Três Destaques
Sem desmerecer nenhuma, nestas eleições, o interesse nacional se concentrou em apenas três cidades.
Hoje à noite, saberemos o que nelas aconteceu – bem como em todas.
As eleições dos prefeitos de São Paulo, Belo Horizonte e do Recife motivaram mais discussões, receberam maior cobertura jornalística e foram mais atentamente acompanhadas que as outras. Mas não por ser as mais importantes.
É bom para qualquer partido, grupo político ou pretendente a candidato presidencial terminar a eleição como “vitorioso” nessas cidades. O que não quer dizer que seja inequívoco o significado da expressão “vitória”.
Tampouco é óbvio o impacto que sair-se bem nas três tem na política nacional ou estadual. Já tivemos tantas combinações de resultados que não faz sentido imaginar que só uma hipótese exista.
Em Belo Horizonte, por exemplo, o PT venceu a eleição de prefeito em 1992 com Patrus Ananias e o PSDB elegeu Eduardo Azeredo para o governo mineiro dois anos depois. O mesmo se repetiu em 2004 e 2006, com Fernando Pimentel e Aécio. O fato de o PT ter o prefeito da capital não foi garantia de sucesso na disputa seguinte para o governo do estado.
Assim como ocupar o Palácio da Liberdade não levou o PSDB à prefeitura da cidade.
Quanto às eleições presidenciais, a pouca vinculação entre escolhas locais, estaduais e nacionais fica evidente se lembrarmos que, em 2010, Marina Silva venceu o primeiro turno em Belo Horizonte, apesar do tamanho que PT e PSDB têm na cidade e em Minas.
A força de Eduardo Campos em Pernambuco não aumenta se o candidato que indicou, Geraldo Julio, vencer a eleição no Recife – hoje ou no segundo turno. Nem diminui se não.
Se vier a sofrer uma derrota (o que não parece provável), o governador continuará a principal liderança do estado. Se ganhar, apenas confirmará algo que ninguém discute.
E ele, mais que qualquer pessoa, sabe que não será o resultado do Recife que o tornará um presidenciável viável.
E São Paulo?
Não há exemplo maior da desconexão entre as eleições de prefeito e as outras que a vitória de Celso Pitta em 1996. O PSDB estava no governo do estado e na presidência da República, mas foi derrotado pelo herdeiro de Paulo Maluf. Permanece no Palácio dos Bandeirantes desde 1994, apesar das mudanças na administração da capital.
Lula perdeu e ganhou eleições presidenciais com o PT na prefeitura. E as derrotas tucanas desde 2006 nada tiveram a ver com quem lá estava.
O que as eleições nas três cidades têm é importância política e simbólica. Nas sucessões estaduais e nacionais, não são decisivas.
O “grande duelo” deste ano, que ocorreria em São Paulo, tendo Lula de um lado e o PSDB do outro, não aconteceu – pelo menos por enquanto, pois não se pode excluir um segundo turno entre os dois. Celso Russomano alterou o jogo.
Qualquer que seja o resultado final, PT e PSDB sofreram com isso. Se um dos dois não estiver no segundo turno, mais que o outro. Mas nenhum terá a vitória que desejava.
No Recife, o PSDB ganha, mesmo se Daniel Coelho não vencer. Fez a coisa certa apostando na renovação, o que, em política, costuma gerar dividendos, se não no curto, no longo prazo. E o PT errou, confundindo-se em conflitos internos que impediram a manutenção da aliança com Eduardo Campos. Só por isso não estão juntos e não por “estratégia do PSB”, como alguns, equivocadamente, interpretam.
Quanto a Belo Horizonte, em qualquer cenário, o PT sai fortalecido da eleição. Pela primeira vez em vários anos, está unificado.
Mas não é mais hora de imaginar o que pode acontecer.
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