Vice-presidente não é cargo para ser negociado, por Luis Nassif

Há inúmeras maneiras de celebrar o pacto, divisão de poderes dos Ministérios, na máquina pública, compartilhamento de funções e de mérito na reconstrução do país. Mas vice-presidência, definitivamente não!

Um dos erros recorrentes de Lula é a síndrome da falsa normalidade. Por ser visceralmente otimista, nega-se a analisar cenários de crise. Se hoje está tudo normal, para que gastar energia com atos que possam prevenir futuras anormalidades?

Foi assim nas nomeações para o Supremo Tribunal Federal (STF), para a Procuradoria Geral da República, nos pactos com o Centrão.

Mesmo após o “mensalão”, não houve inteligência no PT para analisar o comportamento do STF em caso de stress político. Não houve a menor preocupação em analisar o histórico dos candidatos, suas lealdades, seu caráter – a ponto de indicar um Ministro que se propunha a “matar no peito”, o que desclassificaria o candidato em qualquer teste básico de caráter,

Agora, há o risco de repetir a imprudência na escolha do candidato a vice-presidente.

É óbvia a necessidade de um grande pacto que atraia setores democráticos de outros partidos. E, embora conservador até a medula, partidário de posições de força na segurança pública, defensor de qualquer forma de privatização, as posições pessoais de Geraldo Alckmin não interfeririam nas políticas públicas do lulismo. Enquanto Lula fosse presidente.

E se Lula deixasse de ser presidente? A única análise sobre Alckmin é que ele é leal, não seria golpista como Michel Temer. No entanto, bastaria um pequeno trançapé do destino – uma doença grave, um acidente fatal, um atentado -, tirando Lula do caminho, para o projeto de reconstrução do país sofrer uma guinada de 180 graus.

Há inúmeras maneiras de celebrar o pacto, divisão de poderes dos Ministérios, na máquina pública, compartilhamento de funções e de mérito na reconstrução do país. Mas vice-presidência, definitivamente não! A maior garantia de estabilidade – inclusive para a segurança pessoal de Lula – é saber que seu eventual afastamento não mudará o rumo das políticas implementadas.

Luis Nassif

19 Comentários

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  1. Boa Nassif, dar a vice presidẽncia para alguém ultra conservador é brincar de roleta russa. O PT de SP sempre vem com essas ideias, parecem psdebistas enrustidos.

  2. O presidente Lula não foi eleito,reeleito,fez sua sucessora(a primeira mulher a ocupar a presidência de nosso país,ajudou a reelege-la,sendo ingênuo.
    Em todos os casos utilizou-se da realidade politica inconteste.
    Novamente o presidente trabalha com a mesma premissa.
    Tem riscos,inclusive os apontados aqui? É claro que tem.
    Mas essa é nossa realidade. Nossa democracia é assim,de alto risco. E não é por ingenuidade,é pelo golpismo histórico e culturalperpetrado pela mídia golpista e seus financiadores,hoje,uma coisa só.
    Sempre fui defensor da necessidade dessa gente ter de pedir perdão antes de qualquer concessão mas,também,sempre fui defensor da magnitude política do presidente Lula.
    Entre as duas,sou obrigado a optar pela segunda e,se o presidente Lula optar por um conservador para acompanhá-lo na tentativa de novamente comandar o país é porque ele avaliou que os riscos são inúmeras vezes menor do que não ter essa companhia.

  3. Espero, sinceramente, que essa aproximação entre Lula e Alckmin não prospere. Leio muitas opiniões de gente inteligente e séria que afirmam que esse movimento é necessário para aplacar o ódio da elite, o tal mercado etc. Alckmin não é apenas um conservador. Trata-se de um político que governou contra o povo, o tempo todo. Em seu governo, a PM agrediu sem piedade. Recordo de uma cena: um policial aplicando um mata leão em uma estudante, uma menina, na época das ocupações das escolas. Nassif está coberto de razão: não é possível que o PT não tenha aprendido nada. Lula eleito, no dia seguinte já começariam as articulações para derrubá-lo. Será que a política neoliberal do psdb foi esquecida. Espero que não. Chega de arreglos. Basta.

  4. Os dedos são iguais? Trabalhador brasileiro vamos confiar em “Lula” na escolha de seu VICE, por favor aprenda e confia em Lula ele sabe ok faz p/o melhor do Brasil, vamos eleger “Lula” presidente e muitos governadores, senadores e deputados p/Lula ter o respaldo do Congresso Nacional.

  5. A grande dificuldade é aceitação de federações sem uma posição garantida. Um vice golpista na condução do governo – seria o caso de Alckminn ? – vale tanto quanto um federação sem compromisso ?
    Sim.
    Então mais vale um vice de posições históricas concordes as bandeiras petistas.
    O que vale aí é a capacidade política do vice.
    O “Ultra-leve” Marco Maciel é um bom exemplo.

  6. puxa, obrigado nassif. estava ficando rouco de tanto gritar sobre o imponderável no futuro. e mais: caso aconteça impedimento qq de Lula, o PT vai angariar todo ressentimento por mais um erro gigante como esse de pensar em alckmim e bye bye PT

  7. Sem dúvida, a estratégia eleitoreira do presidencialismo arregueiro traz o risco de repetição de vicissitudes ja vistas e previsíveis. É importante o amplo debate deste tema, pois ainda é tempo de evitar arapucas ilusórias. E urge questionar por que a construção de um programa político é desprezada.

  8. Sem dúvida, a estratégia eleitoreira do presidencialismo de arreglo traz o risco da repetição de vicissitudes já vistas e previsíveis. É importante um amplo debate deste tema, pois ainda é tempo de evitar arapucas ilusórias. E urge questionar porquê a construção de um programa político é desprezada.

  9. Nassif não está mais à esquerda nem mais à direita.
    Não é problema ideológico, mas de método. Deus não precisa de método pois ele é onisciente, onipresente e onipotente. Mas o ser humano deveria ser um pouco humilde e analisar com cuidado e prudência, por isso um pouco de Rene Descartes faz bem né…
    Esse ano é decisivo e vai determinar nossa vida, a de nossas crianças também.
    Senão, quando a fera aparecer pode gerar desespero e correria.
    Nada disso. O vice da chapa de Lula não pode correr como no comercial do Redbull…

    https://youtu.be/O1lVWNa8L2w

  10. Censuraram meu comentário duas vezes. Não há mais respeito à tal liberdade de expressão? Tá tudo dominado mesmo, ou hackearam o site do jornal?

  11. Tá estranho isso. Logo que posto um comentário, aparece na página. Quando volto à página para verificar se há novos comentários de terceiros, o meu comentário sumiu. Quando postei o comentário uma segunda vez, ele apareceu na página, junto com o comentário anterior, ressurgido. Quando retornei à página em seguida, os dois comentários antes referidos desapareceram. É assombração, bug ou sabotagem?

  12. Prezada Lourdes, boa tarde. Agradeço muitíssimo a sua atenção e a gentileza da resposta. Creio mesmo que seja alguma falha no funcionamento do site, e tenho a esperança de que o problema seja superado. Um detalhe é que sua gentil resposta, ora comentada, apareceu para mim apenas agora há pouco, apesar do fato de eu haver acessado a página diversas vezes hoje. Por outro lado, uma consequência negativa do ocorrido é que o comentário ficou disponível apenas quando o artigo em tela já não mais aparece no site, que extinguiu a aba ÚLTIMAS. Todavia, vale reiterar os meus sinceros votos de um 2022 com saúde, paz e muitas realizações felizes, pra você e toda a equipe/família do GGN. Fraternais Saudações, Mario.

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