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O tuiteiros pagos na eleição

Do Terra Magazine

Tuiteiros pagos não influem na eleição, aponta pesquisa

Anunciada como a eleição na qual a internet teria papel fundamental, os partidos e as equipes de marketing dos candidatos se prepararam para a batalha virtual. Arregimentaram – e contrataram – seus batalhões de tuiteiros e de militantes virtuais.

O resultado, no entanto, parece ser menor do que o barulho. Para uma das coordenadoras do Observatório das Eleições, projeto pioneiro criado para monitorar em tempo real a repercussão das campanhas, o Twitter não influencia nos resultados das eleições no Brasil:

– Não deu muito certo essa megacontratação de tuiteiro. O twitter não é uma rede social de debates e de formação de opinião, ele é de propagação.

Criado por pesquisadores de três universidades federais, o Observatório reúne as notícias que foram publicadas sobre os presidenciáveis nos principais jornais, sites e blogs brasileiros. Além de monitorar quase que instantaneamente tudo o que se fala sobre eles no Twitter.

RespResponsável pela coordenação da área de humanas do projeto, a historiadora Regina Helena Alves da Silva falou comTerra Magazine sobre as estratégias dos candidatos na internet e nas mídias tradicionais e seus resultados.

Leia a entrevista.

Terra Magazine – Como funciona o Observatório das Eleições?
Regina Helena Alves da Silva – O projeto é parte do Inweb, Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Web, que já tem quase dois anos de trabalho em conjunto. Só no Observatório somos mais de 40 pessoas envolvidas, entre professores e alunos.

O que você destacaria entre as descobertas do Observatório?
Nós selecionamos grandes jornais, de circulação nacional, e jornais de cada Estado, na hora que você acompanha o gráfico e junta o gráfico com temas e com fontes, é possível acompanhar candidatos e temas que eles tratam em em cada lugar do Brasil. Aí você entende mais ou menos o que cada um deles fala em cada lugar do Brasil.
Mas o que eu acho mais legal, é que é possível fazer um cotejamento de uso entre a imprensa, os blogs e o Twitter. Óbvio, a internet não está sendo usada na nossa eleição como foi usada nos Estados Unidos, cada lugar tem a sua particularidade, embora os publicitários sempre tentem puxar a tendência para o que deu certo na outra eleição.
Se você pega as palavras que mais aparecem na imprensa, você vai pegar uma coisa meio óbvia, tem a quantidade e a frequência. Se você cruzar com o Twitter, você vai ver que disseminação do twitter… Não deu muito certo essa megacontratação de tuiteiro. O twitter não é uma rede social de debates e de formação de opinião, ele é de propagação.

Vocês também acompanharam a repercussão dos debates em tempo real, como foi isso?
Por exemplo, no primeiro debate, na Band, quem “bombou” no Twitter? O Plínio, por causa do jeito como ele falou. Também no debate da Folha e do UOL, observamos o universo inteiro, em tempo real: o Plínio entrando no Twitter e começando a debater de fora. Ele deu um pico no Twitter, maior do que quem estava no debate.
Além disso, você acompanha que os seguidores do Plínio, proporcionalmente, foram os que mais cresceram, mas isso não reverte em voto.

Em que momento os candidatos falam sobre temas polêmicos?
Podemos observar o sumiço, o medo de alguns temas, é possível fazer um cruzamento entre pegar uma questão polêmica e ver sua repercussão nas mídias. No debate da TV Canção Nova esses temas apareceram. Mas, de maneira geral, não se fala sobre aborto, sobre casamento gay.

Os blogs fomentam mais a discussão de temas polêmicos, comparados com os jornais?
Sim. Twitter não tem discussão. Na imprensa, mesmo a online – onde há o espaço para o comentário – é notícia de imprensa, sem interação. O blog é uma cultura de debate.

A Dilma é a candidata com maior exposição no Twitter. Para o bem ou para o mal?
Ainda não podemos avaliar isso, essa é a segunda etapa, a polaridade. Ela é quem mais aparece, não se sabe se falando bem ou falando mal… Mas há um velho lema na política: “Quanto mais falar, melhor”.
Vamos acompanhar também como a campanha do Serra vai reagir na web? Ele vai ter que mudar a campanha dele em várias áreas, o site do Serra é o pior de todos, ele pauta, ele diz o que fazer, você tem que se cadastrar para entrar. O da Dilma é mais ou menos e o da Marina é o mais interativo, o que mais chama participação. E é interessante que os sites participativos de colaboradores “bombam” mais que os oficiais, porque eles já são criado em rede, uma rede espontânea.
E tem os tuiteiros pagos, acho que os candidatos estão usando mal o Twitter. O Plínio está usando bem porque ele cria um episódio, uma faísca. E ele não sabia disso, foi espontâneo, não foi um publicitário. 

Luis Nassif

Luis Nassif

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