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Droga pode proteger ovários de mulheres em fase de quimioterapia

Antes da pesquisa, os cientistas acreditavam que ovócito humano era morto no tratamento. (Wikimedia Commons)

Jornal GGN – Pesquisadores da faculdade de Tel Aviv descobriram como remédios anticâncer afetam o sistema reprodutor feminino e deram início a testes de um novo medicamento que pode evitar a esterilidade das pacientes após a cura da doença. A pesquisa, publicada recentemente na revista Science Translational Medicine, obteve êxito ao conseguir proteger ovários de camundongos-fêmeas que foram submetidas a sessões de quimioterapia.

Antes da pesquisa com os camundongos, os cientistas acreditavam que a causa da infertilidade estava relacionada à morte dos ovócitos, células liberadas pelo ovário durante a ovulação e fecundadas pelo espermatozoide. Nas mulheres, parte dessas células é liberada enquanto as demais “adormecem”, sendo liberadas posteriormente ao longo da vida até a chegada da menopausa, quando se esgotam e o ciclo reprodutivo feminino se encerra.

Contudo, os pesquisadores observaram que, na verdade, o uso do medicamento ciclofosfamida – muito comum no tratamento de diversos tipos de câncer – não matou os ovócitos nos organismos dos camundongos-fêmeas, mas os fez amadurecer todos de uma vez, inclusive os que deveriam permanecer adormecidos. “O que a quimioterapia faz é amadurecer todos os ovócitos de uma vez só. Uma vez que esse processo começa, ele não tem volta: os ovócitos morrem e a reserva ovariana se perde”, diz o pesquisador Dror Meirow, da faculdade de Tel Aviv.

Tratamento conjunto

A descoberta levou os pesquisadores a realizarem novos testes. Além de receber o ciclofosfamida no tratamento, os camundongos-fêmeas também receberam doses paralelas do medicamento AS101, que já havia tido bons resultados na preservação da fertilidade masculina em tratamentos de quimioterapia. O tratamento conjunto com os dois medicamentos resultou na preservação dos ovócitos adormecidos, impedindo que a ciclofosfamida induzisse sua maturação.

Além disso, fêmeas de camundongos que foram submetidas à quimioterapia em conjunto com o AS101 engravidaram e tiveram filhotes saudáveis. “Em outros estudos, vimos que, mesmo quando o ovócito sobrevive à quimioterapia e é fecundado, o filhote nasce com malformação ou é abortado. No cotratamento com o AS101, a prole não teve problemas”, acrescenta Meirow.

Testes com primatas

O pesquisador destaca que, apesar de impedir a ação da ciclofosfamida sobre as células do ovário, o AS101 não interfere no tratamento contra o câncer. “Estudos anteriores já mostraram que o medicamento não anula a ação da ciclofosfamida e, em alguns, foi visto que o medicamento impulsiona a quimioterapia sobre as células do tumor”, completa.

Agora os pesquisadores esperam que eficácia do tratamento conjunto possa ser comprovada no tratamento de primatas, o que, se acontecer, poderá substituir métodos caros e invasivos, como o congelamento de tecido ovariano e a fertilização in vitro, usados atualmente para preservar a fertilidade de mulheres com câncer. “Nosso próximo passo é avaliar se o AS101 consegue preservar a fertilidade em macacos”, diz o médico.

Redação

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