Política

“Projeto estadual não é mais importante que ganhar de Bolsonaro”, diz Humberto Costa sobre saída de Marília Arraes do PT

O senador Humberto Costa (PT) disse em entrevista exclusiva à TV GGN, na noite de segunda (21), que o PT está “surpreso” com a postura da deputada federal Marília Arraes, que estuda deixar o partido para ser candidata ao governo de Pernambuco ou ao Senado em uma chapa que não envolva a Frente Popular, que lançará o deputado federal Danilo Cabral (PSB) ao cargo majoritário com apoio de Lula.

Segundo Humberto Costa, Marília foi quem exigiu a candidatura ao Senado pelo PT depois que o PSB acertou a pré-candidatura de Danilo Cabral ao governo de Pernambuco. A questão, segundo Costa, é que agora Marília não quer consolidar a sua aliança com a Frente Popular.

Marília fez parte do PSB até 2014, mas depois rachou com o partido do primo João Campos, com quem viveu uma forte rivalidade na eleição de 2020.

Aparentemente, disse Costa, Marília tenta reeditar o palanque duplo de Lula em 2006, quando o ex-presidente apoiou a candidatura de Eduardo Campos (PSB), pai de João Campos, e do próprio PT com Humberto Costa.

Só que desta vez, Marília corre o risco de ficar sem Lula, pois o ex-presidente teria se comprometido com o PSB a não subir em um segundo palanque em 2022.

Leia também: Marília tem a coragem do avô Miguel Arraes, diz Requião sobre a deputada abandonar o PT para ser candidata

Na conversa com os jornalistas Luis Nassif e Marcelo Auler, Costa contou os bastidores da crise com Marília, que passa pelas articulações entre PT e PSB para formar uma aliança e derrotar Jair Bolsonaro no plano nacional.

“Lula tinha em mente” uma candidatura própria para o PT em Pernambuco, mas o candidato seria o senador Humberto Costa, e não Marília Arraes. Pesquisa do instituto Vox Populi aferiu que Costa tinha 38% de intenções de voto para o governo do Estado, enquanto Marília teria 25% para o Senado. O nome da parlamentar não foi colocado na pesquisa para governadora.

Com o PSB ficando com a cabeça da chapa majoritária em Pernambuco, condição para continuar discutindo a federação com o PT, Humberto Costa retirou a pré-candidatura ao cargo do Executivo e restou ao PT indicar um nome para o Senado.

Quatro lideranças petistas se colocaram à disposição: a deputada Marília Arraes, o deputado federal Carlos Veras, a deputada estadual Teresa Leitão e Odacy Amorim (ex-candidato a prefeito de Petrolina).

Costa firmou que, por ser um partido “democrático”, a tendência no PT era realizar prévias entre os postulantes. Uma reunião para resolver o impasse estava marcada para o dia 27 de março.

“Mas a deputada Marília Arraes disse que ela deveria ser a candidata porque tinha mais intenção de votos. Chegou ao ponto de dizer que ou ela seria a candidata ao Senado, ou sairia do partido”, afirmou Humberto Costa.

Lula então pediu ao diretório do PT em Pernambuco para negociar com a Frente Ampla o nome de Marília para o Senado, considerando a rivalidade existente entre a deputada e o primo Eduardo Campos (PSB) por conta da disputa pela Prefeitura de Recife em 2020. Marília foi alvo de ataques machistas e misóginos durante a campanha, conforme relatou à TV GGN em 2021. Veja aqui.

O PSB aceitou a indicação de Marília para o Senado. Os demais deputados petistas retiraram a pré-candidatura em favor da neta de Miguel Arraes. O PT fez o anúncio no último domingo (20). Marília não compareceu à reunião, mas enviou representante.

No final do dia, a deputada emitiu nota em tom duro contra o PT, afirmando que os correligionários agem como “senhores de seu destino”. Ela desautorizou as negociações envolvendo seu nome para o Senado e disse que vai anunciar nos próximos dias seu caminho nas eleições de 2022.

Na segunda (21), Marília se encontrou com Lula para discutir a crise. Humberto Costa disse à TV GGN que o partido ainda não sabe se Lula convenceu a parlamentar a aceitar a candidatura ao Senado pelo PT. Marília tem conversado com o MDB e Solidariedade.

Assista a entrevista abaixo:

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

View Comments

Recent Posts

Governo federal organiza força-tarefa para trabalho no RS

Escritório de monitoramento em Porto Alegre vai concentrar dados sobre ações a serem tomadas por…

12 horas ago

Justiça anula votação e interrompe venda da Sabesp

Decisão afirma que Câmara dos Vereadores de São Paulo aprovou texto sem realizar audiência pública…

13 horas ago

União e Espírito Santo rejeitam proposta da Vale/Samarco

Oferta de compensação apresentada pelas mineradoras “não representa avanço em relação à proposta anterior (...)”

15 horas ago

Concurso Nacional Unificado é adiado por estado de calamidade do RS

"O nosso objetivo, desde o início, é garantir o acesso de todos os candidatos", disse…

15 horas ago

Ministro Alexandre de Moraes determina soltura de Mauro Cid

Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro assinou acordo de colaboração premiada; militar estava preso desde…

15 horas ago

A pequena recuperação da indústria, por Luís Nassif

Em 12 meses, a indústria geral cresceu 2,27%. E, em relação ao mesmo período de…

15 horas ago