Eleições

Vice-presidente não é cargo para ser negociado, por Luis Nassif

Um dos erros recorrentes de Lula é a síndrome da falsa normalidade. Por ser visceralmente otimista, nega-se a analisar cenários de crise. Se hoje está tudo normal, para que gastar energia com atos que possam prevenir futuras anormalidades?

Foi assim nas nomeações para o Supremo Tribunal Federal (STF), para a Procuradoria Geral da República, nos pactos com o Centrão.

Mesmo após o “mensalão”, não houve inteligência no PT para analisar o comportamento do STF em caso de stress político. Não houve a menor preocupação em analisar o histórico dos candidatos, suas lealdades, seu caráter – a ponto de indicar um Ministro que se propunha a “matar no peito”, o que desclassificaria o candidato em qualquer teste básico de caráter,

Agora, há o risco de repetir a imprudência na escolha do candidato a vice-presidente.

É óbvia a necessidade de um grande pacto que atraia setores democráticos de outros partidos. E, embora conservador até a medula, partidário de posições de força na segurança pública, defensor de qualquer forma de privatização, as posições pessoais de Geraldo Alckmin não interfeririam nas políticas públicas do lulismo. Enquanto Lula fosse presidente.

E se Lula deixasse de ser presidente? A única análise sobre Alckmin é que ele é leal, não seria golpista como Michel Temer. No entanto, bastaria um pequeno trançapé do destino – uma doença grave, um acidente fatal, um atentado -, tirando Lula do caminho, para o projeto de reconstrução do país sofrer uma guinada de 180 graus.

Há inúmeras maneiras de celebrar o pacto, divisão de poderes dos Ministérios, na máquina pública, compartilhamento de funções e de mérito na reconstrução do país. Mas vice-presidência, definitivamente não! A maior garantia de estabilidade – inclusive para a segurança pessoal de Lula – é saber que seu eventual afastamento não mudará o rumo das políticas implementadas.

Luis Nassif

Luis Nassif

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  • Boa Nassif, dar a vice presidẽncia para alguém ultra conservador é brincar de roleta russa. O PT de SP sempre vem com essas ideias, parecem psdebistas enrustidos.

  • O presidente Lula não foi eleito,reeleito,fez sua sucessora(a primeira mulher a ocupar a presidência de nosso país,ajudou a reelege-la,sendo ingênuo.
    Em todos os casos utilizou-se da realidade politica inconteste.
    Novamente o presidente trabalha com a mesma premissa.
    Tem riscos,inclusive os apontados aqui? É claro que tem.
    Mas essa é nossa realidade. Nossa democracia é assim,de alto risco. E não é por ingenuidade,é pelo golpismo histórico e culturalperpetrado pela mídia golpista e seus financiadores,hoje,uma coisa só.
    Sempre fui defensor da necessidade dessa gente ter de pedir perdão antes de qualquer concessão mas,também,sempre fui defensor da magnitude política do presidente Lula.
    Entre as duas,sou obrigado a optar pela segunda e,se o presidente Lula optar por um conservador para acompanhá-lo na tentativa de novamente comandar o país é porque ele avaliou que os riscos são inúmeras vezes menor do que não ter essa companhia.

  • Espero, sinceramente, que essa aproximação entre Lula e Alckmin não prospere. Leio muitas opiniões de gente inteligente e séria que afirmam que esse movimento é necessário para aplacar o ódio da elite, o tal mercado etc. Alckmin não é apenas um conservador. Trata-se de um político que governou contra o povo, o tempo todo. Em seu governo, a PM agrediu sem piedade. Recordo de uma cena: um policial aplicando um mata leão em uma estudante, uma menina, na época das ocupações das escolas. Nassif está coberto de razão: não é possível que o PT não tenha aprendido nada. Lula eleito, no dia seguinte já começariam as articulações para derrubá-lo. Será que a política neoliberal do psdb foi esquecida. Espero que não. Chega de arreglos. Basta.

  • Os dedos são iguais? Trabalhador brasileiro vamos confiar em "Lula" na escolha de seu VICE, por favor aprenda e confia em Lula ele sabe ok faz p/o melhor do Brasil, vamos eleger "Lula" presidente e muitos governadores, senadores e deputados p/Lula ter o respaldo do Congresso Nacional.

  • A grande dificuldade é aceitação de federações sem uma posição garantida. Um vice golpista na condução do governo - seria o caso de Alckminn ? - vale tanto quanto um federação sem compromisso ?
    Sim.
    Então mais vale um vice de posições históricas concordes as bandeiras petistas.
    O que vale aí é a capacidade política do vice.
    O "Ultra-leve" Marco Maciel é um bom exemplo.

  • É SÓ EU TIRAR UMAS FÉRIAS DO GGN E O NASSIF JÁ FAZ CAGADA?ESSE LOGO DO GGN TÁ GIGANTE E ATRAPALHANDO/ESCONDENDO OS ARTIGOS ABAIXOS

  • puxa, obrigado nassif. estava ficando rouco de tanto gritar sobre o imponderável no futuro. e mais: caso aconteça impedimento qq de Lula, o PT vai angariar todo ressentimento por mais um erro gigante como esse de pensar em alckmim e bye bye PT

  • Sem dúvida, a estratégia eleitoreira do presidencialismo arregueiro traz o risco de repetição de vicissitudes ja vistas e previsíveis. É importante o amplo debate deste tema, pois ainda é tempo de evitar arapucas ilusórias. E urge questionar por que a construção de um programa político é desprezada.

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