No Equador, Lenín Moreno vence primeiro turno das eleições, por Luana Forlini

Da Fundação Perseu Abramo

Equador: Lenín Moreno vence o primeiro turno

por Luana Forlini

No último domingo (19) ocorreram as eleições gerais no Equador para Presidência e Assembleia Nacional. Lenín Moreno, o candidato do governo e representante do Movimento Alianza-PAIS, venceu com 39,3% dos votos válidos. O banqueiro Guillermo Lasso, do CREO-SUMA, ficou em segundo, com 28,1%. Entretanto, para ganhar em primeiro turno, as leis eleitorais impõem que o candidato em primeiro lugar deva ter pelo menos 40%, contanto que obtenha 10% a mais do que o segundo colocado. Portanto, haverá segundo turno em 2 de abril.

Na Assembleia Nacional a Alianza PAIS obteve a maioria dos assentos: 73 de 137. O CREO-SUMA garantiu 35 cadeiras, seguido pelo Partido Social Cristiano (PSC) com catorze. A corrida presidencial teve, ao todo, oito chapas concorrentes. Entre estas, quatro se destacaram. Em primeiro lugar, Moreno com Jorge Glas como vice. Seu programa propõe dar continuidade às políticas implementadas por Rafael Correa, as quais lograram diminuir a desigualdade social no país dando maior peso ao Estado no que tange aos investimentos em educação, por exemplo. O concorrente direto – a chapa Lasso-Andrés Páez, por sua vez, apresenta um projeto voltado para os interesses empresariais, prometendo incentivar o investimento estrangeiro e diminuir os impostos. Ademais, Lasso é conhecido por ser um dos responsáveis do “feriado bancário” (manobra para salvar os bancos privados e passar a conta ao Estado) que trouxe a ruína ao país. Sua plataforma atual lembra as propostas dos novos governos de direita na América Latina, como Michel Temer no Brasil e Mauricio Macri na Argentina.

Os outros dois concorrentes que apareceram em destaque foram: Cynthia Viteri e Paco Moncayo. Viteri, do PSC, defendia reformas neoliberais, como a necessidade de abertura comercial, e já anunciou apoio à Lasso. Moncayo representava a coligação Acuerdo por el Cambio e, em linhas gerais, propunha diminuir os gastos estatais, dando mais espaço para parcerias público-privadas. Além disso, possuía apoio do partido Pachacuti, que é vinculado ao movimento indígena da Conaie (Confederación de Nacionalidades Indígenas del Ecuador). 

As eleições do Equador refletem, no contexto latino-americano, mais um embate entre a perspectiva progressista e a visão neoliberal. Se Moreno vencer no segundo turno, com a maioria absoluta dos votos, terá maior legitimidade política do que com uma vitória apertada no primeiro turno. Também será uma grande conquista para os governos progressistas. Atualmente, observamos um avanço da direita nos países da região – vide Argentina, Brasil, Paraguai e a crise na Venezuela.

Redação

Redação

View Comments

Recent Posts

Mais de 70 trabalhadores são encontrados em condição análoga à escravidão em um dos garimpos mais lucrativos da América Latina

Operação federal cita “servidão por dívida”, em que os garimpeiros realizavam atividade sem qualquer proteção

20 minutos ago

Mauro Cid pode ter negociado perdão judicial em troca da delação premiada, diz jornalista

Acordo poderia ajudar o tenente-coronel a pelo menos manter o cargo e não perder totalmente…

2 horas ago

Desoneração traz risco de nova reforma da Previdência, diz Haddad

Apesar da advertência, o ministro se disse confiante em um acordo para resolver o impasse…

2 horas ago

Brasil soma mais de 4 milhões de casos de dengue em 2024

Nove estados e o Distrito Federal já decretaram emergência em decorrência da dengue. Minas Gerais…

2 horas ago

Parece que uma anistia está sendo urdida, por Fernando Castilho

Muita gente já esqueceu as centenas de milhares de mortes pela Covid-19, a tentativa de…

2 horas ago

A Lei de Alienação Parental no Brasil, por Salvio Kotter

Entre a Tutela da Justiça e a Proteção da Infância, nem manter nem revogar, reformar…

3 horas ago