quadro psicanalista é, no extremo, gerar ações “destrutivas e impulsivas”, o que ainda não foi visto pelo mandatário desde que perdeu as eleições.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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  • Ao que tudo indica, Bolsonaro acredita que a Justiça Militar vai anular a eleição a pedido de um bando de senadores liderados por Flávio Bolsonaro. Todavia, o capitão genocida pode estar enganado.

    "OFICIE-SE ao Presidente do Superior Tribunal Militar, com cópia dos autos, para que, no prazo de 5 (cinco) dias, remeta a este SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL cópia da representação apresentada pelos parlamentares acima referidos naquela CORTE, bem como o teor de decisão proferida a respeito. Ciência à Procuradoria-Geral da República. Publique-se."

    Essa foi a decisão proferida em 20/12/2022 pelo Ministro Alexandre de Moraes na Pet. 10.762, ou seja, na representação que eu estou promovendo contra os senadores LÁVIO BOLSONARO, ZEQUINHA MARINHO, MAILZA GOMES, GUARACY SILVEIRA, JAYME CAMPOS, CHICO RODRIGUES, EDUARDO GOMES, LASIER MARTINS, ELMANO FERRER, STYVENSON VALENTIM, PLÍNIO VALÉRIO, ROBERTO ROCHA e ELIANE NOGUEIRA. Eles estão tentando usar o sistema de justiça militar para emparedar o TSE e o STF.

    Os 13 patetas bolsonaristas querem que o Ministério Público Militar e o Superior Tribunal Militar anulem as eleições presidenciais porque as recomendações feitas pelo Exército não foram respeitadas pela Justiça Eleitoral. Todavia, o sistema de justiça militar não tem competência eleitoral. Isso explica porque o STF não jogou minha petição no lixo, considerando-a suficientemente plausível investigar mais a fundo o que está ocorrendo no STM.

    https://www.linkedin.com/posts/f%C3%A1bio-de-oliveira-ribeiro-272376155_den%C3%BAncia-activity-7006378403121524736-L7Ni?utm_source=share&utm_medium=member_desktop

  • A dificuldade de perceber a realidade o mais próximo possível do que ela é, reafirma a dificuldade que ele apresentou ao longo do mandato(vida): uma pessoa sem a mínimo de condições psíquicas para o cargo que ocupou. Não acreditar no que está vendo por 50 dias é mais que dissociar da realidade. Mostra a dificuldade em “digerir” o que “comeu”. Lembrando, esse Senhor tem problemas sérios no sistema digestivo. Aqui é um palpite!!!

  • O psicanalista que analisou o comportamento do mandatário é o que chamamos "homem bule": homem de pouca fé. Vejamos que o mandatário, sujeito de muita fé, mitômano e ordinário, acreditou-se mito, governante capaz, amado pelo povo, internacionalmente reconhecido(rsrs) e, portanto, merecedor incomparável de um novo mandato. O presidento, como a maioria dos mitômano acreditou na própria mentira, e tendo acordado no tranco, ainda acredita no sonho que teve consigo mesmo. Nessas circunstâncias o choque de realidade é inevitável. Que chore pra Jesus, junto com a sua conja e os seus pastores desvairados, sua congregação de iludidos e cobre a promissória do além. Nós, os incrédulos,nada comovidos, achamos que ele fica lindo quando chora e mais agradável ainda de boca fechada.

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