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Militares do Reino Unido: tortura e morte de presos

(Chico Villela) Revelações surgidas após o rumoroso caso Baha Mousa desvendam o que vem sendo chamado o caso Abu Ghraib do Reino Unido.

Abu Ghraib era a prisão pivô do escândalo internacional que abalou o regime Cheney-Bush e mostrou ao mundo, em fotos e vídeos, o amplo universo de torturas ao qual se entregavam e se entregam os invasores dos EUA no Iraque e no Afeganistão.

Baha Mousa era recepcionista de hotel em Basra, sul do Iraque, casado e pai de dois filhos ( veja aqui Baha Mousa e sua família). Foi preso em 2003 sem razão nem acusação por militares britânicos. Três dias depois, apareceu morto, com rosto e corpo desfigurados por torturas (o inquérito e os laudos apontaram 93 pontos de agressão no corpo de Mousa).

A partir do inquérito que agora chega ao fim em Londres, comprovou-se que o mundo das torturas praticadas pelas tropas do Reino Unido nada ficam a dever à brutalidade dos euamericanos.

Várias vozes vêm se fazendo ouvir para denunciar a prática de tortura pelos militares britânicos. Um ex-membro das forças de ocupação, tenente-coronel Nick Mercer, conselheiro legal das forças armadas, convertido à posição de whistleblower (pessoa que conhece e denuncia erros e crimes de governos e organizações), revelou durante as audiências de Mousa a existência de outros casos. Um ex-major da Polícia Militar Real afirmou à BBC que as mortes “podem chegar às centenas”. Mercer comparou as cenas que presenciou com as torturas praticadas pelos militares dos EUA em Guantánamo.

Para o Guardian londrino, no mínimo oito casos de mortes por torturas, além de Mousa, já se acham comprovados. “Ao menos oito civis iraquianos são agora conhecidos por terem morrido enquanto em custódia de militares britânicos após a invasão de 2003 […] Inquéritos por advogados que representam famílias de civis iraquianos que sofreram abusos sob custódia militar sugerem que o número de mortos pode ser muito maior.”

Acrescenta o Guardian: “Em sete casos levantados pelo Guardian, o MoD [Ministério da Defesa] vem se recusando a explicar a razão das detenções, ou a dizer onde, como e quando morreram. Oficiais têm se recusado até mesmo a dizer se houve ou não investigações dessas mortes”.

Um novo inquérito a ser aberto deverá ter mais repercussão que os dois já desenvolvidos, o de Mousa e o de 20 mortos, dos quais o MoD alega terem sido mortos “em batalha”. Agora, advogados representam 102 iraquianos que alegam terem sofrido toda sorte de abusos e violência nas mãos dos militares britânicos.

As técnicas também nada ficam a dever às usadas pelos euamericanos nas suas prisões espalhadas pelo mundo e em navios: “Além das técnicas banidas pelo governo Heath em 1972 (capuzes, estresse, privação de água e comida, privação de sono, ruídos contínuos), que voltaram a ser padrão de operação no Iraque, a lista de alegações é assustadora: ridicularização, uso de espaços mínimos gelados, choques elétricos, nudez forçada, ameaça de estupro a familiares, confinamento prolongado em solitária, pornografia explícita exposta ininterruptamente, desorientação por vários meios, afogamento e asfixia, masturbação e atos sexuais, urinar sobre detentos, obrigar o detento a beber urina ao invés de água, abusos sistemáticos com chutes, pancadas com armas, murros, trabalhos forçados, tratamento sistemático aos berros”.

Talvez seja até pior que Guantánamo, se é possível.

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Redação

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