A fuga da elite que se entediou do Brasil, por Saul Leblon

Foto: Beto Barata/PR
Enviado por Adir Tavares
Da Carta Maior
Elites se dissociam do destino nacional e consideram Temer de bom tamanho para cuidar da única república que lhes interessa: a taxa real de juro
por Saul Leblon, Carta Maior
A elite se entediou do Brasil.
Economistas de bancos, gente bem sucedida de berço, executivos prestigiados estão se desfazendo de ativos e participações no país e rumam para temporadas sabáticas no exterior.
O comboio classe A reedita no ‘formato pessoa física’ o percurso que o patrimônio, o chamado dinheiro grosso, sempre fez e continua a fazer.
A explicação para o enfado é a resiliência dos impasses que o golpe tarda a resolver.
Nada contra o golpe, a nonchalance é … com o Brasil.
O país secularmente marcado por crises recorrentes, desta vez não parece reunir tônus para superar seus gargalos.

Pelo menos não do ponto de vista descortinado do mirante dos que nunca sofreram na carne os efeitos dos reveses pátrios, embora sempre tenham se beneficiado dos ciclos de alta.
Persio Arida, o ex-menino prodígio do Plano Real, doutor pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), é um dos que afivelam malas em direção ao embarque internacional.
Carrega na bagagem a tranquilidade financeira de quem presidiu o BNDES no governo do PSDB.
De lá migrou junto com a então esposa, Elena Landau (que dirigiu o plano de privatização tucano no mesmo banco) para o Opportunity, de Daniel Dantas.
Ali, o casal de tucanos exerceria a republicana função de orientar o capital estrangeiro na compra de ações de estatais privatizáveis.
Arida está se desfazendo também da participação graúda no conselho do BTG-Pactual, o banco que presidiu quando o titular, André Esteves, foi preso por corrupção: compra de emendas no balcão de Eduardo Cunha.
Na juventude nos anos 70, o economista tucano, agora aos 65 anos, militou na resistência armada à ditadura como membro da VAR-Palmares, a mesma organização da ex-presidenta Dilma Rousseff, da qual diverge radicalmente hoje.
Definindo-se como um liberal completo, ele deixa para trás as pendências materiais produzidas por esse choque de ideias para um retiro em Oxford, na Inglaterra.
A partir de setembro ministrará workshops na Blavatnik School of Goverment aproveitando o tempo livre para escrever suas memórias.
Outro titã do Plano Real, André Lara Resende, já decolou há mais tempo.
Foi viver, pedalar, cavalgar e refletir sobre os impasses brasileiros longe do objeto em transe.
Primeiro, como fellow scholar da Universidade de Oxford, na Inglaterra, para onde teria levado seus cavalos de corrida a bordo de aviões fretados; mais recentemente, como morador em Tribeca, nos EUA, e professor visitante da Columbia.
Sugestivamente, Lara Resende também recheou o currículo com uma passagem na presidência do BNDES, sob o governo tucano de FHC.
Em 1998 teve que deixar o cargo, ejetado pelo escândalo da privatização da telefonia brasileira.
Como se recorda, gravações envolvendo Fernando Henrique Cardoso e o então ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, vieram à tona, então.
Numa delas, Lara Resende fala em ‘acionar a bomba atômica’ (FHC) para obrigar um fundo ligado ao setor público a apoiar um consórcio privado interessado nas teles.
Os diálogos demonstraram que o BNDES e o governo como um todo teriam atingido o ‘limite da responsabilidade’ (frase de Mendonça) nas articulações com grupos de interesses no rateio de um negócio milionário.
Apesar das suspeitas de favorecimento e enriquecimento ilícito de tucanos graúdos e seus parentes miúdos, Lara Resende foi absolvido nas investigações.
O economista – que já fora sócio de Luiz Carlos Mendonça de Barros na criação do banco Matrix, em 1993, de sucesso meteórico na era tucana — está no país para lançar seu terceiro livro.
Intelectual respeitado como uma das mentes mais inquietas do conservadorismo, ele inverte a relação convencional que explica a anomalia do juro sideral praticado aqui como consequência e remédio da inflação alta.
A tese do tucano, que num primeiro momento assustou seus pares do mercado, é que ‘no Brasil o juro alto virou o indexador de preços do mercado’.
Mas calma, não é uma guinada esquerdista.
A aparente heterodoxia converge por linhas tortas ao velho ninho seminal da narrativa conservadora.
A origem do juro alto — que indexaria a inflação — é o déficit público.
‘O país é viciado no Estado’, diz o quadro tucano mais admirado por FHC.
‘O país gasta mais do que arrecada’, reiterou em entrevista tranquilizadora para os centuriões competitivos das mesas de operação.
A verdadeira inversão causal que seria dizer ‘o país arrecada menos do que gasta’ nunca esteve nas cogitações de Lara Resende.
Respiram aliviados os endinheirados que, segundo estudos do Senado brasileiro, auferiram em 2016 cerca de R$ 334 bilhões em lucros e dividendos livres de qualquer tributação.
A lógica intocada está na origem de uma crise avaliada por outro bico longo, José Serra – um dos responsáveis por ela — como ‘pior que a de 1964’.
Desta vez, no entanto, não são os perseguidos políticos que buscam os saguões do embarque internacional.
O movimento, na verdade, tornou-se perceptível porque atingiu, ademais de pavões e tucanos ilustres, justamente círculos bem postos da classe média alta, sem falar dos seus filhos, em eterna jeunesse dourée.
Fartos ou indiferentes eles se despedem de uma nação posta de joelhos, para retiros mais acolhedores, ainda que com menor grau acadêmico.
Miami e Lisboa lideram as preferencias aqui, sendo a capital portuguesa listada nas apreciações conservadoras, paradoxalmente, pelo bom momento econômico, social e cultural propiciado por políticas heterodoxas.
Obra da coalizão de esquerda que, sugestivamente, assumiu o poder português depois do fracasso de um governo austericida.
Dados da Receita Federal contabilizam 20.469 Declarações de Saída Definitiva do país só em 2016.
O salto é graúdo se comparado às estatísticas do início da década: 8.510 saídas definitivas em 2011, por exemplo.
Mais que a escala, importa ressaltar aqui a qualidade da resposta conservadora a um desmanche que ajudou a semear com afinco, mas de cuja colheita agora prefere manter-se à distância.
São tempos interessantes.
Na letra miúda do descaso elitista com a sorte da nação define-se, por contraposição, o verdadeiro lastro à pertinência da ideia de Estado, democracia e desenvolvimento em nosso tempo.
Quem de fato sustenta essa sobrevivência porque dela necessita como a corrente sanguínea precisa dos músculos cardíacos para não coagular é o povo brasileiro.
A maciça, esférica maioria de homens, mulheres, idosos, jovens e crianças do país não pode prescindir desses ‘anacronismos’, no dizer neoliberal, sob pena de se tornarem eles próprios anacrônicos na fila cada vez mais estreita e seletiva do ingresso ao estado das artes da civilização.
A indiferença dos de cima complica sobremaneira o acesso dos que dependem da construção uma república de todos nestes 8,5 milhões de kms2 de segregação e riquezas desigualmente auferidas.
Se vivo, o coronel Pedro Nunes Tamarindo, protagonista da Guerra dos Canudos (1896-1897), perfilaria ao lado dos Aridas e Resendes que se escafedem, a bradar o famoso bordão: ‘É tempo de murici, que cada um cuide de si’.
A evocação à debandada corresponde ao empoçamento do futuro para a grande Canudos cuja sorte está atada à superação progressista dos gargalos do desenvolvimento brasileiro.
Da servidão rentista do século XXI ela não se livrará pela lógica de mercado.
Pelo menos é o que se pode depreender da estratégia que gestores de fortunas reservam ao pecúlio sob a sua guarda.
Luis Stuhlberger, dirigente e estrategista do fundo Verde é um caso ilustrativo de exílio financeiro dentro do próprio país.
Ele tem a guarda de algo como R$ 20 bilhões em espécie de ricaços e empresas.
Mas não se dispõe a correr nenhum risco com investimentos de longo prazo, desses que o país necessita desesperadamente para sair do pântano recessivo.
Sua escolha alinha-se a lógica dos que batem asas de costas para a encruzilhada nacional, reduzindo os laços à frequência e intensidade do hotmoney de estadia curta.
‘A única coisa que tem no fundo hoje é uma posição grande –metade do fundo– em NTN-B com ‘duration’ (prazo médio) curta. De Brasil é isso. Tenho CDI com NTN-B. Nem diria que é uma aposta (são papéis de autoproteção)’, explica o estrategista do ‘Verde’, um dos maiores fundos de ‘investimento’ do país.
O exílio do dinheiro grosso na dívida pública é um garrote vil.
Para garantir a remuneração da riqueza privada, que tem na dívida pública a sua contrapartida de miséria, o mercado, a mídia e a escória política fizeram uma sublevação e derrubaram uma Presidenta honesta.
Substituíram-na por um plantel de achacadores profissionais da política.
Agora, nem o Estado investe em infraestrutura, nem os gestores privados querem correr o risco, preferindo exortar as tarraxas do arrocho.
Câmbio favorável à exportação, previsibilidade fiscal, taxa de juro civilizada incluem-se entre os ingredientes da difícil calibragem macroeconômica de qualquer nação em luta pelo desenvolvimento.
Mas a verdade, a dura verdade, é que não bastam; sobretudo, não brotam jamais dos ‘impulsos’ do próprio sistema cantado pelos sacerdotes dos ‘mercados racionais’, como mostra o raciocínio dos gestores da riqueza na hora do aperto.
Enfim, a crise econômica atual não se explica nem se resolve nela mesma.
Atribuir a pasmaceira do país exclusivamente aos ‘erros da Dilma’ – ilusão ruminada inclusive por segmentos à esquerda; ou o cacoete daqueles que transpirando preconceito de classe acusam o ‘voluntarismo lulopopulista’ de responsável pelos gargalos estruturais de um dos sistemas econômicos mais injustos da face da terra, são miragens de quem se recusa a encarar o deserto a transpor e prefere retiros confortáveis enquanto a guerra civil se arma por aqui.
Os riscos decorrentes são enormes.
Num extremo encontram-se as saídas voluntaristas, de verbalização tão simples quanto falsa.
No outro, a ‘rendição dos sensatos’, esses que aparentando responsabilidade descartam irresponsavelmente qualquer alternativa ao armagedon recessivo exigido pelos mercados.
A colonização dos partidos de esquerda por essa lente embaçante de dupla película é uma das tragédias do nosso tempo.
‘O ponto importante’, explica o pensador marxista István Mészàros, ‘é que eles (os mercados capitalistas) vêm praticando orgias financeiras como resultado de uma crise estrutural do sistema produtivo’.
Insista-se: a terra em transe resulta de um traço estrutural do sistema capitalista nos dias que correm.
Ou, na síntese iluminadora de Mészàros: ‘A acumulação de capital não pode mais funcionar adequadamente no âmbito da economia produtiva’.
Seu apetite só se satisfaz na voragem de uma dança financeira descolada da produção.
Essa que capturou o Estado brasileiro para ser a negação da alavanca permeável ao interesse popular na luta por desenvolvimento e justiça social.
Resulta daí o impasse protagonizado por endinheirados que nem investem, nem permitem a tributação da riqueza para que o Estado possa fazê-lo.
Como formular e implantar uma política de desenvolvimento focada na construção de uma democracia social nesse ambiente de beligerância constitutiva?
Como fazê-lo contra um adversário capacitado a exercer, como de fato exerce pelas prerrogativas midiáticas e financeiras de que dispõe, seu poder de veto sobre as urnas, partidos, governos e o discernimento social?
O resultado dos desencontros é a crise.
Sobra capital especulativo no fundo Verde atado a títulos de ‘duration’ curta, de um lado.
De outro, a sociedade carece de infraestrutura, serviços, emprego e renda.
No arremate, a retração da atividade reduz ainda mais a margem de ação fiscal do governo.
Não por acaso, o golpe que veio corrigir a ‘gastança’ debate-se em sérias dificuldades para conter o déficit fiscal dentro da meta de R$ 139 bilhões, dependendo para isso de receitas extras que compensem a arrecadação aguada pela retração econômica.
Sem consertar o motor do desenvolvimento brasileiro o comboio não sairá do atoleiro.
Não se trata de uma falha mecânica, porém, mas de um desastre deliberado.
Decorridos 53 anos do golpe militar de 1964, quando tentou pela última vez modelar um país à sua imagem e semelhança, as elites se conformaram em fincar no endividamento público que tanto criticam seu porto seguro histórico.
Essa escolha custa 7% do PIB ao ano.
Juros e rolagem pagos em detrimento de outras prioridades cuja postergação gera múltiplos desse custo, conduzindo a espiral do apartheid em curso nas vísceras da nação.
A tolerância conservadora com quase uma década de políticas progressistas esgotou o prazo de validade quando ficou claro que a crise de 2008 marcava o crepúsculo da ordem neoliberal no mundo.
O comércio internacional cuja expansão feérica, duas vezes maior que a do PIB global, funcionou como força acomodatícia dos conflitos de classe secou seu poder lubrificante.
A consequente atrofia da receita fiscal deixou três opções ao passo seguinte do desenvolvimento brasileiro: I) endividamento público desestabilizador; II) reformas progressistas com taxação adicional da riqueza, ou III) um arrocho fiscal drástico.
‘O Brasil gasta mais do que arrecada’ tornou-se o bordão da opção que partiu para inviabilizar a ação do governo petista, declarando guerra aberta à Presidenta Dilma Rousseff já na metade final de seu primeiro governo.
O estopim foi a decisão presidencial, em 2012, de contornar a saturação do gasto público impondo ao mercado financeiro uma queda expressiva do juro e do crédito, a partir dos bancos estatais.
A manchete garrafal do jornal O Globo do dia sete de maio de 2012 trazia como resposta uma declaração de guerra ao governo: ‘Bancos reagem a Dilma e não garantem crédito maior’.
Em pronunciamento em horário nobre seis dias antes, no 1º de Maio, a Presidenta criticara o que chamou de ‘lógica perversa’ do sistema financeiro.
Foi além: qualificou de ‘roubo’ as tarifas cobradas para administrar fundos de investimento e pediu queda urgente das taxas de juros.
Ato contínuo, o Banco do Brasil anunciaria o seu terceiro corte indutor nas linhas de empréstimo.
A resposta do sindicato dos banqueiros (a Febraban) desaguava na insolência: não garantiria a oferta de crédito pedida pelo governo para assegurar o crescimento econômico.
E espicaçava: ‘Você pode levar um cavalo até a beira do rio, mas não conseguirá obrigá-lo a beber a água’.
Era a ordem unida à greve branca do capital, contra o projeto de desenvolvimento com cidadania para todos.
Uma parte da adesão ao lockout explica-se pela existência efetiva desequilíbrios macroeconômicos acumulados desde os anos 90.
Um exemplo: o câmbio valorizado.
Ademais de incentivar importações baratas, ele atrofiou a exportação, subtraiu demanda à indústria local, levou a uma integração desintegradora com as cadeias globais de suprimento e tecnologia.
Em vez de investir, fabricantes trocaram máquinas por guias de importação. E se tornaram sócios do endividamento público, aplicando sobras de capital em títulos, não em capacidade produtiva, empregos ou inovação.
As distorções explicam em parte os impasses da industrialização e do desenvolvimento nos dias que correm.
Mas não explicam tudo.
Quem vê no capitalismo apenas um sistema econômico, e não a dominação política intrínseca ao seu funcionamento derrapa no economicismo.
Ele subestima aspectos cruciais da encruzilhada atual.
Destravar um novo ciclo de investimento no país envolve – ademais da retificação de distorções desindustrializantes — uma disputa para mudar o comando do sistema financeiro na economia.
Que se completa com uma nova relação fiscal do Estado com a riqueza da plutocracia.
Essa que aderiu à ciranda rentista e dela não abdicará espontaneamente, necessitando ser tangida por instrumentos fiscais e de controle da conta de capitais — para evitar fuga de recursos e queima de reservas.
O que se instalou com o golpe de agosto de 2016 foi o oposto disso.
Uma democracia garroteada, humilhada e tutelada, de um lado, por juízes e mídia partidarizada; de outro, por uma escória parlamentar a serviço do mercado, que transformou o Congresso em uma assembleia permanente contra o povo.
O arrocho contido na PEC do Teto, que congela em termos reais orçamentos de serviços públicos subfinanciados, como é o caso da saúde, ilustra essa deriva programada do futuro da sociedade.
O banqueiro Roberto Setúbal explicitou a dissociação elitista com as consequências dessa engrenagem ao declarar ao jornal Valor Econômico no último sábado (24/06): ‘O momento é difícil, complexo, bem atrapalhado. Mas a economia está funcionando; as políticas são corretas, mantendo mais ou menos as coisas bem equilibradas. Houvesse políticas confusas, o problema seria maior’.
Às favas o fato de o país rastejar no fundo do precipício com um governo composto de achacadores, abrigar uma bomba social de 14 milhões de desempregados, ter R$55 bilhões em obras públicas paralisadas e um presidente aprovado por apenas 7% da sociedade.
Dá para levar, diz o dono do maior banco do país: ‘Houvesse políticas confusas, o problema seria maior’.
É tempo de murici, grita igualmente o sujeito oculto do golpe de 2016, o ex-presidente tucano, Fernando Henrique Cardoso.
Diante de um Brasil em ponto de desmanche, ele atualiza a teoria da dependência que defendeu como sociólogo nos anos 60 e personificou como presidente da República nos 90.
Agora, dando ao entreguismo uma dimensão salvacionista.
‘“O que puder privatizar, privatiza, porque não tem outro jeito. Essa não é minha formação cultural, mas não tem mais jeito, ou você realmente aumenta a dose de privatização, ou você vai ter de novo um assalto ao Estado pelos setores políticos e corporativos’, disse em declaração oportunista à imprensa dia 22/06.
É esse Brasil mantido em um formol de iniquidade, congelado fiscalmente pelo custo de uma dívida contraída junto a quem deveria ser taxado, decepado de ferramentas estatais indutoras do desenvolvimento que explica o descrédito popular na política e no futuro, emulado pela panaceia de um combate à corrupção cuja finalidade principal – que nem Moro disfarça mais — consiste em excluir o nome de Lula da cédula de 2018.
Titãs do mercado financeiro, competitivos estrategistas de fundos e bancos são assertivos em dizer que o futuro vai demorar muito para visitar de novo os trópicos.
A estagnação secular do mundo ricos, prevista por Larry Summers, ex-conselheiro econômico de Obama, como resultado de mudanças estruturais na economia e na sociedade coaguladas pela desordem neoliberal, chegou antes.
E durará tanto quanto seu cicerone político quiser um conservadorismo que se protege entre a dívida pública – em títulos de ‘duration’ curta — e o aeroporto.
Deixa aos da terra o emprego instável, informal e mal remunerado, característico da recuperação atual na Europa e nos EUA – aqui replicada a ferro e fogo pela reforma trabalhista que pretende implodir a CLT.
O engessamento de um Estados endividado e sem espaço para promover investimentos contracíclicos é outro garrote, cuja cristalização local representa a própria razão de ser do golpe.
A existência de elevada capacidade ociosa na indústria mundial e chinesa desautoriza, ao mesmo tempo, expectativas de expansão pela alavanca das exportações.
Sobra o quê?
O saldo desse capitalismo deixado à própria sorte – livre mercado — é o ‘murchamento’ produtivo, coroado por desigualdade crescente, uma regressão ordinária do trabalho e a tensão social permanente, embebida em nitroglicerina de marcas variadas: ódio de classe, xenofobia, guerra de tráfico, racismo, intolerâncias de gênero e outras ressurgências nazistas.
Mas pode ser diferente.
O Brasil tem trunfos com escala e densidade suficientes para ocuparem o motor de um novo ciclo de expansão industrializante, em sintonia com a revolução 4.0 que combina biotecnologia, informatização e robótica.
A reciclagem de seu sistema agrícola em práticas e manejos agro-sustentáveis é um exemplo; outro, o potencial de inovação e de transição para uma matriz verde contido no desenvolvimento da cadeia do pré-sal.
O requisito capaz de interligar esse potencial a um novo ciclo de desenvolvimento é a soberania na condução de suas possibilidades industrializantes.
Sem isso o futuro se esfarela nas remessas imediatistas das grandes corporações
Como está planejado para acontecer, graças ao projeto de liberação de terras aos estrangeiros, por exemplo; e do desmonte do modelo soberano de partilha do pré-sal.
Retomar os espaços de soberania e planejamento democrático constitui, assim, o requisito de vida ou morte diante desse cerco.
Para retirar essa chance do reino das ideias é vital reconhecer que os ciclos históricos tem um começo e tem um fim.
Vivemos essa intersecção típica em que o novo ainda não emergiu e o velho já não tem o que propor ao futuro.
O golpe é a manifestação mórbida mais explícita dessa encruzilhada.
Sacrificar 90% da sociedade para gerar riqueza em benefício de 1% é o que os donos do dinheiro tem a oferecer ao século XXI brasileiro. Alguns o fazem da forma mais cínica acenando da escada do avião.
Não há nada mais importante nesse momento do que organizar a capacitação do campo progressista para enfrentar a severidade dessa quadra histórica.
Ela requer o desassombro político para enxergar na debandada dos ‘entediados’ mais que um traço pitoreco da crise.
O auto-exílio financeiro aqui dentro mostra que é muito mais grave que isso.
Políticas de congelamento fiscal da nação em nitrogênio de arrocho por décadas informam a dimensão totalizante da revoada dos bacanas para remansos sabáticos no exterior.
Definitivamente, as elites abdicaram das responsabilidades e valores compartilhados que distinguem um ajuntamento demográfico de uma nação democrática e inclusiva.
Aquilo que nos devora, que nos faz girar em círculos até a prostração, é a hesitação diante da tarefa incontornável que essa abdicação cobra.
Em 12 anos de governos de centro esquerda foram dados passos efetivos na construção da nova fronteira de soberania por aqui: aquela calcada na justiça social e em alianças internacionais progressistas.
Descuidou-se, porém, do indispensável: a contrapartida da organização popular para sustentar e adicionar avanços a esse percurso.
O armagedon penetrou por essa fresta.
O Brasil só retomará seu desenvolvimento se esse erro for retificado sem hesitação, nem sectarismos, por uma frente democrática e popular que se proponha, claramente, a assumir a frente da nação e o comando do seu desenvolvimento.
Inclua-se nisso a disposição de negociar uma repactuação do desenvolvimento com todos os segmentos empresariais locais e estrangeiros; mas a partir dessa condição hegemônica organizada e programática.
Dotada dos instrumentos democráticos de Estado necessários ao exercício dessa hegemonia.
Portanto, não é obra que se possa atribuir a uma liderança ou a um partido isolado.
O Brasil necessita urgentemente viabilizar um novo braço coletivo.
Que seja maior do que a soma das partes, capaz de sacudir o torpor da esquerda, afrontar a soberba da direita, abrir espaço à organização popular e assim preencher o vácuo de futuro e esperança no qual a elite pretende asfixiar o destino de mais de 200 milhões de pessoas na oitava maior economia do planeta.
A travessia requer a força e o consentimento que só podem ser obtidos se a tendência à fragmentação for substituída pela construção urgente de um amplo palanque presidencial progressista.
Trata-se de reunir desde já todos os potenciais candidatos das forças democráticas, populares, socialistas, comunistas e nacionalistas.
Para fazer da campanha contra o golpe não o subtexto de uma gincana fratricida.
Mas a definição de uma nova referência de credibilidade histórica na vida da sociedade.
Na qual a nação se reconheça.
Porque reúne projeto e densidade organizativa para conduzir a reconciliação de todos os segmentos sociais interessados no sonho irresistível que é desfrutar uma verdadeira democracia social em seu próprio lugar e em sua própria vida.
Redação

Redação

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  • Muito bom. Esclareceu o golpe

    Muito bom. Esclareceu o golpe de estado à partir da crise do capitalismo e apontou o caminho para a salvação do país. Mas a união das esquerdas e do que restou de civilização na direita talvez seja tão utópico quanto a superação do capitalismo. 

  • Em busca de oásis no planeta azul?

    É prudente que esses fujões comecem a buscar refúgio em outro planeta.

    Pelo andar da carruagem, em breve não haverá paraíso na terra.

  • O Saul Leblon é foda. Pena

    O Saul Leblon é foda. Pena que seja tão prolixo. Mas de qualquer forma vale a leitura até o fim. Principalmente porque voce "ganha" de presente uma frase genial, "o Brasil arrecada muito menos do que gasta". 

    Essa simplres inversão é a chave para rebater a eterna ladainha do "gasta muito mais que arrecada". Um país do tamanho do Brasil com sua dívida social, nunca vai gastar muito. Sendo com educação, crédito, infraestrutura, salário, o que não é gasto, é investimento. 

    O problema claro está na arrecadação. Sonegações bilionárias, Marinhos que o digam, falta de taxação de grandes fortunas e enormes heranças, etc etc. O "nightmareteam" do Temer está aí para provar. O deficit aumenta quanto mais o Meireles corta. Só a Leitão acha (será mesmo?) que isso não ia acontecer, quando o gasto a ser cortado é o que aumentaria a arrecadação.

    Portanto quando um coxinha vier com esse papo de "não existe mais esquerda e direita", citarei a frase do Saul Leblon. "O Brasil arrecada muito menos do que gasta". Ou seja, a simples inversão de palavras de uma mesma frase explica a diferença entre esquerda e direita, mais vivas do que nunca

  • Esses que agora se retiram

    Esses que agora se retiram permanentemente do país serão logo seguidos pelos pobres de direita, batedores de panelas da CBF... Tão logo tenham terminado as 25 parcelas restantes do seu Honda Civic e consigam vender o apartamento financiado por 1/3 do valor original, isso, claro, se conseguirem obter o passaporte com a PF falida e descolem um trabalho de lavadores de privadas em Miami.

    • Pobres de direita em Miami?

      Difícil.

      Se conseguirem passaporte, esbarrarão na questão do visto, provavelmente negado.

      A não ser que se aventurem a cruzar a fronteira do México antes doTrump concluir o muro.

      Desconfio que nem os "heróis" da Lava Jato serão louvados e festejados quando lá chegarem, depois de cumprida a missão. O povo de lá é tão esquecido.  Não costumam honrar o que prometeram.

       

      • talvez tenham uma pequena

        talvez tenham uma pequena homenagem em uma tarde de homenagens no Congresso, ao lado de uma centena de outras forças tarefas que agiram na África e na Ásia.

  • Roberto Setúbal é o herdeiro que defende a meritocracia...

    Quá! Quá! Quá!

    Nesse evento, ele defendeu a meritocracia e foi aplaudido pelos basbaques. Que porra de meritocracia é essa? Genética? Ele teve merecimento porque, na loteria genética, foi sorteado e ganhou o prêmio de nascer bilionário? Em outras palavras: "Eu mereço porque o meu pai trepou com a minha mãe!"

  • Creio que o autor, a pesar de
    Creio que o autor, a pesar de acertar com algumas das causas da crise econômica do Brasil, erra em outras. E esses erros evidenciam a aceitação de dogmas da direita, que não deveriam ser tomados como base para a formulação de alternativas de esquerda às políticas públicas que vigoram hoje. Esses dogmas da direita supõem que os recursos financeiros do Estado são escasos perante demandas ilimitadas. Na visão da esquerda, a escasez de recursos estaria dada pelo próprio sistema capitalista, em crise: "crise estrutural do sistema produtivo" "a terra em transe resulta de um traço estrutural do sistema capitalista” A má tributação, que não extrai dos ricos o dinheiro disponível, imobiliza o Estado: "o impasse protagonizado por endinheirados que nem investem, nem permitem a tributação da riqueza para que o Estado possa fazê-lo.” "o país arrecada menos do que gasta” O Estado estaría maniatado, seja pela ineficácia marginal do gasto público, seja pelo alto endividamento "a retração da atividade reduz ainda mais a margem de ação fiscal do governo" "saturação do gasto público em 2012" "Estado endividado e sem espaço para promover investimentos contracíclicos” Dada a falta de vontade patriótica do capital de correr riscos para tirar o país do atraso, "nem o Estado investe em infraestrutura, nem os gestores privados querem correr o risco” restaria apenas 1 opção: taxar a riqueza para conseguir recursos, e depois, procurar equilibrar gastos com receitas. A consequente atrofia da receita fiscal deixou três opções: 
I) endividamento público desestabilizador; 
II) reformas progressistas com taxação adicional da riqueza, ou 
III) um arrocho fiscal drástico. O endividamento é desestabilizador (supõe limítes para o endividamento público) ou o arrocho fiscal drástico, pelo exposto no texto, é incompatível moralmente com a desigualdade social. Câmbio no lugar (um acerto), e tributação progressiva, mais responsabilidade fiscal: "previsibilidade fiscal, […] incluem-se entre os ingredientes da difícil calibragem macroeconômica de qualquer nação em luta pelo desenvolvimento.” Esse é o caminho. Outra opção é ou inaceitável ou falsa: "Saídas voluntaristas, de verbalização tão simples quanto falsa.” A mais recente teoría econômica mostra que há outro caminho, que os déficits fiscais são instrumentos de política econômica, não sintomas de irresponsabilidade, que cabe ao Estado emitir moeda e não há restrições fiscais para atuar quando o desemprego aumenta. A tributação acontece após o gasto fiscal, não antes. Concordo com o autor sobre a regressividade da política tributária no Brasil, o apetite psicopata do capital financeiro na hora de cobrar juros ao consumidor, o efeito deletério do câmbio valorizado sobre a indústria nacional e a conseguinte primarização da economia. Mas há muito espaço para o Estado modificar a situação atual. Cabe a esquerda se desvencilhar desses dogmas (abraçados pelo PT em parte durante o primeiro decenio, e totalmente nos últimos 2 anos, iniciando o desastre atual) e procurar novo marco teórico para entender as causas e apontar as soluções para a tragédia brasileira dos últimos anos.      

  • Que fiquem por lá

    Meus mais sinceros votos que esta elite, que dizem ser a pior elite do planeta se vá para o exterior, seja feliz  e fique por lá em definitivo, pois o " patriotismo " destas elites aqui não fará falta nenhuma.

    Por fim, todos que puderem ir para o exterior e se darem bem, acabarão indo, pois a diferença de carga tributária, aqui e lá é imensa, quase o dobro . Há relatos de pessoas que vendem uma casa aqui no Brasil, e compram duas com o mesmo dinheiro na Europa, ou nos EUA. E para a elite, comprar um green card não é difícil.

    Tudo aqui custa o dobro ou mais, e o salário mínimo descontado o câmbio costuma ser dez vezes menor, ou seja a diferença de preços chega a ser vinte vezes maior aqui.

    Chegou a hora de o povo perceber, que o país não sairá deste impasse. Nem pelas urnas, nem pelas ruas. Aqui é necessário meios mais efetivos para resolver a crise criada.

    A única solução, é ou sair do país para ter vida melhor lá fora, isto para quem puder, seja bem dito, ou o povo a longo prazo reduzir tanto a taxa de natalidade que absorva o desemprego e assim rebata a crise para o colo da elite que a criou. Nenhuma outra saída será viável, pois podem ter certeza que a elite bloqueou todas as outras saídas viáveis.

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    • E absorvem a classe média alta daqui?

      Muitos brasileiros com faculdade aqui vão pra lá ser "peão". E creio que muitos empresários bem sucedidos aqui vão ganhar bem menos se forem pra lá.

      • Peões que ganham bem

        Caro B.V.D.

        Em muitos países como Canadá e Austrália, até o salário de um faxineiro, ou de um pedreiro, é quase tão alto quanto o de uma pessoa que trabalha em escritórios. A diferença salarial lá é pequena em comparação ao que ocorre no Brasil. 

        Certo é que se puder ir para o exterior trabalhar em uma função especializada, será muito mais bem visto no país, e as chances de ter o visto rejeitado, serão pequenas. Certo é também que isto varia de país a país, Portugal por exemplo é péssimo para quem quer trabalhar de peão, uma vez que o desemprego lá é quase tão alto quanto o nosso.

        Com um salário mínimo que gira em torno de 2700 dólares, países como Canadá e Austrália atraem brasileiros, principalmente devido à carga tributária baixa, comparada a nossa. Muitos vão para o exterior para conseguir guardar dinheiro, voltam para o Brasil, e montam o seu próprio negócio aqui.

        O ideal é ir para o exterior com contrato de trabalho já fechado com empregador conhecido e confiável, para não entrar em fria. Tem um ex patrão meu que quando jovem foi para o exterior ser interprete de um jogador de futebol brasileiro, e ganhou tanto dinheiro, que ao voltar ao Brasil montou sua revenda de automóveis, hoje ele tem onze concessionárias autorizadas no interior paulista.

        Aqui um vídeo feito por um brasileiro que mora no exterior, explicando sobre como é ser peão lá fora:

         

        [video:https://www.youtube.com/watch?v=uEiB8sMtVac align:center]

        • Vídeo muito bom

          Tenho vontade de morar no Rio ou SP e este vídeo quase me fez querer tentar morar no exterior, se tivesse 20 e pouco mais acho até que iria. Rsrs

          Sua resposta teria sido melhor se citasse valores, como que quem ganha R$10-30mil por mês (fora o patrimônio) aqui, vive de boa lá.

          *Até o ano passado era esperançoso quanto ao país, melhorava a 5km/h, mas melhorava. Os maiores bandidos da onde eu nasci, e que quando criança achei que nunca seriam presos, foram presos. O 1º há 15 anos e o outro a 2. E você sabe de várias melhorias dos últimos 20 anos. Parece que você perdeu as esperanças, mas eu ainda tenho 1 resto delas.

          • Valores

            Que bom que gostou, caro B.V.D.

            Respondendo ao seu comentário: Ir para o Rio de Janeiro, ou para a cidade de São Paulo ? Sinceramente, eu não faria isto. Eu preferiria ir para alguma cidade pequena do interior, do sul ou sudeste, onde tenha alta renda per capita ( pode pesquisar isto na internet ) do que ir para uma cidade grande, como São Paulo onde tem geralmente mais de 1 milhão de desempregados de sua população de 12 milhões de habitantes, violência altíssima, assaltos, estresse, congestionamentos gigantescos, rios fedorentos, etc. Os ricos estão fugindo das grandes cidades, e indo para o interior, onde os padrões de vida quase que se igualam à Europa e EUA, tirando a alta carga tributária brasileira, claro.

            Mas com o desemprego reinante hoje em dia no Brasil, nem cidades do interior se salvam. São tempos de quem tem um emprego qualquer, segurar e não pensar em mudar, pois qualquer porto é um porto seguro numa tempestade.

            -----------------

            Ir para o exterior pode tanto ser um grande sucesso, como um péssimo negócio, dependendo de onde se vá e como se vá. . Muitos brasileiros que foram para os EUA acabaram tendo de trabalhar em trabalhos semi escravo, outros que foram para Portugal, sentiram na pele o preconceito que eles tem contra o trabalhador pouco qualificado, pois eles são muito sistemáticos para escolher imigrantes. Outros países como a Arábia saudita, os patrões seguram o passaporte do empregado até que ele cumpra o seu contrato de trabalho que pode ser de vários anos, o empregado enquanto isto não consegue sair do país. É bom se informar muito antes de ir para qualquer lugar para não se dar mal. Leis no exterior são extremamente mais severas do que no Brasil,e  é exigido uma produtividade muito maior do que aqui, a produtividade de um americano é de 5 vezes mais do que a de um brasileiro.

            Pessoas de mais idade, mais de 30, 40 anos tem dificuldade para encontrar emprego realmente, em quase qualquer lugar do mundo. O mercado de trabalho é preconceituoso e exclusivo, infelizmente.

            Foi-se o tempo em que se ia para o exterior sem destino, com apenas uma mochila nas costas. Eles nem aceitam, nem dão visto para um imigrante deste tipo. O ideal é se for imigrar,  ter um contrato de trabalho fechado antes de ir, sabendo onde vai se hospedar, quando vai voltar, etc.

            Não tenho esperanças nenhuma com relação ao Brasil, a elite vai dificultar ao máximo as coisas para o povo, daqui para frente, e dificilmente o povo conseguirá reaver o poder. O trabalhador daqui pra frente será cada vez mais marginalizado pelo governo, infelizmente. O segredo no Brasil daqui para frente, é ter diversas fonters de renda, salário, aluguéis para receber, aposentadoria, etc.

            Se eu fosse mais jovem, escolheria uma carreira militar aqui no Brasil, como oficial das Forças Armadas, emprego que paga mais de 6 mil reais por mês, e é muito valorizado pelo governo.

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            Valores

            Não tem como comparar valores do Brasil com o exterior. Tive amigos que eram Gerentes de banco no Brasil, ganhavam 4 mil reais por mês, saíram do Brasil para serem serventes de pedreiro no Canadá, ganhando mais do que ganhavam aqui, por que o câmbio do dólar é de 3 para 1, e o salário mínimo de 3 mil a 5 mil dolares por mês dependendo da provincia. Um salário mínimo lá daria  mais do que um salário de Gerente de Banco. Lógico que o custo de vida lá também seria muitíssimo mais caro do que aqui, no fim a vantagem não seria tão grande assim. E ninguém enriquece em país nenhum ganhando apenas um ou dois salários mínimos. Acho que o pessoal faz isto mais para pegar uma experiência e fluência em outra língua.

            Bom lembrar, que Canadá, Austrália, Europa geralmente só dão visto se você tiver nível superior, alto salário no seu país de origem, alguma especificação técnica que eles precisem. Teve alguns youtubers que disseram que o mínimo para se imigrar por conta própria para o Canadá é ter 100 mil reais. Por estas e outras que prefiro ficar no Brasil, pois o risco de se dar mal é muito grande, e com este dinheiro, valor absurdamente alto na minha opinião,  conseguiria montar um negócio por aqui mesmo.

            A elite tem milhões em conta corrente, por isto, se eles forem para o exterior e se derem mal em um emprego, ou em um país, o dinheiro deles cobre o erro, e eles podem recomeçar facilmente. Perder milhões numa decisão errada, não significa muito para a nossa elite. Para a maioria do povo são valores absurdos e impensáveis.

            Tem outros fatores, como a dificuldade para achar emprego lá se você não falar inglês fluente. Varia de pessoa para pessoa, alguns não se adaptam, e tem um fracasso imenso, chegando a passar fome, outros se adaptam e tem grande sucesso. O ideal é pesquisar muitíssimo, saber exatamente se vale ou não a pena imigrar, considerar todos os fatores, pesquisar sobre o lugar para onde se vai, sobre o empregador. Pesquisar perfil de empregador, ver se ele fala mal de ex empregados ( desistir imediatamente se ele falar mal de qualquer pessoa ) , etc.

             

            " Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas.

            Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota.

            Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas, pois as vencerá todas ..."

            Sun Tzu ( A Arte da guerra )

             

             

  • Um artigo instigante, denso,

    Um artigo instigante, denso, pode-se fazer alguns reparos mas no geral é profundo, tem conteudo.

    Minha conclusão do enredo é que o Brasil só sai do abismo com um PROJETO NACIONAL que hoje inexiste.

    O Brasil teve DOIS periodos de projeto nacional na Historia da Republica: o Estado Novo de 1937 a 1945 e o regime militar de 1964 ao fim do governo Geisel. Foram dois periodos em que o Brasil teve rumo definido.

    No contexto do Saul Leblon parece impossivel o Brasil achar seu caminho dentro do regime democratico, não há lideres e não há projetos alem de cada um ser eleito e reeleito e usufruir do poder.

    Sobre a elite que se exila, Saul falou de nomes conhecidos mas há centenas de empresarios que mudaram a residencia basicamente para Miami, mantendo aqui suas empresas até ver como fica o Brasil.

  • ‘“O que puder privatizar,

    ‘“O que puder privatizar, privatiza, porque não tem outro jeito. Essa não é minha formação cultural, mas não tem mais jeito, ou você realmente aumenta a dose de privatização, ou você vai ter de novo um assalto ao Estado pelos setores políticos e corporativos’, disse em declaração oportunista à imprensa dia 22/06.

    FHC é um canalha ou idiota... Os “setores políticos e corporativos” não assaltam ao Estado, assaltam em ultima análise a população que sustenta esse Estado. E o que os setores corporativos mais querem é justamente poder assaltá-los diretamente, ou seja, privatizar saúde, educação e tudo mais que puderem por as mãos.

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