Xadrez da prostituição no Judiciário

Dizem os penalistas que a prova testemunhal é a prostituta de todas as provas. Sem outras provas, corroborando o testemunho, não é considerada em nenhum processo sério. No entanto, está na base das denúncias movidas contra Lula e Dilma pela Lava Jato.

Pode haver algum exagero na expressão, e um preconceito condenável em relação às prostitutas, mas é didático como juiz e procuradores da Lava Jato se valem das “prostitutas” das provas.

Peça 1 – a teoria do choque e as torturas

Ewen Cameron e Donald Hebb foram dois psicólogos que desenvolveram métodos de lavagem cerebral através de eletrochoques. Os estudos foram financiados pela CIA e incorporados nos seus métodos de interrogatório.

A Lava Jato não se vale de tortura física, mas o processo de convencimento do réu é idêntico em ambos os casos. A conclusão principal dos dois psicólogos era a de que “a privação de estímulos (através da tortura) induz à regressão, despojando a mente do indivíduo do contato com o mundo exterior e forçando à regressão”.

Quando o prisioneiro mergulha em um estado de “choque psicológico”, ou “vivacidade interrompida”, é sinal de que está mais aberto a sugestões, mais disposto a ceder.

Em situações mais brandas, mas nem por isso menos drásticas, mantem-se o réu detido, sem contato com o mundo exterior, com família, sem acesso a notícias, até que entre no estado da “vivacidade interrompida”.

Aqui (https://goo.gl/vZpWOU) você tem uma explicação mais detalhada do método e das formas de utilização.

É evidente que a Lava Jato recorre a métodos de tortura psicológica para arrancar delações. As estatísticas com as quais se defende – a de que a maioria das delações foi firmada com delatores em liberdade – é primária.

Coloque dez prisioneiros em uma cela. Torture um deles. E passe aos nove restantes o exemplo do que poderá ocorrer com eles, se não aceitarem os termos propostos. Ao contrário, exiba as benesses que esperam os delatores, como Alberto Yousseff que terá até comissão sobre recursos que ajudar a recuperar.

A intenção última não é punir a corrupção, mas destruir o sistema político em que se funda o inimigo, o PT. As empreiteiras não estão sendo destruídas por serem corruptas, mas por se aliarem a esse modelo.

As delações principais foram obtidas sob tortura psicológica, de longos períodos de prisão temporária, até atingir o estado da “vivacidade interrompida”.

Peça 2 – a estratégia da delação

Para passar no teste da delação, os réus precisam da benevolência tanto dos procuradores quanto do juiz Sérgio Moro. Quem chia, não leva. Não tem tribunal superior, não tem STF (Supremo Tribunal Federal) que resolva. Todas as condições dependem exclusivamente de procuradores e juiz que tem lado e o objetivo maior de pegar Lula e Dilma.

Em uma Justiça séria, os tribunais consagrariam a seguinte ementa: “se não estiverem presentes os requisitos da prisão preventiva ou temporária, a delação premiada, como medida excepcional e por si questionável sob o prisma da dignidade humana, não tem valor algum para o processo penal.”

O roteiro é sem-graça, de tão identificável:

1. Identificam-se pessoas com as quais Lula ou Dilma tiveram qualquer contato.

2. Coloca-se como condição para a aceitação da delação declarações que comprometam um ou outro em algum crime. Basta ao réu dizer que Lula sabia isso, Dilma aquilo, que o Lula falou A e Dilma falou B.

3. Coloca-se o acusado na situação chamada “prova negativa”, ou seja, a prova de um fato negativo. É uma prova tão impossível de produzir, que o direito canônico a batizou de “prova diabólica”, pois só o diabo poderia produzir.

4. Comprovando que até o diabo brasileiro é primário, parte dos delatados dirá que não tem como apresentar provas porque Lula os orientou a destruir as provas. E a falta de provas passa a ser a prova dos crimes de Lula. É o axioma no. 1 da Lava Jato.

Aí, intima-se Lula para um interrogatório. Ele admite que se encontrou com o delator em determinada circunstância, teve determinada conversa, mas em nenhum momento mandou ocultar provas. Prove que não falou! Não provou? Então é suspeito de obstrução de Justiça.

Peça 3 – a mercearia e os advogados amigos

Com a quantidade de delações em curso, e com a possibilidade de terem co-autoria no roteiro, a Procuradoria Geral da República, a Lava Jato e o juiz Sérgio Moro montam uma verdadeira mercearia, com condimentos para qualquer receita de bolo. Tem especiarias da Índia, da China, do Japão, einsbein da Alemanha, hot dog dos EUA, o que o freguês precisar, a mercearia fornece.

O senhor deseja um processo que mostre que a ex-presidente Dilma Rousseff sabia do caixa 2? Por enquanto, não temos, porque nenhum executivo da Odebrecht se dispôs a bancar essa denúncia. Mas temos a dona Mônica Moura, que pode servir.

Como o advogado precisa ser da estrita confiança da Força Tarefa – e como os honorários não são nada desprezíveis – ao lado dos grandes penalistas nacionais entram os amigos da família.

No caso de Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, uma prova documental sem nenhum valor para a denúncia contra Dilma – fac-símile de um suposto e-mail enviado por Dilma, que não tinha sequer remetente e destinatário, com um texto que não significava nada – permitiu levantar provas contra… a Lava Jato.

O escritório Delivar de Mattos Advogados Associados tem como sócio Rodrigo Castor de Mattos, irmão de Diogo Castor de Mattos, procurador da Lava Jato. Segundo informou a Lava Jato, o escritório só entrou com pedido para ser representante legal dos marqueteiros no dia 17 de abril de 2017. A delação foi concluída 30 dias antes.

Mas o tal e-mail foi registrado em cartório em de 30 de julho de 2016. E a pessoa que registrou era estagiário do mesmo escritório. Ou seja, o escritório do irmão do procurador já atuava informalmente para Mônica oito meses antes da sua delação, ajudando a construir provas documentais.

Esse mesmo espírito de compadrio transformou um advogado enrolado – Marlus Arns – no advogado da delação de Eduardo Cunha. Até então, o maior feito de Marlus era o controle sobre as ações das APAEs no estado, que lhe eram passadas pela diretora jurídica da Federação, esposa de Sérgio Moro.

Peça 4 – a conspiração do Judiciário

·      Pesquisas de opinião dando Lula como favorito em 2018.

·      As mesmas pesquisas dando conta do desmanche do PSDB.

·      Greve geral que se espalha por todo o país.

·      Manifestantes tomando as ruas de Curitiba em solidariedade a Lula.

·      Interrogatório de Sérgio Moro e da Lava Jato, com o juiz assumindo ostensivamente o lado da acusação.

·      Resultado final favorável a Lula, no interrogatório movido por Moro.

Com a quitanda fornida, monta-se o contra-ataque, um exercício concatenado capaz de enrubescer um magistrado britânico, mas plenamente aceito por esses cantos.

Movimento 1 – juiz Ricardo Leite dos Santos

Na mesma semana do interrogatório de Lula, o juiz brasiliense ordenou o fechamento do Instituto Lula – sem ter sido solicitado pelo Ministério Público Federal – e a condução coercitiva de mais de 30 funcionários do BNDES.

Movimento 2 – o Ministro Luiz Edson Fachin

Segurou durante semanas os depoimentos de João Santana e esposa e deu publicidade em cima da bucha, colocando mais lenha na fogueira da inquisição.

Movimento 3 – o Procurador Geral Eleitoral

Com base nas delações dos marqueteiros, o PGE pede a condenação de Dilma e a absolvição de Michel Temer, porque os marqueteiros só mencionaram Dilma. “É possível concluir que a representada tinha conhecimento da forma como a Odebrecht estava financiando sua campanha eleitoral, dos ilícitos praticados em benefício da sua candidatura, com eles anuindo. Tendo ciência dos acontecimentos, bastava à representada coibir ou censurar a prática de tais condutas”.

Segundo o bravo procurador eleitoral, os dois marqueteiros afirmaram “textualmente” que Dilma prevaricou. Para enfatizar melhor a relevância da prova, deveria informar que nem usaram teleprompter.

O fato de executivos da Odebrecht terem afirmado que negociaram valores em uma reunião no próprio Palácio Jaburu, presente Michel Temer (portanto em pleno exercício do mandato de vice-presidente), não tem importância. Vá que ele resolva acabar com a lista tríplice para a PGR.

PS – Há pouco, foi divulgado o parecer do PGE, pela impossibilidade de separar Dilma de Temer no julgamento.

Movimento 4 – a mídia

O colunista Merval Pereira propõe a prisão de Dilma Rousseff, reeditando personagens célebres dos anos 60 e 70, como Amaral Neto, José Maria Marin e Cláudio Marques – comentarista que fez campanha sistemática pela TV Bandeirante para a prisão de Vladimir Herzog.

Veja solta uma capa com dona Marisa, trazendo de volta o jornalismo de esgoto que a consagrou.

Todos esses movimentos tentam reeditar o mesmo clima de caça às bruxas que marcou o terrível período da campanha do impeachment.

Movimento 5 – a Polícia Federal

Hoje, um indiciamento ridículo (porque indiciamento da PF não tem o menor valor legal) de Lula, pela aprovação da Medida Provisória 471, da indústria automobilística, aprovada no governo Dilma com o voto de todas as lideranças partidárias.

Movimento 6 – o Supremo

E aí se chega ao Supremo a última trincheira da Constituição e dos direitos individuais.

O melhor exemplo é o decano Celso de Melo. Depois que o pleno do Supremo autorizou prisão após a 2a instância, Celso concedeu um habeas corpus, indo contra a posição majoritária da casa. Agora, com Lula, diz que seguirá entendimento da maioria.

Peça 5 – o fracasso da estratégia positiva

No mercado, realização do prejuízo se refere ao investidor que cansou de esperar pela recuperação das suas ações e as vende, mesmo tendo prejuízo.

O sistema entrou em processo de realização de prejuízo com as lideranças tucanas nas quais investiu nas últimas décadas.  Aécio, Serra e Alckmin estão fora do jogo. Haverá a tentativa de construir perfis alternativos.

Tudo poderia se constituir em mais um caso clássico do golpismo latino-americano, não fosse o elemento novo contemporâneo: com as redes sociais, o tempo político tornou-se tremendamente rápido: não se constroem mais mitos como antigamente.

Antes, a velocidade das notícias era lenta. Criava-se um fato político, a imprensa ficava ruminando durante dias e dias, como boi no pasto. Aí surgia outro fato, e mais um período lento de ruminação. Era possível traçar estratégias golpistas e mantê-las sob relativo controle.

Além disso, os padrões tecnológicos de outros tempos – com pouca exibição pública dos personagens políticos – permitiam a construção lenta no imaginário popular. Poucos viam Jânio Quadros em carne e osso. As idas a botecos, os lances de marketing entravam no circuito da notícia e se espalhavam como lendas urbanas, criando um personagem mágico porque apresentado em pequenas doses.

Havia um processo de crescimento e queda dos políticos, curvas de popularidade e fastio, bastante perceptíveis e previsíveis. Mesmo o meteoro Fernando Collor teve uma exposição muitíssimas vezes menor do que a teria nesses tempos de redes sociais.

Hoje em dia, não. João Dória entrou na era das redes sociais com hiperdosagem de visibilidade. Seus filmetes diários, com biquinho de jovem sexagenário emburrado, com seus factoides de fantasia, confundindo má criação com determinação, estão virando o fio mal começaram . A hiperdosagem potencializa os defeitos. Para conseguir manter o fogo alto, terá que ampliar em muito sua imaginação.

Portanto, o lugar do tertius em breve voltará a ser vago.

Cena 6 – o difícil caminho do consenso

Os becos sem saída de uma conspiração descerebrada abrem a possibilidade – ainda distante – de começar alguma articulação para uma tentativa de candidatura de consenso.

Infelizmente, o país padece de uma ignorância coletiva que não poupa nenhum extrato social. Não é à toa que exibe recordes mundiais de violência. Seja por herança da colonização portuguesa, do empreendedorismo selvagem das primeiras bandeiras, seja pelo sangue latino, há uma tendência de resolver tudo “no braço”, de partir para o tudo ou nada, como se fosse possível a uma nação da dimensão da brasileira conviver com metade do país derrotado e sob vara.

Ora, a construção de um país moderno não pode prescindir de nenhum dos atores sociais e econômicos. E será impossível essa junção sem a coesão social, com pactos que administrem os conflitos distributivos, abram espaço para o empreendedorismo, para o trabalho digno, para o fortalecimento das empresas nacionais, para a contribuição das multinacionais.

Em geral, momentos de consenso se apresentam apenas depois de grandes desastres políticos. Portanto, ainda há um bom caminho a se percorrer até se bater no fundo do poço.

 

Luis Nassif

Luis Nassif

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  • A maior corrupção está sendo praticada pelo sistema penal

    As bizarrices de uma justiça partidarizada...será que há maior corrupção do que isso que tem sido a nós revelado nos últimos anos a titulo de se dar um golpe de Estado para cessar a democracia:

    Juiz que suspendeu posse de Lula participou de manifestação anti-Dilma, por Lauro Jardim, em O Globo

    Reprodução | Facebook 
    O juiz Itagiba Cata Preta Neto, da 4ª Vara Federal do Distrito Federal, que suspendeu há pouco a posse de Lula, acabou de retirar do ar sua página no Facebook.Entre as páginas que Cata Preta curtia, uma do Movimento Brasil Livre, um dos mais ativos pró-impeachment, e outra do próprio Lula. Reprodução | Facebook Cata Preta tinha 1.025 amigos, se dizia flamenguista e era um ativo divulgador de notícias sobre os protestos contra corrupção. Ele participou de atos contra Dilma Rousseff.Esse será o mote para que a Advocacia-Geral da União entre com um pedido de suspeição do juiz no recurso que vai impetrar para que Lula seja reintegrado a Casa Civil.    

  • Nassif: dê nome aos bois

    Nassif

    (1) Existe o Projeto Brasil Nação coordenado por Bresser Pereira.

    (2) Stédile e Boulos, juntos, afirmaram a necessidade de união.

    (3) analistas políticos, como Aldo Fornazieri, apontam a necessidade da ação das forças progressistas.

    Quem é que está com o pé na porta, impedindo a união dos democratas e uma reação aos fascistas ? A questão é o nome do candidato à Presidente que vai liderar o processo ? Ou a divergência está na definição da estratégia ?

    Para nós, que não temos contato com os bastidores, fica difícil saber quem ou o quê está travando o Projeto.

    • Marcos, todo mundo sabe que

      Marcos, todo mundo sabe que quem está com o pé na porta impedindo esta união e o desenrolar de uma estratégia é o Lula. Lula não muda. Ele é o ranço do passado. Tem um currículo único e maravilhoso em termos de feitos que ninguém questiona, mas não fez nada para evitar o golpe, nem ele e tampouco a Dilma, e seu discurso é o mesmo, o da conciliação estúpida e imbecil que no Brasil nunca deu certo, o povo sempre foi passado prá traz, num momento histórico em que sequer as condições para essa conciliação existem.

  • E a resistência?

    Mais uma bela análise do Nassif. Está cada vez mais clara o método da Lava jato tanto no espaço quanto no tempo. O fim do respeito aos direitos e garantias individuais. A construção de um inimigo imaginário (Lula, Dilma...) que precisa ser combatido com todo abuso e seletividade. Uma promiscuidade entre acusador e julgador que leva a muita força contra o PT e muita fraqueza com o PSDB. E toda uma cobertura articulada e cínica da mídia hegemônica sobre a operação.

    E a resistência a esse estado de exceção? A lava jato é uma grave ameaça a ordem democratica. Só não enxerga isso o ingenuo ou o mal intencionado. Tem que ter alguma estratégia para consecução de uma especie de campanha da legalidade. Resgatar a ordem juridica exige o combate aos abusos da lava jato.Fora disso temos o risco real de um estado de exceção duradouro. 

  • Mídia ensaia retorno do trio-propina: Aécio, Serra e Alckmin

    A mídia está ensaiando um retorno desses 3 delatados até o pescoço... é só questão de tempo... podem esperar o retorno com Lava-Jato, contas em paraísos fiscais e tudo.

    Se até Arruda "deu a volta por cima" nas páginas da Veja... imagina esses 3 queridinhos da mídia. Vai ser uma sequência de "deu a volta por cima" sincronizada em jornais locais, nacionais e internet... até limpar a barra dos tucanos.

    Aos poucos vejo pequenas reportagens com Aécio, Serra e Alckmin emitindo opiniões sobre política, como se tivessem moral para abrir a boca com dinheiro de propina entalado na garganta.

  • "Infelizmente, o país padece

    "Infelizmente, o país padece de uma ignorância coletiva que não poupa nenhum extrato social. Não é à toa que exibe recordes mundiais de violência. Seja por herança da colonização portuguesa, do empreendedorismo selvagem das primeiras bandeiras, seja pelo sangue latino, há uma tendência de resolver tudo "no braço", de partir para o tudo ou nada, como se fosse possível a uma nação da dimensão da brasileira conviver com metade do país derrotado e sob vara."

    Eu tenho visto que talvez o maior problema do Brasil como sociedade é bem esse que você descreveu. Em especial a parte em que uma minoria julga-se no direito de escravizar todos os outros e aonde eles acham que é normal exigir que os outros obedeçam e sirvam sem questionamentos. Você não notou como o ódio contra Lula é completamente irracional? Porque odiar um líder nato que ergueu o país à condição de emergente mesmo que por um breve período?

    Porque Lula é da senzala como vocês dizem, e a "elite" brasileira foi ensinada desde o nascimento que lugar de "escravo" é na senzala e que devem liquidar com extrema violência qualquer tentativa dos escravos de se revoltar, aonde "revoltar-se" pode ser até mesmo discordar das ordens dadas por esta elite. É daonde se origina tanta violência e ódio contra os pobres.

    E vocês não vão conseguir negociar com essa gente, esses escravocratas, porque na visão de mundo deles é a mesma coisa que aceitar dialogar com escravos (vocês são escravos no "mundo" deles) e eles preferem morrer a fazer isso.

  • Excelente, como sempre.

    Mas...: 1. Enquanto as prisões como forma de tortura eram apenas para o andar de baixo, quase ninguém se preocupou com isso, nem mesmo Lula, Dilma ou o PT no governo. Então, existe uma irônica justiça nisso. 2. Reclama-se de autoritarismo. O que foi feito por Lula, Dilma e o PT para combater esse viés autoritário na sociedade brasileira? Revogou-se a lei de segurança nacional? Não, e ainda foi criada uma lei antiterrorismo, agora sendo usada contra manifestantes e movimentos sociais. Poderiam ser citadas mil outras coisas que não foram feitas ou foram feitas de modo errado. 3. A mídia oligopolizada é parte fundamental do processo. O que fizeram para democratiza-la? Nada, uma vez mais. 4. Quem escolheu a maioria dos valentes e isentos ministros dos tribunais superiores?

    Então, tenho pena é do povo brasileiro. Quanto a Lula, Dilma e demais petistas, caso venham a se ferrar, estarão pagando pela própria estupidez. 

  • Causa e efeito

    "A intenção última não é punir a corrupção, mas destruir o sistema político em que se funda o inimigo, o PT. As empreiteiras não estão sendo destruídas por serem corruptas, mas por se aliarem a esse modelo." Demorou, Nassif.

    Uma observação, as empreiteiras não estão sendo destruidas porque "se aliaram a esse modelo", mas porque são o meio para alcançar o fim: "destruir o sistema político em que se funda o inimigo, o PT"

    Aliás, os políticos não derrubaram a Dilma para acabar com a Lava Jato.

    Foi a Lava Jato quem os forçou a derrubar a Dilma para não serem pegos.

    A mensagem era clara: derrubam a Dilma ou todos vão parar na cadeia.

    E assim foi feito. E agora os Jucás, Padilhas, Temers, Aécios, Moreiras, Gedeis e cia, já podem respirar aliviado pela missão cumprida.

    E o Cunha? Ora, o Cunha foi apenas boi de piranha. Afinal, alguém tem que pagar o pato.

     

    • Falando em prostituição...

      Ainda aposto no "acuse-os do que você faz", caro Rpv. Se o PT tivesse se alinhado com, como você diz, "Jucás, Padilhas, Temers, Aécios, Moreiras, Gedeis e cia" em suas práticas corruptas, não teria perdido a base parlamentar e não sofreria o impeachment. Não precisaria nem mudar o programa de governo, de soberania e inclusão, não precisaria nem ter chamado um Levy, por exemplo. Bastaria que aceitasse o jogo que vinha sendo jogado desde sempre. Bastava votar a favor de Cunha naquele imbróglio das contas no exterior.

      Resultado: políticos do PT não apenas sem contas milionárias "off shore" ou em Lichtenstein, sem mansões em enormes fazendas em Goiás ou no Nordeste, sem emissora de TV ou rádio, sem avião particular, sem milhões de empresas "paralelas", sem apoio nem das FFAA nem do Judiciário, com a reputação abalada pelo cartel tácito das empresas de notícias e ainda por cima fora do governo. Toda essa gente só sabia - e pelo jeito ainda é só o que sabe - jogar o jogo antigo. Ah! E Lula deveria ter se aberto todo ante o cumprimento de Obama, corado até de tão lisonjeiro que foi ter sido chamado de "o cara" pelo dono do mundo, naquele momento. E jamais ter tentado um BRICS nem ter recusado visitar o túmulo do sionista, em Israel...

      Haddad também tentou modernizar e... olha só o "archaico" Dória que sobrou prá gente.

      ***

      Nassif já chamou algumas vezes a política de Dilma e do PT de "estado de bem-estar social", algo bem diferente de socialismo e mais ainda de comunismo, e acho que ele tem razão. Tava pensando o que, esse PT, que dependendo da classe política e da empresarial brasileiras, poderíamos ser modernos como uma Finlândia? Saúde francesa ou inglesa? Educação e saúde cubanas? Nada disso, por enquanto, segundo golpistas da iniciativa privada infiltrados na coisa pública, no máximo podemos tentar copiar esses lixos como EUA, estados esfolando seus cidadãos ou pior: os subalternos do lixo. Como se dizia antes, nem o cocô do cavalo do bandido e sim o cocô da mosca daquele cocô...

      Vai ser difícil interromper o golpe sem mudar a mentalidade desses empresários e políticos do golpe. E como não se ensina truque novo a cão velho, só mesmo com outros no lugar desses conservadores, talvez.

      Uma pena... O Brasil dos jovens se formando em escola técnica federal onde não havia nada, o Brasil dos brasileiros aprendendo a manter-se saudável com a medicina cubana, o Brasil pungente se mostrando ao mundo, vencendo a miséria, costurando a América Latina, o Brasil do otimismo fundamentado em fatos, enfim, vai ter que voltar à luta.

       

       

      • Mirou no Chico, acertou Francisco

        O Obama estava certo.

        Pela primeira e única vez em toda a nossa história nos sentimos uma Nação.

        500 anos de mais do mesmo, mas por um breve período, o escravo esteve fora da senzala, viveu e sentiu ser possível a liberdade.

        A casa-grande alvoroçou. Como admitir a petulância?

        A lição, o corretivo, ao rebelde e arrogante tem de ser exemplar, para que jamais se repita.  

        Uma revolução sem um tiro sequer! _Quem pensa que é?

        Quinta maior economia do planeta! _Quem é esse operário? Quem está com ele?

        Tem pobre na minha frente, na fila do aeroporto! _Tirem o nordestino já daí, tava até bonitinho, mas não precisa exagerar.

        Negociando livre e diretamente com as outras potências econômicas, Copa do Mundo, Olimpíadas... _Basta!

        Educação pública de primeira para todos, saúde idem. Uma Noruega tropical. _A cabeça numa bandeja!

        _Basta! Parou! Chega!

        E parou.

        Vida longa ao LULA, o bom homem, o mito brasileiro!     o cara.....

         

         

         

         

         

    • Corrupto é quem defende ou pratica a justiça seletiva

      Atualização: a delação do Machado era a espada que pairava sobre as cabeças dos pemedês, até eu pensei que aquilo era sério e que não haveria impeachment porque Temer e sua quadrilha iria prá cadeia. Mas como vc disse, era só uma forma de dizer: tá vendo turma do PMDB, ou derrubam Dilma ou estão todos presos...

      De fato eram esta a ameaça que pairava sobre a cabeça da quadrilha de Temer: ou derrubam Dilma ou estão todos presos. A PGR e cia soltava bombas no momento do "esquenta" impeachment, casando com as convocatórias feitas pela Globo, que ficava por conta da agitação e propaganda...sim, havia esta ameaça no ar por parte da Lava Jato: ou derrubam Dilma ou vcs vão saber o que é bom prá tosse, isso foi feito de roldão....Temer chegou a ficar no meio da roda....

      Corrupto é quem defende ou pratica a justiça seletiva

      https://josecarloslima.blogspot.com.br/2017/05/corrupto-e-quem-defende-ou-pratica.html

  • Lula é o centro político

    1. Ainda não atingimos o ponto de combustão e talvez nunca se chegue a ele. Os donos de poder no Brasil são muito competentes. Para exemplificar, basta comparar o tamanho da repressão na última ditadura brasileira com a dimensão dessa mesma repressão nas últimas ditaduras argentina, chilena e uruguaia. Vale comparar também o grau de resistência frente a essas mesmas ditaduras, aqui, na Argentina, no Chile e no Uruguai.
    2. A resistência ao golpe de 12 de maio de 2016, seja antes de sua ocorrência, seja após e até os dias atuais tem a cara de José Eduardo Cardoso. Formal, passiva, dispersa, envergonhada. Não chega nem a ser ritual, como quer Clarice Gurgel.
    3. O centro dessa resistência tem sido a defesa de Lula. Esse fato tem sido catalizador da resistência. Não tem sido a luta e a denúncia da expropriação de direitos sociais, políticos e trabalhistas feita pelo governo ilegítimo e pelo consórcio de poder que o sustenta. Não tem sido a luta pela impugnação da decisão ignóbil de 31 de agosto de 2016, a luta pelo retorno de Dilma, a punição aos conspiradores e a anulação de todas as decisões tomadas pelo governo ilegiltimo. Este foi naturalizado, como mostra a participação de Cardoso em uma fraternal mesa de debates londrina juntamente com Moro. Após, é provável, foram juntos a um pub, continuar o debate. Afinal, mesmo na terra da rainha, somos "republicanos".        
    4. Lula, hoje, representa o que resta do centro político, com tudo que isso implica. Lula, como ele mesmo diz, nunca teve qualquer viés socialista. Seus oito anos de governo foram de inserção pelo consumo da ampla camada da população excluída pela desigualdade econômica. Foi, portanto, de alargar o número de brasileiros que teriam acesso ao capitalismo no país.
    5. Ao representar o centro político, Lula é a única saída existente para o atual impasse. Seu martírio, mutatis mutandis, já é maior que o sofrido por JK frente aos golpistas civis e militares de 64. Lula reúne as totais condições para o diálogo com os golpistas e isso independe de sua eventual prisão, ao contrário. Ciro já compreendeu isso e essa é a provável causa dos ataques dele a Lula.
    6. Aquilo que seria a esquerda brasileira foi dragada pelo lulismo e sua enorme capacidade de atração. O processo e a perseguição a Lula são o ápice dessa destruição, que não é criativa. É imobilizadora. PSOL, PSTU, a própria esquerda do PT (sendo a Articulação de Esquerda de Valter Pomar o grupo mais relevante), MTST, MST são minúsculos frente ao desafio histórico posto. São menores, muito menores, sob qualquer parâmetro de análise, que a esquerda em 64.  
    7. No curto prazo, creio que o maior desafio para a resistência ao golpe é furar a sólida hegemonia golpista no Congresso. Para isso, a única saída é a resiliência das ruas, é ampliar o número de atos e de ações da resistência, são novas greves gerais, com maior número de dias. Mas, e essa é a grande questão, o comando lulista no poder na CUT tem interesse em radicalizar a luta contra o golpe?  

  • Longe do fundo

    Também entendo que estamos ainda muito longe do fundo do poço, mas com certeza nenhum projeto de reconstrução, nenhum pacto social, nada, absolutamente nada de positivo será possível à sociedade brasileira enquanto existir a Globo. Ou a Globo ou o Brasil!

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