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Por Guilherme Scalzilli, em seu blog
As pesquisas frustram a esperança de um nome da centro-direita chegar ao segundo turno presidencial tendo Lula e Bolsonaro na disputa. As várias chapas daquele campo dividiriam no máximo 30% dos eleitores. Com os índices atuais, nem a improvável união de seus pré-candidatos passaria à etapa decisiva. Sequer somando os indecisos.
Por definição, para uma via ser “terceira” é preciso haver outras duas. A lógica mostra que a alternativa intermediária só faz sentido numa conjuntura que a esvazia. Não obstante, seus ideólogos criaram uma saída retórica para o impasse. Bastaria excluir Bolsonaro, ocupar o seu flanco na polarização e chamá-lo de “meio-termo”.
Ocorre que o impeachment deixou de fornecer esse atalho fácil. O substituto do fascista pode até imitá-lo, mas nunca herdaria todo o seu eleitorado. Pelo contrário. Amplos setores do bolsonarismo desistiriam de votar, ou anulariam o voto, em gesto de repúdio à política tradicional. Não perdoariam os carrascos do ídolo motoqueiro.
Como as adesões a Lula já beiram a metade dos votos válidos, a diminuição desse total facilitaria o desfecho da campanha no primeiro turno. Cada eleitor de Bolsonaro perdido exigiria que a centro-direita conquistasse um lulista ou alguém predisposto a descartá-la. Parece uma dinâmica insustentável na proporção necessária.
Há também a percepção do impeachment como bandeira da esquerda, imagem facilitada pelos protestos, que resistiram à neutralidade patriótica dos conciliadores. De fato, corretamente ou não, o sucesso da proposta ficou associado a um triunfo simbólico de Lula. Cabe lembrar que ele atrai cerca de dois terços da maioria que rejeita Bolsonaro.
O dilema da centro-direita vai além do retorno do PT ao governo federal. Envolve ainda os candidatos de sua coligação a governos estaduais e cargos legislativos, que seriam beneficiados por uma votação expressiva de Lula ou teriam um presidente eleito como reforço no segundo turno. O conservadorismo receia uma “onda vermelha” nacional.
Nesse panorama, o bloqueio do impeachment serve aos objetivos políticos dos setores capazes de efetivá-lo. Todos, inclusive os poderosos defensores judiciais, midiáticos e financeiros da “terceira via”. Ou acreditamos que os artífices dos golpes recentes não saberiam derrubar alguém como Bolsonaro, em plena catástrofe humanitária?
A praxe fisiológica adapta-se às circunstâncias, raramente as determina. Bolsonaro permanece no cargo não porque cedeu gabinetes, e sim porque as pesquisas o apontam como única barreira contra um tsunami lulista. E será absolvido no plenário, com fanfarra, caso sua fragilidade chegue a ameaçar a ocorrência do segundo turno.
Se o golpismo institucional preserva o fascista, num ambiente de polarização de ambos com o PT, a finalidade é óbvia: Bolsonaro em campanha, inflamando o antipetismo, aglutinando o voto conservador e freando o avanço de Lula. Assim que o genocida cumprir a tarefa, planejam finalmente sacrificá-lo, como fizeram com Eduardo Cunha.
Curiosamente, Bolsonaro dá pistas de preferir uma deposição que o martirize. Força tanto a barra que seus inimigos são obrigados a reagir, mas com uma delicadeza que torna ainda mais absurdo o fim do impeachment. Mesmo incapazes de ressuscitá-lo, as ruas poderão testar os limites do espírito democrático dos órfãos da “terceira via”.
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Meu medo nao e Bolsonaro perder. Meu medo e ele ganhar novamente, com CIA, com NSA, com DoJ, com NASA, com Facebook e Whatsapp, com Chevron, Exxon, Shell, com tudo. Nesse caso nao havera como protestar, nem provar nada. Nunca houve prova de fraude, nem havera.