Xadrez da revisão do projeto dos campeões nacionais

Peça 1 – o modelo dos campeões nacionais

O estrago promovido pela Lava Jato na economia obrigará a uma revisão dos conceitos de desenvolvimentismo – e não apenas no Brasil.

Em todos os países que assumiram protagonismo global, o grande instrumento de expansão do poder nacional foram as grandes empresas nacionais como agentes do poder externo do país.

Com o avanço da cooperação internacional, entre autoridades judiciárias dos diversos países, esse modelo entrou em xeque.

Peça 2 – a versão moralista do chutando a própria escada

Ao longo dos séculos, a expansão das empresas multinacionais se deu com corrupção e suborno, no financiamento político dos governos aliados dos países de origem e na conquista de mercados externos. Desse modelo se regalaram as empresas alemãs pós-guerra, como a Siemens, as grandes petroleiras e empreiteiras norte-americanas, os fabricantes de armas. E tudo com ampla complacência dos países de origem.

A partir do início do século 21, o combate à corrupção transacional de outros países tornou-se a principal arma geopolítica comercial norte-americana é. Trata-se de uma estratégia na qual se envolvem as corporações de Estado – FBI, NSA e CIA -, ONGs privadas, Departamento de Justiça. E, especialmente, o poder do Império.

A ação geopolítica norte-americana sempre atuou em duas frentes: as instituições de Estado e as parcerias (ONGs) privadas, um hard power da intervenção militar e um soft power das ações humanitárias. Em vez do discurso do ódio, do anticomunismo, propostas humanitárias, de defesa de princípios civilizatórios, meio ambiente, direitos das populações indígenas, combate à escravidão e outras formas de dumping social, combatendo vícios inerentes ao modelo de expansão das multinacionais das primeiras fases.

Com a ampliação da cooperação internacional, os avanços da espionagem eletrônica, o mapeamento dos fluxos financeiros em paraísos fiscais, as alianças com Ministérios Públicos e. Judiciário nacionais conferiram um poder matador ao país que possuía o poder imperial, os Estados Unidos.

Peça 3 – as tramoias do capital financeiro e do industrial

A maneira como o capital financeiro se apropria de fatias cada vez maiores do orçamento público é institucionalizada e impessoal. Desenvolve teorias pretensamente científicas para justificar os juros e abrir espaço para as diversas apropriações de recursos públicos. Mesmo as tramoias – vazamento de informações sobre leilões de títulos públicos e sobre decisões do Banco Central – não ficam ao alcance do público, seja pela sofisticação, seja pela cumplicidade da mídia.

Já as políticas industriais – aquelas que efetivamente têm reflexos no emprego, crescimento e poder das Nações –  são necessariamente seletivas. Os instrumentos utilizados são tarifas protecionistas, financiamento público, medidas tributárias. Basta o procurador juntar qualquer medida de política industrial com qualquer financiamento de campanha – independentemente da cronologia – para conseguir criminalizar governantes e políticas públicas.

É aí que se baseia a estratégia da ofensiva do capital financeiro sobre as propostas de políticas nacionais autônomas.

Peça 4 – as formas de intervenção externa

Há três formas básicas de intervenção externa – nem todas ilegítimas.

No plano institucional, a parceria dos EUA com o Ministério Público Federal e a Justiça, que arrebentou com alguns dos setores mais relevantes da economia brasileira, como o da engenharia nacional, liquidou com as pretensões brasileiras na África e América Latina e criminalizou políticas conhecidas de Estado -–como financiamentos às exportações de serviços.

A segunda maneira – subjacente à primeira – são as pressões norte-americanas sobre empresas brasileiras apanhadas em malfeitos no exterior, submetendo-as a intervenções diretas de olheiros norte-americanos. É o caso da Embraer, com um interventor fiscalizando de dentro da empresa, com acesso a todas as ações estratégicas da companhia.

A terceira parte são as ONGs do setor privado ligadas a direitos humanos, meio ambiente e outros temas humanitários, pretendendo submeter todos os atos de políticas públicas ao escrutínio internacional. É o caso da ONG Conectas que defende que todo o financiamento do BNDES seja submetido à analise internacional de avaliação de impactos sociais e ambientais.

Peça 5 – os agentes internacionais

Nem se pense em condenar o combate à corrupção e a defesa de bandeiras sociais e ambientais como ações ilegítimas. São bandeiras civilizatórias, necessárias para o aprimoramento social, cultural do país. Reconhecer efeitos antinacionais de suas ações não tira sua legitimidade. Significaria considerar incompatível projetos de país com respeito a avanços sociais e ambientais.

A própria Conectas têm se colocado de forma incisiva contra a selvageria das reformas institucionais, contra a violência da PM nas manifestações populares, contra os massacres de maio de 2006.

Mesmo o MPF tem uma área de defesa de direitos sociais e direitos difusos com grande contribuição às causas sociais. Entre os procuradores, há alguns de bom nível de lado a lado, os liberais e os que enxergam o Estado de forma mais complexa. Mas a resultante, a inteligência corporativa é próxima de zero.

A cara do MPF não é Marcelo Miller – o liberal que largou o MPF – nem Eugênio Aragão – o progressista que está prestes a se aposentar. É Rodrigo Janot, ex-presidente da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), o atual José Robalinho Cavalcanti, o antecessor, Antônio Camanho, especializados em cultivar a classe como qualquer populista e montar jogadas com o poder como especialistas em máquinas públicas.

Dado o quadro atual, há um conjunto de lições a se tirar para as próximas décadas.

Peça 6 – As vulnerabilidades do presidencialismo brasileiro

Tem-se, de um lado, um presidencialismo fraco perante o sistema político-partidário. A única alavanca de poder é o crescimento econômico. Quando deixa de existir, expõe o governante à ditadura da maioria. Daí a necessidade da reforma política.

A quadrilha de Temer-Padilha assumiu posição preponderante nos governos FHC, Lula e Dilma após grandes terremotos políticos.

Mas o grande agente oportunista, valendo-se do enfraquecimento do governo, foi a mídia nativa. O poder arbitrário da Lava Jato decorre do apoio que recebeu dos grandes grupos de mídia – que, agora, se rebelam contra ele. Os penalistas do MPF compõem uma boiada sempre o touro guia da mídia. Basta a mídia sugerir qual tema que podem entrar – e garantir holofotes -, para a boiada caminhar na direção apontada.

O mesmo vale para o Supremo Tribunal Federal, no qual Ministros como Luís Roberto Barroso, Luiz Edson Fachin e Carmen Lúcia, dão cada passo tomando a mídia – especialmente a Globo – como referência.

No médio prazo, independentemente do próximo presidente eleito, a reconstrução do país passará por uma ampla redefinição do papel do MPF e da PF, pelo esforço de dotar a estrutura de um mínimo de noção sobre projetos de país, interesse e soberania nacional, para que o combate à corrupção não repita a máquina desgovernada da Lava Jato.

Mas o ponto fulcral é a cartelização da mídia.

Peça 7 – O furo dos campeões nacionais

Todos esses fatos obrigam a uma reavaliação radical do modelo de campeões nacionais.

A lógica econômica dos grupos internacionalizados é abandonar o país de origem e se fixarem no mundo. Foi assim na Argentina dos anos 80. Passou a ser assim no Brasil pós anos 90.

Tanto a Ambev quanto a JBS cresceram graças ao mercado interno, à capacidade de influenciar os órgãos públicos e se alavancar com os financiamentos do BNDES. Adquirida dimensão continental, pulam fora do barco. A Ambev se tornou uma multinacional belga e a JBS há tempos ambiciona a naturalidade norte-americana.

A ideia de Luciano Coutinho – ex-presidente do BNDES – de que os “campeões nacionais” seriam os condutores do desenvolvimento é tão equivocada quanto a da turma de FHC, de que bastaria fortalecer os grandes bancos de investimento que o desenvolvimento viria como consequência.

Ambos – tanto o mercado quanto os campeões nacionais – são relevantes desde que subordinados a uma lógica de país.

Em nome dessa bandeira, o BNDES apoiou setores de baixíssimo nível tecnológico, como o dos frigoríficos, conferiu um poder de cartel para os grandes frigoríficos, em detrimento dos produtores para que a JBS se tornasse uma empresa norte-americana, com papel-chave no fornecimento de proteína para os grandes países competidores dos EUA, China e Rússia.

Na mesma época, negou à Opticom – empresa brasileira na área de ótica, altamente tecnológica – apoio para adquirir um concorrente norte-americano, cujo preço ficara altamente atrativo com a crise de 2008 e que lhe permitiria abrir o mercado norte-americano. Sinal de que também o banco precisa colocar seu enorme acervo de cérebros e de conhecimento setorial para discutir seu papel nas próximas décadas. E não será com o simpaticíssimo Paulo Rabello de Castro que ocorrerá esse aggiornamento do BNDES.

De qualquer modo, a literatura desenvolvimentista terá que incorporar outros temas em suas bandeiras:

1﷒  Mais do que nunca, a competitividade interna dependerá da criação de um ambiente sistemicamente competitivo, voltando-se a valorizar as políticas científico-tecnológicas, as parcerias entre grandes e pequenas empresas, o trabalho das Fundações de Amparo à Pesquisa aliados ao Sebrae, a atração de laboratórios de multinacionais para o país, conforme ocorreu na primeira fase do pré-sal.

2﷒  São empresas estratégicas aquelas cujas atividades dependam intrinsicamente dos fatores internos – como a indústria do petróleo, antes do desmonte da Lava Jato e de Pedro Parente, a indústria da saúde, e as indústrias de bem-estar em geral.

3﷒  Não dá mais para minimizar os problemas sociais, ambientais e de corrupção corporativa. O país tem que se antecipar às novas pressões internacionais e definir códigos severos de respeito aos direitos fundamentais. Mas há a necessidade de aprofundar os estudos acerca das estratégias geopolíticas dos países desenvolvidos. E envolver nesses estudos o Ministério Público e o Judiciário.

4﷒  É preciso que os Ministros sérios do Supremo se debrucem sobre a questão da soberania jurisdicional brasileira.

Luis Nassif

Luis Nassif

View Comments

  • Em chama que eu vou.

    A Veja enlouquece
    E já não consegue apagar
    O fogo de palha que ela ajudou a criar
    Seu ritmo é quente
    Trocando de balde com o estadão
    E o fogo só cresce levando

    O Aecim pra prisão

    O Temer tá podre e da árvore não vai cair
    A roupa tá suja
    Dum jeito que é bom se eximir

    São quatro elementos apunhalando o coração
    O Cunha, o Joesley,
    A mala e a gravação.

    Hey,eh-ô eh-ô!
    Em chama que eu vou!

    A Globo por dentro
    Do golpe só queimou a mão
    Mas fogo de golpe
    Lhe abre o tesão
    Brincando,bolindo
    Ardendo sem medo do prazer
    Transou com o diabo
    E espera um bebê

    É mesmo um luxo
    É lógico que é sensual
    É um doce pecado
    Melhor que o original
     

    São quatro elementos apunhalando o coração
    O Cunha, o Joesley,
    A mala e a gravação.

    Hey,eh-ô eh-ô!
    Em chama que eu vou!

     

  • O risco disso é cair no outro

    O risco disso é cair no outro lado, que o caminho para o desenvolvimento passa pelo modelo chinês pós-Deng, em que o Estado nutre e elege os campeões nacionais, mantendo-os salvos de ataques internos, seja com barreiras de todos os tipos, seja mesmo com um Judiciário "amansado". O que obviamente só faz sentido quando se tira a democracia liberal da equação.

    Porque, se não for encontrada uma solução para desenvolvimento vs economia liberal vs instituições globalizadas, uma solução será encontrada: seja o país se transformando num exportador de mão-de-obra qualificada barata e importador de todo o resto ou com a retirada do país do campo das democracias liberais e das cooperações internacionais.

  • clareou geral...

    país que perde multinacionais do amanhã não tem futuro local...............................

    e o Brasil está perdendo de uma forma que a todos cega, saca só:

    não estão destruindo empresas nacionais, mas sim a rede de relacionamento local com que elas naturalmente sempre puderam contar para crescerem....................................................

    trazendo para a lava jato, impossível destruir esta rede de relacionamento sem antes roubar ou sugar clandestinamente informações sobre todas as autoridades locais e principalmente políticos

    • algo nunca visto, sou levado a crer...

      porque, como já coloquei, o caminho mais curto sempre passa pela mídia e pelo povo

      e nosso povo é sem igual, daqueles que se encantam com a construção de um arranha-céu ao mesmo tempo em que aplaudem a falência dos fabricantes de elevadores

  • Pelo menos não se omite e serve como um começo

     

    Luis Nassif,

    Coincidentemente eu acabei de postar o comentário que apresento a seguir para Fernando J. que enviara domingo, 28/05/2017 às 12:46, um comentário junto do comentário de Andre Araujo junto ao post “JBS apresentou inventário de propina de 1.829 candidatos de 28 partidos, por Anderson b da ssilva*” de domingo, 28/05/2017 às 11:14, e que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/blog/meublog/jbs-apresentou-inventario-de-propina-de-1829-candidatos-de-28-partidos-por-anderson-b-da-ssilva

    E o meu comentário, provavelmente enviado por volta de 23:30 do dia 28/05/2017, só não foi enviado antes porque na primeira tentativa de envio o blog entrou em manutenção, e é o seguinte:

    / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / /

    "Fernando J. (domingo, 28/05/2017 às 12:46),

    É bem isso que você diz. Só não creio que a má compreensão sobre o modelo de campeões nacionais dependa de que o receptor da mensagem desconstrutiva dessa política seja idiota.

    A luta é inglória quando o nosso desejo é que a população seja informada pelos meios de comunicação. A informação só é valiosa para os meios de comunicação quando ela permite a manutenção do interesse e para isso é necessário que a informação seja imprecisa. E a mídia comercial só sobrevive comercialmente se conseguir manter o interesse pela notícia que ela repassa.

    E aqui cabe crítica também a Luis Nassif que sempre que pode faz pequenas críticas à política de campeões nacionais, sem trazer informações suficientes que pudessem esclarecer o assunto. No último post dele da série Xadrez do Golpe “Xadrez da volta do maior estadista, o senhor Crise” de sexta-feira, 26/05/2017 às 00:43, ele insere lá no meio do post a seguinte frase:

    “Aliás, a literatura desenvolvimentista terá que mergulhar em profunda autocrítica sobre os desmandos desse modelo de criação de campeões nacionais.”

    O interesse de Luis Nassif é manter-se atrativo para um elenco expressivo da esquerda que critica o modelo de campeões nacionais. Na década de 70, o livro de Ernst Friedrich Schumacher, “Small is beautiful” teve seu auge e muitos da esquerda foram seduzidos por ele. O endereço do post “Xadrez da volta do maior estadista, o senhor Crise” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/xadrez-da-volta-do-maior-estadista-o-senhor-crise

    Reconheço, entretanto, que se trata de assunto ainda bastante obscuro na academia. Aliás, não sou economista, mas ouso dizer que a obscuridade sobre o conhecimento científico de economia espraia por toda a disciplina. O que sei é que chegou haver bons posts aqui em que eu aproveitei para levar à discussão a opinião em minha avaliação incorreta de Paul Krugman sobre os campeões nacionais.

    Relaciono a seguir três posts, sendo que em dois eu deixei link para entrevista de Paul Krugman com crítica ao modelo de fomento ao que se denomina campeões nacionais. Nos dois posts há comentários meus defendendo essa política. O primeiro post é “A história do Istituto per la Ricostruzione Industriale” de quinta-feira, 15/05/2014 às 09:57, publicado aqui no blog de Luis Nassif e de autoria de (André) Motta Araujo e que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/noticia/a-historia-do-istituto-per-la-ricostruzione-industriale

    E em comentário que eu enviei quinta-feira, 15/05/2014 às 13:55, para (André) Motta Araujo eu faço referência ao post intitulado “Paul Krugman e o clima de guerra entre economistas” de sexta-feira, 22/03/2013 às 08:30, aqui no blog de Luis Nassif consistindo da transcrição feita pelo comentarista Marco Antônio Nogueira de entrevista de Paul Krugman à revista Exame. O endereço do post “Paul Krugman e o clima de guerra entre economistas” é:

    https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/paul-krugman-e-o-clima-de-guerra-entre-economistas

    O segundo post é “Luciano Coutinho, os campeões nacionais e a LCA” de domingo, 23/03/2014 às 11:57, publicado aqui no blog de Luis Nassif e contendo o artigo de João Villaverde publicado no Estadão e intitulado “Coutinho perde espaço no governo”. O endereço do post “Luciano Coutinho, os campeões nacionais e a LCA” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/luciano-coutinho-os-campeoes-nacionais-e-a-lca

    Este segundo post é anterior ao primeiro e eu faço menção a ele em meu comentário no post anterior. E é importante destacar que este post, que foi pouco comentado, originou-se mais do interesse de Luis Nassif comprovar intriga que circulara antes e para a qual ele deu notícia a respeito da incompatibilidade da ex-presidenta às custas do golpe Dilma Rousseff e Luciano Coutinho.

    Da mesma época é o terceiro post e que se intitulava “A análise de Paul Krugman sobre o Brasil” de quarta-feira, 19/03/2014 às 00:00, e publicado aqui no blog de Luis Nassif e de autoria dele. O post “A análise de Paul Krugman sobre o Brasil” pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/noticia/a-analise-de-paul-krugman-sobre-o-brasil

    A análise de Paul Krugman que eu admiro muito se mostrou equivocada e a crise que ele achou que viria da China acabou vindo do Brasil mesmo. A bem da verdade todos os países de periferia atravessaram e atravessam uma crise desde 2014. Infelizmente o tombo do Brasil foi maior. E queria ressaltar que nem Luis Nassif no post publicado quase dois meses depois da discussão sobre o boato da saída de Luciano Coutinho do BNDES, nem eu em meu comentário enviado terça-feira, 25/03/2014 às 14:32, para Luis Nassif abordamos a questão da política dos campeões nacionais."

    / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / /

    Pelo título do seu post eu esperava que houvesse uma discussão mais profunda sobre o modelo dos campeões nacionais. De todo modo acho válida sua manifestação pela necessidade de esse modelo ser mais bem compreendido nas várias esferas da política nacional.

    Ainda assim a sua crítica ficou bastante frágil quando você faz a acusação ao setor de frigorífico ser de baixa tecnologia, esquecendo que fora da área médica os mais importantes avanços tecnológicos estão na área alimentar.

    E foi frágil também o seu exemplo da empresa Opticom – empresa brasileira na área de ótica, que seria no seu entendimento altamente tecnológica – que não teria obtido “apoio para adquirir um concorrente norte-americano, cujo preço ficara altamente atrativo com a crise de 2008 e que lhe permitiria abrir o mercado norte-americano”. Em certo sentido você está dizendo que você tem mais condições de avaliação do que os técnicos do BNDES. Ou é considerar-se super-homem, ou menosprezar os técnicos do BNDES se não os chamar de incapazes.

    E eu ressinto muito quando vejo a crítica que se faz ao modelo de promoção dos campeões nacionais não emprender nenhum esforço de referência ao que é para mim o maior exemplo de sucesso da política de campeões nacionais e que é a exigência de que três empresas americanas participem como concorrentes nas licitações do exército americano.

    E não custa lembrar que os gastos militares dos Estados Unidos correspondem aproximadamente à metade do PIB brasileiro.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 28/05/2017

  • A manjadíssima tática da Lava a Jato agora aplicada ao BNDES:

    (trecho do post "O “jogo” da sucessão de Temer: guerra civil nas instituições? Ou acordão?" - 20/5/2017)

    Romulus: Galera, o método Lava Jato já é tão batido que cantei a pedra ~ontem~ com exatidão sobre "Lula e Dilma na delação da JBS".

    Olha o q eu falei ontem:

    A conta na Suíça? No nome do próprio Joesley (!).

    Sacado "no Brasil (?) a mando de... Lula (!)"

    Realmente queria entender essa tecnologia de ter conta na Suíça e sacar no Brasil... sem uma wire transfer e sem conta de deposito no Brasil!

    Evidentemente isso aí era um fundo ~geral~ pra bancar campanhas.

    Que deve ter servido ao PT - como a todos os outros grandes.

    E aí o Joesley entrega a farsa da “denúncia” quando vem querer vincular os "300 milhões" a "vantagens indevidas" (??) nos “empréstimos do BNDES” – o bicho papão atualmente na opinião ~publicada~.

    Ok, procuradores... essa narrativa de “BNDES bandido” / "Porto em Cuba" / “dá grana para a Venezuela”, etc. cola no povão...

    Mas qualquer pessoa bem informada sabe que é pura invencionice. Para criminalizar o apoio à exportação de bens e serviços do Brasil.

    Já diz o ditado: o melhor jeito de mentir é misturar com algumas verdades, né?

    - O Guido Mantega pediu doação para campanhas?

    Possível que sim. Em princípio, nenhuma ilegalidade. Mas nem prova disso apareceu ainda.

    - Acabou saindo desse "fundão de financiamento de campanhas - caixas 1 e 2 - da JBS"?

    Provavelmente sim.

    O resto é invenção ~sob medida~ para as manjadas teses do MPF (inspirados pelos gringo$):

    "empresa brasileira que quer exportar tem que pagar juros do mercado interno ~brasileiro~ (!), sem subvenção pública para igualar à taxa internacional".

    Ou seja: Empresa brasileira não pode exportar. Simples assim.

    *

    "Vantagens ~ilícitas~ (?)... para fazer doações ~legais~" – oi??

    Desliguem os aparelhos e me deixem partir... não aguento mais!!

    Tá entendendo por que não pode sair anistia??

    Porque corre o risco de descriminalizar ~até~ caixa...

    - ... 1 (!).

    E Judiciário/MPF/Globo perdem o dossiê coletivo - de 20 anos! - tão duramente conquistado.

    Patricia: Olha só... ele fala que no final do governo Lula sobrou uns 80 milhões na conta e que ele usou essencialmente pra campanha.

    Aí o promotor pergunta:

    - E não teve movimentação antes?

    - Ah, teve! Duas: a primeira foi de 5 milhões que eu quis investir numa debenture e a segunda em que doei 20 milhões mas que voltou depois.

    - Sob o mando de Guido?

    - É sim... foi ele que pediu pra comprar.

    Mas quem comprou foi o Joesley não o Guido!

    Tipo assim: “To abrindo uma conta pra você... tem 20 milhões... é tudo seu, tá bom?! Mas tá no meu nome, eu tenho a senha e o cartão, mas o que você quiser é só falar, tá??”

    Mas já viu como eles publicaram?

    A “narrativa” trata como se Lula e Dilma fossem ~donos~ das contas.

    Como disse a Giselle...

    - ... o proprietário é ao mesmo tempo o dono e... o laranja (!)

    Romulus: E aí a “contrapartida” (rs) para poder – “aleluia!” – caracterizar corrupção, para além de caixa 2 (e 1!! haha), que é apenas crime eleitoral...

    Diz o Joesley seguindo o script combinado com a PGR: "sem relação tão intima com Mantega, conquistada com o $$, não teria conseguido empréstimos 'tão rápido' e nem 'nas mesmas condições' (??) no BNDES".

    Ciro: Não é só criminalização de caixa 2 (e 1...). É criminalização de política industrial.

    Romulus: não é nem politica industrial, que beneficia setores específicos da economia...

    É a indústria em si: “não pode ter exportação!”

    Páááá!!

    “Novidade” (rsrs) pra mim: o BNDES financiando exportação a juro ~variável~, dependendo do nível de “intimidade” com cliente...

    E ~não~ dos juros internacionais (!) – que são o que o BNDES cobra para fazer a equalização e permitir a competição no mercado externo!

    Tania: Será?

    Romulus: Logico que não! Tava sendo irônico!

    O BNDES empresta aos exportadores na taxa internacional, para equiparar as condições com os concorrentes estrangeiros.

    *

    O “jogo” da sucessão de Temer: guerra civil nas instituições? Ou acordão?

    Bate-bola do Núcleo Duro (versão editada):

    - Análise (a várias mãos) do terremoto político desta semana.

    - E mais de todas as "réplicas" do sismo até aqui.

    - Quem ganhará a queda de braço Globo + Casta Jurídica do Estado ("República dos Concursados") vs. direita da classe politica (Temer e aliados)?

    - Esta guerra é em dois fronts, já que a dobradinha Globo + Casta Jurídica também voltou suas baterias - como sempre... - contra Lula e a esquerda.

    - Será que vai ter "vencedor"?

    - Em havendo, é por nocaute ("tudo ou nada") ou por pontos?

     

    LEIA MAIS >>

     

     

  • Licitações sustentáveis

    Sobre estratégias para o desenvolvimento sustentável alavancado pelo poder público com a participação efetiva do capital privado.Sugiro olhar o trabalho desenvolvido pela FGV com licitações sustentáveis (ou compras públicas sustentáveis- CPS). 

    Estou me especializando na área e a própria adminsitração pública brasileira caminhou bastante lançando manuais,guias e planos. Tudo isso durante o governo de Dilma.

    Ainda sobre as CPS trazem pontos interessantes sobre transparência, sustentatibilidade,acesso a informação e fomento a atividades locais. Tudo isso balizado pelo ICLEI, num sistema amplamente utilizado pela UE e de grande sucesso.

    O Governo Dilma buscou desenvolver esse tipo de político, muito mais do que qualquer outro.

    Vai de encontro ao combate dos efeitos nocivos da globalização (ou melhor mundialização).

    Aproveitando a deixa, cabe uma leitura sobre Globalização x Mundialização. Conceitos bem infortante para entender as estratégias globais dos agentes econômicos.

    Ainda espero um Xadrez sobre o Porto de Santos, o tráfico internacional e as facilidades que foram dadas pra algumas empresas ali em troca de uns favores. 

    Não é muito difícil fazer essa conexão quando se sabe que certos politicos crescem  com base no financiamento de bicheiros e as rotas dos bicheiros sao amplamente usadas pelo varejo do tráficos. As coisas crescem, contatos sao feitos...

  • Esquece meu filho, caminhamos

    Esquece meu filho, caminhamos de volta para a "Velha Nova Repúbica de Sempre de 100 anos", trocamos apenas a casaca pelo smartphone, mas não dispensamos os bacharéis e os grandes financistas "com erudição sólida e própria (na) matéria", saídos da nossa escolas superiores onde se forma nossa deslumbrada nobreza doutoral da República Federativa de Bruzundanga.

    Pobre terra da Bruzundanga! Velha, na sua maior parte, como o planeta, toda a sua missão tem sido criar a vida e a fecundidade para os outros, pois nunca os que nela nasceram, as que nela viveram, os que a amaram e sugaram- lhe o leite, tiveram sossego sobre o seu solo! Tudo nela é caprichoso, e vário e irregular. Aqui terreno fértil, úbere; acolá, bem perto, estéril, arenos. Se a jusante sobra cal, falta água; se há para montante, falta cal... As suas florestas são caprichosas também; as essências não se asso- ciam. Vivem orgulhosamente isoladas, tornando- lhes penosa a exploração. Aqui, está uma espécie e outra semelhante só sé encontrará mais além, distante... Envelheceu, está caduca e tudo que vem para ela sofre- lhe o contágio da sua antiguidade:caduquece! A República dos Estados Unidos da Bruzundanga tinha, como todas as repúblicas que se prezam, além do presidente e juízes de várias cate- gorias, um Senado e uma Câmara de Deputados, ambos eleitos por sufrágio direto e temporários ambos, com certa diferença na duração do mandato: o dos senadores, mais longo; o dos deputados, mais curto. A vida econômica da Bruzundanga é toda artificial e falsa nas suas bases, vivendo o país de expedientes. O país vivia de expedientes, isto é, de cinqüenta em cinqüenta anos, descobria-se nele um produto que ficava sendo a sua riqueza. Os governos taxavam-no a mais não poder, de modo que os países rivais, mais parcimoniosos na decretação de impostos sobre produtos semelhantes, acabavam, na concorrência, por derrotar a Bruzundanga; e, assim, ela fazia morrer a sua rique- za, mas não sem os estertores de uma valorização duvidosa. Daí vinha que a grande nação vivia aos solavancos, sem estabilidade financeira e econômica; e, por isso mesmo, dando campo a que surgissem, a todaa hora, financeiros de todos os seus cantos e, sobretudo, do seu parlamento. Quando se reuniu a Constituinte da República da Bruzundanga, houve no país uma grande esperança. O país tinha, até aí, sido governado por uma lei básica que datava de cerca de um século e todos os jovens julgavam- na avelhentada e já aduca. A nova devia ser uma perfeição e trazer a felicidade de todos. Deveras difícil dizer qualquer cousa sobre a sociedade da Bruzundanga. É difícil porque lá não há verdadeiramente sociedade estável. Em geral, a gente da terra que forma a sociedade, só figura e aparece nos lugares do tom, durante muito pouco tempo. Os nomes mudam de trinta em trinta anos, no máximo. Não há, portanto, na sociedade do momento tradição, cultura acumulada e gosto cultivado em um ambiente propício. São todos arrivistas e viveram a melhor parte da vida tiranizados pela paixão de ganhar dinheiro, seja como for. Os melhores e os mais respeitáveis são aqueles que enriqueceram pelo comércio ou pela indústria, honestamente, se é possível admitir que se enriqueça honestamente. Por mais que se esforcem, por mais que queiram, semelhantes homens, atarefados dia e noite, nos escritórios, nas repartições, nos tribunais, nos cartórios, na indústria política, não podem ter o repouso de espírito, o ócio mental necessário à contemplação desinteressada e à meditação carinhosa das altas cousas. Limitam-se a pousar sobre elas um olhar ligeiro e apressado; e a preocupação de manter os empregos e fazer render os cartó- rios, tirar- lhes-á o sossego de espírito para apreciar as grandes manifestações da inteligência humana e da natureza. Pode ser definida a feição geral da sociedade da Bruzundanga com a palavra - medíocre. Vem-lhe isto não de uma incapacidade nativa, mas do contínuo tormento de cavar dinheiro, por meio de empregos e favores governamentais, do sentimento de insegurança de sua própria situação. Uma tão vulgar preocupação pauta toda a vida intelectual da sociedade bruzundanguense, de modo que, nas salas, nos salões, nas festas, o tema geral dos comensais é a política; são as combinações de senatorias, de governanças, de províncias e quejandos.  A política não é aí uma grande cogitação de guiar os nossos destinos; porém uma vulgar especulação de cargos e propinas. Em uma sala desse país, quando não se trata de intrigas políticas ou coisas frívolas de todos os dias, surge logo um tédio inconcebível. Ele sepulta o pensamento, antes de matá- lo: enterra-o vivo. Mereceria detalhes, mas só fazendo romance ou comédia. A gente da Bruzundanga gosta de raciocinar por aforismos. Sobre todas as cousas, eles têm etiquetadas uma coleção deles. Entretanto, o povo só acusa os políticos, isto é, os seus deputados, os seus ministros, o presidente,enfim. O povo tem em parte razão. Os seus políticos são o pessoal mais medíocre que há. Apegam-se a velharias, a cousas estranhas à terra que dirigem, para achar solução às dificuldades do governo. A primeira cousa que um político de lá pensa, quando se guinda às altas posições, é supor que é de carne e sangue diferente do resto da população. A superstição eleitoral é uma das nossas coisas modernas que mais há de fazer rir os nossos futuros bisnetos.Na Bruzundanga, como no Brasil, todos os representantes do povo, desde o vereador até ao Presidente da República, eram eleitos por sufrágio universal, e, lá, como aqui, de há muito que os políticos práticos tinham conseguido quase totalmente eliminar do aparelho eleitoral este elemento perturbador - "o voto".Julgavam os chefes e capatazes políticos que apurar os votos dos seus concidadãos era anarquizar a instituição e provocar um trabalho infernal na apuração porquanto cada qual votaria em um nome, visto que, em geral, os eleitores têm a tendência de votar em conhecidos ou amigos. Cada cabeça, cada sentença; e, para obviar os inconvenientes de seme- lhante fato, os mesários da Bruzundanga lavravam as atas conforme entendiam e davam votações aos candidatos, conforme queriam. O povo da Bruzundanga é doce e crente, mais supersticioso do que crente. A República dos Estados Unidos da Bruzundanga tem o governo que merece. Não devemos estar aperder o latim com semelhante gente.

    VIVA LIMA BARRETO

    • Tal qual

      Policarpo (Quaresma), sempre que posso em conversas faço alusão ao livro de Lima Barreto, Os Bruzundangas e, muitas vezes, à Triste Fim de Policarpo Quaresma. Em geral ouço que Lima Barreto envelheceu mal... Eu fico aborrecida por vezes com a ma vontade do brasileiro, classe média, com diplomas, em ler sua propria literatura. E quando lê, procurar entender. Os dois livros são muito bons, de um humor corrosivo e ao mesmo tempo muito lucido com o Brasil em sua inteireza. O fim do major Quaresma é indicativo do que acontece com todo idealista... Lima Barreto satiriza a nossa ignorância, nossos preconceitos e o apego às aparências. O povo é crédulo porque seja o padre ou seja o pastor de hoje, a ele foi ensinado que deve confirar nos homens de casaca. São esses homens de bem. Triste mesmo é pensar que passado quase um século, Bruzundanga patina e não consegue liberar-se de seus vicios.

      • Maria Luisa
        Concordo em

        Maria Luisa

        Concordo em gênero e grau com o que você comentou. Para falar a verdade tomei contato muito recentemente com esse texto de Lima Barreto, conhecia apenas e gostava muito d'o Triste Fim, o livro e também o filme. Me impressionou muito esse texto não só pela crítica sempre e infelizmente atual, ácida e bem humorada (um certo humor negro) da nossa realidade social, mas também porque ele antecipa de maneira original mutio daquilo que mais tarde vai delimitar muitos dos temas mais caros do chamado pensamento social brasileiro como o preconceito racial e social, a desigualdade de oportunidades e rendas, o autoritarismo e o caráter predatório de nossas elites econômicas, o Estado Patrimonialista.

        Agora o mais impressionante e dolorido é que ele escreveu esse texto em 1917 ou seja quase um século. Isso deveria ser lido como um alerta, de que se nós não fizermos nada, parafrasenado e modificando a frase de outro gênio mulato e também escritor, transmitiremos aos nossos filhos o "legado de nossa miséria"

         

  • Como de costume uma análise

    Como de costume uma análise complexa, com muitas obviedades, mas ligando-as a fatos e acontecimentos nada fáceis   de serem percebidos, sem a necessária e indispensável informação. Muito bom para quem está acompanhando os acontecimentos do drama por que passa o Brasil. Uma coisa, entretanto chama-me a atenção: que razão fez o jornalista deixar de fora o Ministro Gilmar Mendes da lista de nominados como ministros que "dão cada passo tomando a mídia – especialmente a Globo – como referência"? Outra afirmativa curiosa: "os Ministros sérios do Supremo", mas sem nos dar uma uma melhor ideia se existem e ao menos quantos são, e se são a maioria da Corte, porque sem essa condição não valem de nada, a não ser que estejam dispostos a fazerem política no sentido contrário: cumprindo as Leis e a Constituição.

  • Eu só gostaria de saber o
    Eu só gostaria de saber o seguinte: concurseiro pode ser representante da nação e celebrar acordos internacionais?

  • Por falar em Lavajato, porque a Cláudia Cruz não foi condenada?

    A lavagem de dinheiro permite a situação culposa, permitindo até mesmo o dolo eventual:

     

    "A definição do alcance do crime de lavagem de dinheiro foi vergastadamente enfrentada pelo Excelso Supremo Tribunal Federal, em sessão do dia 15 de outubro do corrente ano, no curso do julgamento da Ação Penal 470, cujo questionamento foi aberto pelo ministro Marco Aurélio Mello que demonstrou grande preocupação, após o voto do relator Joaquim Barbosa, que absolveu três réus e condenou outros três, posto que a partir dali, criaram-se três tipos de figuras para imputação penal do referido crime, prevalecendo também o posicionamento do dolo eventual. A questão de ordem levantada em plenário reside na necessidade de que o réu acusado de lavar dinheiro tenha conhecimento de que os valores recebidos têm origem em atividades ilícitas para que seja condenado pelo crime.

    Na seara penal, a lei transforma significativamente o tipo de lavagem de dinheiro, que o STF classificou em três situações, quais sejam: i) lavagem de dinheiro dolosa, quando o acusado conhece a origem ilícita do dinheiro e age com dolo de ocultá-lo; ii) lavagem de dinheiro culposa, quando o acusado não faz ideia de que os valores recebidos são ilícitos e; iii) lavagem de dinheiro com dolo eventual, quando o acusado assume o risco de receber o dinheiro diante da desconfiança de que ele tenha origem ilícita.

    O ministro Marco Aurélio Mello acredita que a prevalecer esse entendimento da tese do dolo eventual existirão muitas ações penais contra criminalistas contratados por delitos até gravíssimos, caso o ordenamento jurídico contente-se com essa modalidade. Nesse particular, o mesmo deverá ser aplicado para quem milita na área do Direito Tributário e defende empresas autuadas pelo Fisco por sonegação fiscal. Ocorre, porém, que tal persecução penal não pode ser aplicada aos advogados, haja vista a violação expressa ao Direito de defesa, e a flagrante afronta ao Código de Ética que impõe em seu artigo 21 que: “É direito do advogado assumir a defesa criminal sem considerar sua própria opinião sobre a culpa do acusado”, bem como o espancamento à presunção de inocência de seu cliente e até mesmo ao sigilo profissional que o próprio Estatuto da Advocacia impõe aos profissionais do Direito. Não cabe ao profissional do Direito investigar se a origem dos honorários pagos pelo seu cliente é de alguma atividade ilegal ou ilícita, haja vista que o princípio da boa-fé no Direito não foi revogado. Eventual ilicitude do patrimônio de seu cliente deverá ser apurada em procedimento posterior ao devido processo legal.

    Havendo prevalência da tese do dolo eventual por parte do Supremo Tribunal Federal, ensejando possibilidade de condenações por lavagem de dinheiro, o número de crimes cometidos na vigência da lei anterior, e ainda, nos praticados após a entrada em vigor da nova Lei de Lavagem de Dinheiro aumentará exponencialmente, posto que ao retirar o rol de crimes antecedentes pelos quais era possível a condenação por essa prática, o novo texto normativo permite que qualquer infração penal seja alvo também do desencadeamento de uma persecução penal por lavagem de dinheiro, até mesmo um Auto de Infração com a notícia de crime de sonegação fiscal."

    http://www.conjur.com.br/2012-nov-06/alfredo-gioielli-decisao-stf-aumenta-limites-lavagem-dinheiro

     

    O Rato-Mór de Curitiba não sabia que a Cláudia poderia ser condenada, se não por dolo eventual, por culpa no branqueamento do produto dos crimes do Golpista Eduardo Cunha?

    Moro é um rato.

     

Recent Posts

Trump considera sanções contra países que deixem de usar dólar

Taxação cambial, tarifas e restrição a exportações estão entre punições avaliadas pela equipe do candidato…

12 horas ago

Governo federal confirma continuidade da homologação de terras indígenas

Força-tarefa composta por ministérios, Funai, AGU e Incra busca acelerar processo; quatro processos devem ser…

13 horas ago

A conexão Nuland–Budanov–Tadjique–Crocus, por Pepe Escobar

A população russa deu ao Kremlin carta branca total para exercer a punição máxima e…

13 horas ago

Elon Musk vira garoto propaganda de golpe que pagou por anúncio no X

Golpe inventa uma nova empresa de Elon Musk, a Immediate X1 Urex™, que pretende enriquecer…

13 horas ago

Governo Milei segue com intenção de lançar ações do Banco de La Nacion no mercado

Apesar da retirada da lista de privatização, governo Milei reforça intenção de fazer banco oficial…

14 horas ago

Prêmio Zayed de Sustentabilidade abre inscrições globais

Prêmio para soluções sustentáveis passa a aceitar inscrições em português; fundos de premiação chegam a…

14 horas ago