Não é bom momento para reabrir, alerta representante da OMS ao Brasil

Jornal GGN – “Junho e julho não são um bom momento para reabrir [o comércio e economias]”, afirmou o diretor do departamento de Doenças Transmissíveis da Opas (Organização Panamericana da Saúde), Marcos Espinal, à BBC Brasil. A Opas é a sede regional da OMS na América Latina. Mas ao contrário do que alertou o diretor, o Rio de Janeiro e São Paulo, duas das cidades mais afetadas do Brasil já reabrem o funcionamento de bares, restaurantes e salões.

Imagens destes estabelecimentos abertos no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (02), com lotações nos bares, sem distanciamento ou muitas vezes sem máscaras, circularam pelas redes sociais. O mesmo está planejado para ocorrer na capital paulista a partir da próxima segunda. A prefeitura de São Paulo vai assinar a retomada destes setores amanhã.

“São Paulo está fazendo mais testes do que todo mundo no Brasil em números absolutos, seguido por Ceará e Rio de Janeiro. Mas na relação de testes por 1 milhão de pessoas, Rondônia, Amapá, Roraima e Acre são os que estão em situação melhor. Rio de Janeiro e São Paulo estão fazendo menos do que 20 mil testes para cada milhão de pessoas. Esse dado é muito revelador de que esses Estados precisam aumentar a sua capacidade de testes”, disse Espinal, sobre a necessidade estrutural para a reabertura.

Muito diferente do recomendado pela Organização Mundial da Saúde. “Dissemos aos países, não só ao Brasil, que junho e julho não são uma boa hora para se reabrir”, disse Espinal ao jornal. Alguns dias antes, a mesma entidade lembrou que o pico da pandemia do novo coronavírus no Brasil pode ocorrer somente em agosto, atingindo mais de 80 mil mortes até lá.

O representante da Opas lembrou que a decisão é de cada governo, sendo soberanos para “decidir o que fazer”, mas que reabrir serviços e comércios “é uma receita para se espalhar mais a doença”. Marcos Espinal lembrou que basta olhar como exemplo os Estaods Unidos, onde Estados “que reabriram no começo estão chegando ao pico”, provocando mais contágios e casos no país.

Além do Rio de Janeiro, que já reabriu, e São Paulo, que está prestes a fazer, outras cidades do Brasil, no Rio Grande do Norte, Goiás e Santa Catarina também já tentam retornar a uma suposta normalidade.

Para reabrir a economia, o representante da Opas afirma que é preciso antes cumprir uma agenda de sucesso em testes e rastreamentos, além de disponibilidade de leitos hospitalares.

“Nós dissemos aos governos: se vocês quiserem reabrir, é uma decisão de vocês. Nós não recomendamos reabrir. Mas vocês (os governantes) precisam se certificar de que existe um sistema para testar (as pessoas), um sistema para rastrear os contatos e um sistema para aumentar o número de leitos hospitalares disponíveis”, contou.

 

Redação

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