O interino, o teto de gastos e os vinte anos no poder, por Maria Cristina Fernandes

Jornal GGN – A jornalista Maria Cristina Fernandes, do Valor, analisa as medidas econômicas que o governo interino de Michel Temer pretende adotar, como o teto de gastos públicos com prazo de 20 anos, relembrando que nenhum partido desde a redemocratização ficou tanto tempo no comando do governo federal. 

Fernandes aponta que Renan Calheiros (PMDB-AL) presidente do Senado, tem feito o contraponto a Michel Temer nestas questões econômicas, principalmente quando questionou o reajuste salarial dos servidores após a o governo interino conseguir aprovar uma meta fiscal “gorda o suficiente para abrigar os acordos do impeachment”.

Ela também comenta sobre o projeto que tramita no Congresso e que muda a governança das empresas públicas, afirmando que, no intuito de “cercear o PT e seus sindicalistas nas estatais”, o projeto terminou por limitar a desenvoltura dos aliados de Michel Temer nas indicações para as empresas estatais. 

Leia a coluna completa abaixo:

Do Valor

A interinidade e os vinte anos no poder

Maria Cristina Fernandes

O PSDB anunciou um projeto de poder de 20 anos, ficou oito. O PT fez o mesmo e não completará 14. Foi com ares de terceira via que o ministro da Fazenda, eleito pelo presidente interino, Michel Temer, como a cabeça dos quatro notáveis (Pedro Parente, Maria Silva Bastos e Ilan Goldfajn) que deveriam sobreviver a seu e a qualquer governo, anunciou o prazo de 20 anos que pretende impor ao teto do gasto público.

O Brasil, como se sabe, não cabe mais no PIB. Gastou­-se muito na Chanel, em Atibaia, em gente viciada em comida, na bolsa­-teimosia e na ração que mantém rosadas as bochechas do pato da Fiesp. Temer resolveu por um freio depois de aprovada meta fiscal gorda o suficiente para abrigar os acordos do impeachment. Renan foi o primeiro a denunciar a incongruência. Enquanto Meirelles garantia aos seus pares ­ e parecia convencê­-los ­ de que já estava tudo provisionado, Renan pediu que fosse ao Senado explicar um reajuste salarial que, até 2018, vai consumir 40% do declarado buraco fiscal.

Esta semana, com Cunha a caminho do cadafalso, o presidente do Senado voltou a exibir­-se no contraponto a Temer e a seu principal escudeiro. Ainda que cercado pela Lava­-jato ­- e quem não está? -­ Renan acena para as bases parlamentares órfãs de Cunha que o Legislativo tem 500 anos de resistência a oferecer ao biênio de Temer e a quaisquer outros projetos engordados na interinidade deste governo.

O teto de gastos blindaria a credibilidade de Temer junto ao mercado, mas o presidente do Senado diz que um projeto desta envergadura deve aguardar a definição do impeachment no Senado. É seu jeito de lembrar que preside a Casa onde será definida a permanência do presidente interino. Na mesma tacada lembra aos homens das finanças que qualquer projeto do Executivo que chega ao Congresso, por mais que esteja revestido de tecnicalidades, é fruto de escolhas.

Incontinenti, dá sinal verde para o projeto que atualiza o Super Simples e deve implicar em renúncia fiscal de até R$ 1,8 bilhão. A ex­presidente afastada deu quase R$ 500 bi em desonerações e o desemprego no Brasil bateu o recorde da década, mas o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos pôs o jogo às claras: “Para quem está gastando R$ 50 bilhões com aumento de salários, isso é ‘peanuts [amendoim]'”.

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Redação

Redação

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  • Muito ruim este artigo. 
    "O

    Muito ruim este artigo. 

    "O mercado" é um conceito mal explicado que serve aos interesses dos maiores usurpadores da sociedade.

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