Engessamento do pensamento, a fonte primária das crises, por Assis Ribeiro

Por Assis Ribeiro

Engessamento do pensamento. Fonte primária de crises

A enorme e profunda crise não se restringe à Dilma e ao seu governo.

Numa sociedade líquida, imediatista e sem forma (Bauman), pessoas e instituições desmoronam. A insatisfação surge tomando o lugar da esperança.

Neste sentido melhor substituir o “fim da história”, pelo fim dos sonhos.

Os rumos da economia não trazem esperança e na política derrubam-se governos na incapacidade de se elaborar um discurso, menos ainda uma proposta.

A racionalidade se perdeu, ficou cansada, pensar não é permitido, como nos alertava Orwell. Alternativas não são possíveis neste mundo dicotômico, maniqueísta, e engessado.

Não há mais líderes. Os pensadores que não repetem os dogmas são criticados, ridicularizados, e afastados dos debates.

Os partidos perdem a credibillidade, políticos desaparecem, lideres e filósofos não são encontrados para nos resgatar a esperança e nossos sonhos.

Como em qualquer crise, o “sistema” preventivamente se esmera em elaborar leis draconianas para se acautelar contra a esperada insurgência da população. As forças de repressão ser armam. Os instrumentos de comunicação atuam jogando uns contra outros, demonizando os insatisfeitos, os que querem mudanças.

Governos da América Latina (eterno laboratório) sendo derrubados (como aviso ao mundo) em cascata, não lembra certa passagem da história?

Há uma exaustão do modelo.

Isso é perceptível para todos, mas escondido pela mídia que se especializou em filtrar os acontecimentos para sorrateiramente colocar a responsabilidade no colo dos seus adversários.

Crise com escassez de líderes favorece a derubada de governos e o surgimento de um rosto salvador da pátria, e não há limites para essa gente, nos diz a história.

Redação

Redação

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  • Bauman é show!!! sou suspeito

    Bauman é show!!! sou suspeito porque sou fã... o curioso é que é um senhor de 90 anos que nos ajuda comprrender a atualidade, com uma visão crítica e para mim genial do nosso mundo "pós-moderno" e que desnuda esse nosso mundo líquido e conectado... Bauman  também se refere sobre a perda de poder político, já que os governos são presos a seu território enquanto quem realmente dá as cartas é transnacional - o chamado "mercado"... em resumo, os governos dos países ficam com a "reponsabilidade" de resolver problemas locais que são ocasionados por algumas ações globais, mas os governantes tem somente poderes locais para resolver questões transnacionais... aí a conta não fecha, gerando a insatisfação e a instabilidade de nosso mundo líquido...

  • Perfeito, caro Assis;

    Perfeito, caro Assis; perfeito!

    Aguardemos Bolsonaro-2018. Inevitável!

    No atual quadro... invencível.

  • No mesmo diapasão, um excelente artigo publicado no Facebook
    Por Gabriel Priolli, no Facebook

    RÉQUIEM

    Encerra-se nesta data o período de plenitude democrática inaugurado no país em 5 de outubro de 1988, com a promulgação da "Constituição Cidadã" ora revogada pelo impeachment da Presidenta Dilma Rousseff.

    Inicia-se um regime plutocrático de completa incerteza política e jurídica, em que as garantias constitucionais e legais serão exercidas seletivamente, em exclusivo benefício dos donos do poder e em prejuízo de tudo que representar as forças populares.

    Fica estabelecido que o novo regime exercerá o poder pela farsa e que as eleições serão mero exercício de manutenção das aparências, tendo o seu resultado respeitado apenas se ele coincidir com o interesse do poder dominante.

    Determina-se, em decorrência, que toda vez que a esquerda política estiver em condições de conquistar o poder pelo voto, seus candidatos serão perseguidos até que sejam inabilitados.

    Caso não se obtenha por meios persecutórios a sua retirada do páreo e eles venham a ganhar a disputa, o pleito não será reconhecido e um imediato processo de impedimento será iniciado.

    Revoga-se desde já qualquer objeção da Justiça ao disposto neste édito, na hipótese remota de que seja apresentada.

    Permanecerão os tribunais na completa omissão de suas responsabilidades, que será devidamente recompensada com régia remuneração e infinitas prebendas.

    Que Deus tenha misericórdia desta Nação. Que possa ensiná-la a viver, doravante, assim dividida, conflagrada e nutrida de ódios.

    Brasília, aos 11 dias do mês de maio do ano da graça de 2016, início de uma nova era de efetiva ordem e progresso no Brasil - ou apenas ordem, quando não for possível o progresso.

  • esse é um artigo que

    esse é um artigo que demonstra a possibilidade de termos análises

    supapartidárias que esclareçam o momento politico brasileiro...

    os direitsitas congelam corações e mentes - dos pensadores e do

    significado maior da vida - para implantar um regime de ódio e de exceção....

    acrescento que não há falta de lideres...

    o que há é uma perseguiição infame contra os líderes

    exponenciais dessa nação.....

  • Raphael Bruza

    Assim eu diria para os oposicionistas, amigos, prezados de longa data. 
    Favor lerem.
    Opinião – Rafael Bruza

    O que vivemos hoje na Política, meus amigos, não obedece a um golpe da direita ou exclusivamente aos erros da esquerda. As análises que falam desses elementos são verazes, ou seja, reais, desde certos pontos de vista, mas carecem de um elemento essencial em suas conclusões: o atual momento da mentalidade da sociedade brasileira.

    A sua mentalidade, meu amigo. Estou falando de você!

    Antes de continuar, considere que tudo que você pensa, sente e deseja cria absolutamente tudo que acontece com você a nível individual e contribui com as criações coletivas a nível nacional ou regional.

    Ou seja, tudo que acontece com você na sua vida é sua responsabilidade. E tudo que acontece com nosso país, nosso Estado e nosso município é “nossa responsabilidade”.

    Nós criamos os acontecimentos de nossa vida.

    Quanto menos jogarmos a culpa nos demais, mais abriremos os olhos para perceber esse poder interno, intrínseco a cada um, e quanto mais formos conscientes dele, mais controle teremos sobre o que ocorre conosco.

    Evite, portanto, acreditar em visões temerosas ou em previsões do caos. Elas derivam do medo e não conseguem contemplar a beleza do momento que vivemos. Então olhe dentro de seu coração, pergunte a si mesmo se estou falando asneiras e, se for o caso, siga a leitura.

    Entendidas essas questões, vamos lá!

    Daqui para frente você e todos os cidadãos brasileiros terão papel fundamental na história do Brasil, que ganhará muita importância no cenário internacional nas próximas décadas, diante de uma Europa envelhecida, carente da juventude que fortalece povos, e de uma América do Norte estancada espiritualmente.

    Depois de décadas em que a história jogou contra o povo brasileiro, começamos a viver um período de profundas transformações em nosso país.

    O Impeachment não é nem nunca será uma solução para os problemas da nação, mas é um marco que eleva Dilma a condição de mártir e rebaixa os demais políticos a situação de subordinados de uma sociedade que muitos deles julgam equivocadamente conhecer e controlar.

    Não controlam. Nem conhecem. E a história deixará claro que quem tentar manipular os cidadãos brasileiros daqui para frente perderá completamente seu poder interno.

    As manifestações contra a Rede Globo tampouco são obra do acaso: elas seguem a mesma linha das energias que estão destituindo Dilma. Ainda vão gerar muitos problemas para os bilionários da família Marinho e para todo agente político que se julgar merecedor de controlar os demais cidadãos brasileiros, como os jovens do MBL.

    Por isso, essa análise não aparecerá em outros veículos de imprensa. Todos os barões da mídia e os detentores do poder têm muito a perder com o despertar da consciência e do poder do cidadão.

    Dilma cai, mas não pelo que Michel Temer, PMDB, Cunha, PSDB ou MBL fizeram nos últimos anos. Muito menos pelos erros do Governo, que, apesar de graves, foram cometidos por outros governos sem gerar as consequências que estamos vendo.

    A queda de Dilma obedece a um momento de superação da sociedade brasileira, que ganha moral e confiança ao destituir a máxima mandatária do país, colocando os demais políticos como fichinhas prontas para serem reformadas ou diretamente descartadas caso continuem jogando o jogo da política partidária.

    Não ocorrerá uma “limpeza total da política” como julgam alguns cidadãos que temem o peso de suas próprias escolhas. Mas sim um avanço moral a longo-prazo, um despertar geral de consciência e de poder interno do cidadão que abrirá espaço para novas conquistas, e novos costumes na política, pretendidos em 2013, mas inviabilizados pela rigidez da classe política que por enquanto insistimos em manter lá.

    Mas não se acanhem, amigos! Tudo que vivemos nos dias de hoje foi cultivado mentalmente por nós mesmos e da mesma forma que criamos a situação do passado e do presente, estamos, agora, moldando a situação do futuro.

    Talvez demore ate aparecer sinais reais dessa mudança. Aviso de antemão que o tempo espiritual de nosso país não corresponde com nossos interesses imediatistas. Mas quanto mais olharmos o futuro com otimismo, antes cumpriremos nossos objetivos de avanço moral e espiritual.

    Então não se deixe abater pelo pessimismo.

    Dilma cai por fazer exatamente aquilo que outros fizeram. Mas a sociedade que julga Dilma não é a mesma que julga os outros.

    Os cidadãos hoje exigem mais. Muito mais. E essas exigências serão atendidas quando permitirmos que elas aconteçam.

  • O que é a racionalidade?

    A irracionalidade que hoje presenciamos em nosso cotidiano político e social, foi construída racionalmente. A cada manchete, a cada capa de jornal ou revista, a cada distribuição de imagens, a cada omissão e a cada ênfase, a cada frase de cada um dos colunistas, a cada manobra no congresso , a cada ato judicial,a cada operação,....., tudo foi feito com muita racionalidade. Uma racionalidade que não significa inteligencia ou qualquer compromisso com a realidade. Mas uma racionalidade cínica baseada apenas no poder da força. Uma racionalidade  que abandona o critério da consistência da coerência e da não contradição por um critério cínico de que, eu tenho razão porque eu tenho a força. Eu tenho a força de um judiciário, de uma imprensa,  eu tenho uma bancada, e eu tenho instrumentos como por exempo eu tive um sociopata de plantão.  Eu posso racionalmente abandonar qualquer  código ético ou moral, porque eu simplesmente tenho a força. Eu tenho a racionalidade dos que transformam instituições em manicômios e manicômios em instituições. 

    Não é uma questão de racionalidade mas uma questão de apropriação e usurpação. Não se trabalha com o pensamento engessado, se trabalha transformando toda transgressão e perversão em normalidade. Se  mexe com os mais baixos instintos, com o que há de mais baixo e fraco  no ser humano . Eu posso declarar meu ódio , meu preconceito, a minha inveja e principalmente aquela raiva incontida por  ter sido obrigado a conviver com o outro. Uma raiva por ter de conceder que o outro, aquele que não é você,  fez algo que você jamais fará.  Eu posso tornar isto  o motivo. Eu posso eleger vítimas para o linchamento ( fisico ou moral), criando imagens e bonecos e trabalhando com tudo que as possam transformar em alvo sobre o qual vão despejar toda esta raiva incontida.  Raiva explosiva porque estava apenas contida pelas  regras da sociedade  e da civilização.

    Por isto há que se destruir todos os significados, há que se incorporar tudo à  racionalidade da barbárie, até torná-la única. O que se pretende é a reconstrução da velha ética, que racionalmente se esconde nos discursos e no fechamento das instituições. E assim em nome da luta contra a corrupção, os maiores corruptos da política brasileira, vão agora definir o proximo código de ética e de bons costumes.

    Como disse Cunha:" Que Deus tenha misericórdia  deste país."

  • pura verdade

    É a pura verdade!!!.

    Os homens se apegam ao passado, as experiencias aparentemente eficazes e por preguiça ou interesses insistem no modelo falido.

    Muito jovem acompanhei o acaso do colonialismo portugues na Africa. Precisaram morrer milhares, sem sentido, para concluir que o passado não podia voltar, que aquele mundo tinha acabado!

    Tem gente no Brasil querendo voltar ao passado por oportunismos! 

  • fui censurado?...
    Discorri de modo crítico uma importante passagem do texto  "escassez de líderes favorece a derrubada de governos " , (esta que é uma frase muito vaga, tímida e eu disse por qual motivo, no meu ponto de vista, na minha opinião. Foi enviada às 12:30 h, portanto, creio, acredito que houve tempo demais pra moderação . Levanto a hipótese de censura, de veto. É uma pena pro próprio GGN e um desrespeito também ao assíduo participanta cadastrado. Publicar meu  primeiro comentário tarde da noite não teria sentido. 

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