Coluna Econômica
O atual momento político é particularmente instigante.
Está-se no início de um novo tempo. As eleições do ano passado se constituíram no capítulo final da consolidação de um novo paradigma político e econômico do que pode ser chamado de a era Lula. Agora se inaugura o ciclo final de consolidação de um novo modelo em que um dos pontos centrais é o da pacificação nacional.
Após a guerra eleitoral do ano passado, esse movimento deixou a esquerda assustada e a direita perplexa. Mas é o fecho correto para encerrar o movimento anterior e entrar no novo tempo.
AscrAs crises da inclusão
O amadurecimento de um país ocorre por processos sucessivos de inclusão social e política. Cada movimento provoca crises políticas de tamanho proporcional ao da inclusão pretendida.
A lógica é simples e foi dissecada por Afonso Arinos em artigo de 1963 – que divulguei recentemente. Os novos incluídos lutam por ocupar espaço e sofrem a resistência dos setores encastelados no poder. Segue-se uma luta surda ou declarada, na qual entram os piores ingredientes da política, porque mesclando interesses, preconceitos e temores.
Nos Estados Unidos do século 19, resultou na Guerra da Secessão.
No Brasil, é possível identificar pelo menos quatro movimentos de inclusão-conflito:
1. No fim do século 19, o fortalecimento da classe agrária paulista, em detrimento da monarquia, o surgimento de uma classe média de profissionais liberais nas grandes cidades, que leva à Proclamação da República e a um período de distúrbios políticos. Há uma vitória dos fazendeiros, em detrimentos dos coronéis regionais, dos novos industrialistas e da própria monarquia.
2. A partir dos anos 20, a geração de migrantes e filhos molda uma nova classe social nas grandes cidades. Some-se a reação regional contra a política do café-com-leite (São Paulo-Minas), o aparecimento de uma cultura urbana consolidada. Resulta em distúrbios políticos e militares durante toda a década, desembocando na Revolução de 1930. Getúlio, então, consolida o processo de inclusão das novas massas, mas dentro de um quadro ditatorial.
3. A partir dos anos 50, há o nascimento de uma nova classe média urbana, fruto da industrialização do pós-guerra. São 13 anos de conflitos intermitentes, resultando no golpe de 1964. Como o próprio Arinos aponta (ele mesmo um líder da UDN), explorou-se o preconceito, a guerra fria e outros estratagemas visando criar o clima propício a um golpe militar. Tudo bastante ajudado pela falta de pulso do governo João Goulart.
4. A partir do início da era Lula, começa a consolidação de um novo mercado de massas, graças a políticas compensatórias e ao próprio redesenho da manufatura mundial, que se voltou para consumidores de baixíssima renda.
Os três movimentos anteriores resultaram em grandes batalhas políticas com desestabilização dos governos constituídos. Foi esse o embate enfrentado por Lula em um momento em que o principal agente político pós-redemocratização – a velha mídia – ainda não fora exposta aos novos ventos da modernização.
Amanhã vamos tentar destrinchar os principais pontos da estratégia política de Lula.
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