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O futuro incerto de Serra

A editoria de Poder da Folha, desde que assumida pela editora Vera Magalhães – de longe, o maior fator de desagaste da Folha nos últimos anos – tem a estranha capacidade de não colocar um título sequer fiel ao conteúdo da reportagem.

A reportagem fala na mais completa indefinição sobre o futuro político de Serra. O título não corresponde ao que foi escrito.

Folha de S.Paulo – Serra terá atuação ativa, dizem aliados – 02/11/2010

Tucanos buscam sepultar a interpretação de que o candidato derrotado planeje disputar Presidência em 2014

Partido tenta atenuar mal-estar de serristas com Aécio pela vitória de Dilma em MG e por entrevista sobre derrota

BRENO COSTA
CATIA SEABRA
DE SÃO PAULO

Tucanos mais próximos a José Serra (PSDB) buscaram sepultar ontem a interpretação de que o tucano tem a intenção de se candidatar novamente à Presidência.

No domingo, em seu discurso após a vitória de Dilma Rousseff (PT), Serra disse que sua derrota era um “até logo” e afirmou que “quis o povo que não fosse agora” que ele fosse presidente.

Segundo tucanos, o que Serra está decidido a fazer é se manter na vida pública, com atuação política ativa. A maneira pela qual isso vai se dar ainda é uma incógnita.

“Ele nunca falou em 2014. Isso foi uma interpretação que fizeram”, disse Sérgio Guerra, presidente do PSDB e coordenador da campanha.

No caso de uma nova corrida à Presidência, ele deflagraria uma polarização direta com o senador eleito Aécio Neves (MG) dentro do partido. O mineiro desistiu de sua pré-candidatura ao Planalto, no fim de 2009, para evitar disputa direta com Serra.

Além de potencializar uma fissura nas estruturas do partido e, consequentemente, da oposição ao novo governo, Serra, sem mandato público, teria que atravessar um deserto de quatro anos antes de concorrer novamente.

Poderia disputar a Prefeitura de São Paulo em 2012, mas seria alvo certo de ataques de adversários por, em 2006, ter deixado o cargo 15 meses depois de assumir. O fato chegou a ser usado por Dilma em sua propaganda.

A indefinição decorre do fato de Serra nunca discutiu a hipótese de derrota.

Fato, por ora, é o desejo de Serra manter o controle sobre o partido. Apesar de não descartada, é pouco provável que José Serra busque um cargo na hierarquia do partido. O mesmo vale para Aécio Neves. A sucessão interna no PSDB acontece em março.

Serra passou o dia em sua casa, em São Paulo. À tarde, recebeu Sérgio Guerra.

Sua única manifestação se deu pelo microblog Twitter, em que voltou a agradecer a votação que teve e relatou ter dado os parabéns a Dilma.

Segundo o senador, Serra estava “tranquilo”, sem demonstrar qualquer tipo de abatimento ou ressentimento em relação a Aécio Neves.

“Aécio se esforçou pela eleição”, disse Guerra.

Houve um constrangimento no partido, no entanto, pelo fato de a vantagem de Dilma sobre Serra em Minas ter sido o dobro do esperado.

Entre serristas, a avaliação foi de que Aécio realmente se empenhou nos últimos dez dias da campanha. Mas já era tarde demais para reverter um ambiente antipaulista que ele mesmo teria ajudado a criar nos últimos anos.

A publicação de uma entrevista pela agência internacional “Reuters” ontem, em que Aécio tece considerações sobre a derrota, apesar de ter sido feita no meio da semana passada, aumentou o mal-estar com o mineiro.

Serra vai permanecer em São Paulo nos próximos dias. Um período de “exílio” no exterior, a exemplo do que aconteceu após a derrota para Lula, em 2002, está “fora de cogitação”, disse Guerra.

O primeiro passo concreto do PSDB para definir o futuro da legenda acontece na próxima semana, quando a Executiva do partido se reúne para avaliar a campanha e discutir os próximos passos.

Também estava prevista para ontem à noite, em São Paulo, uma reunião da coordenação financeira para tratar das contas da campanha.

Coordenador do comitê financeiro da campanha, José Gregori informou que as contas estavam equilibradas, sem dívida “significativa”.

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Luis Nassif

Luis Nassif

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