Encurralados, jornalistas do Diario de Pernambuco precisam escolher entre redução de salários ou demissões

do Marco Zero Conteúdo

Encurralados, jornalistas do Diario de Pernambuco precisam escolher entre redução de salários ou demissões

Em estado de greve e de tensão, os jornalistas do Diario de Pernambuco estão diante de uma escolha que nenhum profissional deveria ser obrigado a fazer. Para salvar o jornal de uma grave crise financeira, acentuada no ano passado, seus gestores apresentaram as seguintes opções: a demissão de aproximadamente 30 das 90 pessoas que trabalham atualmente na redação, sem o pagamento dos direitos trabalhistas, ou um acordo coletivo para a redução temporária dos salários de toda a redação com garantia da manutenção de empregos, mas não de pagamentos em dia. A última e mais drástica seria o fechamento definitivo do mais antigo jornal em circulação da América Latina.

“Ou a gente quebra, ou a gente corta”, disse taxativo Alexandre Rands, presidente do Diário de Pernambuco desde 2015, durante mesa de negociação com os trabalhadores e o sindicato da categoria, na última sexta-feira (16), no Ministério Público do Trabalho de Pernambuco (MPT-PE). Demonstrando um bem-estar desconcertante que contrastava com o ambiente carregado de apreensão, o empresário apresentou ao procurador do MPT-PE Marcelo Crisanto, condutor da reunião, sua síntese do desequilíbrio financeiro da companhia.

Várias vezes, em seu discurso, Rands defendeu o fechamento do jornal como melhor alternativa. Disse estar “totalmente arrependido” de ter entrado no negócio, no qual já teria colocado mais de R$ 20 milhões do próprio bolso. A calma superficial do gestor experiente só foi quebrada quando um dos diretores do Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco (Sinjope) questionou a possibilidade de os profissionais terem acesso às contas da empresa, na tentativa de buscar soluções. Visivelmente irritado e dizendo que se sentia agredido, Rands disparou: “Vou abrir tudo pra você. Se você descobrir que eu não roubei nenhum tostão daquele jornal, aí você me acha um comprador para aquela porcaria!”

Enquanto fundava seu discurso em números, contudo, o empresário mostrava indiferença ao drama dos seus empregados, que sofrem com salários atrasados. Até agora, apenas 50% da segunda quinzena de fevereiro foi paga. Recolhimentos do FGTS e do INSS também estão retidos e, agora, não restam mais perspectivas nem de recebimento dos direitos trabalhistas acumulados ao longo dos anos. “Não sei se o senhor faz 50% da sua feira ou atrasa 50% do colégio do seu filho. O jornal acabou de contratar um novo executivo. Ele ganha salário ou é voluntário?”, provocou uma trabalhadora, lembrando a nomeação recente de Pierre Lucena como vice-presidente comercial da empresa.

“Existem pessoas aqui com mais de 20 anos de jornal. Todos construímos juntos a empresa, é o nosso patrimônio e nossa casa. É como se derrubassem a nossa casa e nós não tivéssemos nem a casa do vizinho para nos acolher”, definiu Cláudia Eloi, diretora do Sinjope.

Contas que não fecham

No ano passado, informou o presidente Alexandre Rands, o Diario de Pernambuco gerou um prejuízo mensal de mais de R$ 1 milhão. Quando assumiu, o empresário disse já ter encontrado o jornal sob ameaça de fechamento. Na época, iniciou um plano de recuperação baseado no enxugamento de 38% dos custos e manutenção dos ganhos. Os cortes de despesas foram sentidos, é claro, pelos trabalhadores. Doze jornalistas foram demitidos no começo do ano passado e muitos deles ainda não receberam a totalidade de suas rescisões trabalhistas. Mesmo com sacrifício dos profissionais as contas não voltaram ao azul, porque “a receita caiu mais do que o esperado”, justificou o empresário.

A queda da receita tem origens na crise geral dos jornais, além da redução de investimentos dos setores público e privado. No ano passado, o Governo do Estado teria deixado de pagar R$ 6 milhões ao Diario e, este ano, mesmo com eleições, já anunciou uma frustração de faturamento de outros R$ 195 mil. O Governo Federal também teria um débito de R$ 700 mil com a empresa imersa em débitos trabalhistas e junto a fornecedores. Este ano, a previsão de prejuízo do jornal já chega a R$ 895 mil. “A gente tem dívidas de energia, de papel, de tinta. Em 2015, o rombo acumulado já era de R$ 12 milhões”, detalhou Rands, explicando que a venda do único bem, o parque gráfico, não seria uma alternativa economicamente viável para sanar as contas porque geraria um encarecimento da operação, que precisaria recorrer a uma gráfica terceirizada.

Demitir 30 profissionais da redação, entre o fim deste mês e começo do próximo, seria uma opção para reduzir folha salarial em até R$ 475 mil. Ainda assim a empresa continuaria com um prejuízo mensal de R$ 125 mil. Além disso, os profissionais seriam dispensados sem pagamento da multa de 40% e do FGTS. “Não temos dinheiro para pagar as verbas rescisórias, cuja soma é de R$ 3,5 milhões”, enfatizou o presidente da empresa. No caso do fechamento do jornal, o montante das rescisões seria de R$ 11 milhões.

O presidente do Diario chegou a propor a emissão de debêntures (títulos de dívida emitidos por empresas privadas) para que as pessoas possam receber daqui a dois anos. A alternativa foi rechaçada imediatamente pelo procurador do trabalho Marcelo Crisanto. “Não há amparo legal para essa proposta”, salientou.

Jornalistas sem esperança

A falta de avanço nas negociações deixou os jornalistas sem esperança. No fim da reunião, o procurador do MPT levantou a possibilidade de um acordo coletivo para a redução temporária dos salários com garantia de manutenção dos empregos e a administração do Diario sugeriu reduções transversais, proporcionais ao salário – perde mais quem ganha mais. “Eles (os gestores) vão apresentar o plano detalhado na próxima segunda-feira (19) ao sindicato. Para valer, entretanto, o acordo precisa ser aprovado pela categoria em assembleia”, lembrou o presidente do Sinjope, Juliano Domingues.

Encurralados, os jornalistas do Diario podem até aceitar ganhar menos temporariamente para manterem os empregos, mas isso não garantirá salários pagos em dia. Uma decisão neste sentido também não afastaria totalmente a possibilidade de demissões antes da assinatura do acordo ou depois dele, sequer garante a sobrevivência do jornal que é um patrimônio de Pernambuco e parte importante da história do jornalismo no Brasil.

História

Fundado em 1852, o Diario de Pernambuco pertencia ao grupo Diário Associados de Assis Chateaubriand, que já foi a maior empresa da imprensa no Brasil. Em 2015 foi vendido ao Sistema Opinião de Comunicação, comprado posteriormente pelo grupo Hapvida. Ainda em 2015, Alexandre Rands assumiu o controle da empresa com 78% das ações.

A operação gerida por ele atualmente também inclui os portais Pernambuco.com e diariodepernambuco.com.br, além do jornal Aqui PE. Desde 2016, a versão impressa do Diario de Pernambuco foi reduzida, de duas edições nos fins de semana para apenas uma ‘superedição’.

Redação

Redação

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  • O conluio midiático penal

    O conluio midiático penal levou a falencia as empresas que pagavam publicidade

    Nem reduzir salário resolve

    E fechar o jornal

    E chamem o Moro para dar de comer aos desempregados

  • "No ano passado, o Governo do

    "No ano passado, o Governo do Estado teria deixado de pagar R$ 6 milhões ao Diario e, este ano, mesmo com eleições, já anunciou uma frustração de faturamento de outros R$ 195 mil. O Governo Federal também teria um débito de R$ 700 mil com a empresa imersa em débitos trabalhistas e junto a fornecedores"

     

    Sem as tetas do estado nenhum jornal, revista, rådio ou tv sobrevive no Brasil. 

  • No meu trabalho ...

    No meu trabalho tinha um jovem que cuidava do site.

    Um dia numa conversa eu disse :

    -Eu ainda leio jornal de papel.

    -Ah , então é você !? Disse o cara.

    Explica a crise dos jornais ...

     

     

  • Caro

    Caro Nassif

    Demissões?????

    Chame o SOS Paneleiros.

    Alguém com a voz do moro, do aécio, deverá atender.

    Há muitos canalhas na lista das vozes.É democracia, escolha a de seu gosto.

    Saudações

     

  • Maurício Rands

    É de 2016, mas contem todas as informações necessárias. 

     

    JORNALISTAS DO DIÁRIO E DA FOLHA DE PERNAMBUCO SOFREM ATRASOS DE SALÁRIOS E AMEAÇAS DE PERSEGUIÇÃO

    novembro 26, 2016 Foto: Facebook SINJOPEMuito embora nenhum jornalista tenha nos procurado ou pedido nosso apoio ou nossa solidariedade, nosso Blog se sente no dever de se solidarizar com os trabalhadores tanto do Diário de Pernambuco, como da Folha de Pernambuco que têm sido vítimas de atrasos de salário, bem como de situações degradantes em suas condições de trabalho, além de ameaças de retaliações por causa de suas justas reivindicações. Nossa posição em nada se difere, portanto, daquela que temos manifestado com relação aos trabalhadores de forma geral quando vítimas de maus empregadores. Tomamos conhecimento, por meio de postagens feitas nas redes sociais, pelo SINJOPE, Sindicato que agrega os profissionais de impressa do Estado de Pernambuco, de que esses dois órgãos da imprensa de nosso Estado estariam atrasando salários. Essa situação seria recorrente na Folha de Pernambuco. Já no Diário, o atraso no pagamento foi reportado pela primeira vez, este mês, entretanto, há dois anos, os empregados do mais antigo jornal em circulação na América Latina estariam sem receber qualquer reajuste, nem mesmo a reposição inflacionária teria sido garantida. É sabido que os três principais jornais de Pernambuco são comandados por empresários sem qualquer compromisso com o Jornalismo. O compromisso dos donos do Diário, da Folha e do Jornal do Commercio é apenas com o lucro e com as vantagens pessoais que ser o dono e senhor da informação pode lhes trazer, seja ocultando-a, seja manipulando-a, seja para obter patrocínios milionários junto aos mais diversos órgãos públicos, enfim, seja para interferir no processo político-eleitoral do Estado. Nesse sentido seria demais esperar que empresários que só veem em seus negócios um meio de obtenção de vantagens pessoais tratassem empregados de maneira diferenciada, ainda que esses empregados sejam jornalistas, profissionais que pela própria natureza de seu trabalho são, sim, profissionais diferenciados. Mas o jornalismo, de há muito, para os donos de jornais, deixou de ser jornalismo, passando a ser apenas "negócio". O dono do Jornal do Commercio é um megaempresário do ramo da construção civil e de shopping centers (Grupo JCPM). Já o dono da Folha de Pernambuco é um empresário do ramo usineiro (Grupo EQM). Mas quem são os atuais donos do Diário de Pernambuco, que adquiriram o matutino já de um outro grupo empresarial, o HAPVIDA, sabendo que o Diário amargava prejuízos mensais milionários? Quem são essas pessoas que revertem a máxima capitalista que norteia todo empresário de "jamais colocar dinheiro bom em negócio ruim"? Consta que o Diário de Pernambuco teria sido adquirido pelo Grupo Rands, pertencente aos irmãos Maurício e Alexandre Rands. Mas de onde vem a fortuna desses irmãos que de maneira tão desprendida resolveram colocar seu dinheiro "bom" num negócio "ruim" que, repita-se, sabidamente amargava prejuízo milionário já no momento em que foi repassado às mãos dos Rands? Que tanto amor foi esse ao jornalismo que esses não jornalistas teriam alimentado, para comprar o Diário, mesmo sabendo que com este só amargariam prejuízo? Por uma peça dessas que o destino costuma pregar nas pessoas, Maurício Rands teria ficado rico advogando para sindicatos de trabalhadores em ações contra a patronal. Era ligado à CUT. Um militante da esquerda na luta contra os maus patrões que exploram a classe trabalhadora.

    Foi essa sua ligação com o PT, com a CUT e com sindicatos que o cacifou para assumir a Secretaria de Assuntos Jurídicos da Prefeitura do Recife, na primeira gestão de João Paulo.

    Ali, Maurício Rands começou a sedimentar seu caminho para uma carreira política e foi ali que lutou para que empresas que exploram a mão de obra do chamado ciberproletariado que se instalassem ali pelo Porto Digital, tivessem benesses fiscais, empresas como a de seu irmão, Alexandre Rands, a Datamétrica, que de uma pequena empresa de pesquisas eleitorais, veio a se transformar numa megaempresa prestadora de serviços de telemarketing que conseguiu, por exemplo, durante o governo Lula, um contrato de R$ 60 milhões para fazer o telemarketing do INSS, apenas no Recife e em Salvador (Leia AQUI).O contrato do MPS com a Datamétrica surgiu quando Rands já era deputado federal, pelo PT. Na época, Rands fora eleito com seu discurso em defesa da classe trabalhadora e dos direitos sociais.  Depois de não conseguir ser o candidato do PT à prefeitura do Recife, Maurício Rands lança uma carta cheia de amargura contra o PT e contra a política, renuncia ao mandato de deputado federal (Leia AQUI) e se muda para a Holanda, onde vai ser empregado do empresário Roberto Viana, dono da Petra e velho conhecido do povo pernambucano de episódios como o escândalo dos Precatórios (Leia AQUI). A CPI dos Precatórios começou a investigar o que considera os primeiros indícios de ligações entre o esquema dos títulos públicos e o financiamento de campanhas políticas.A CPI determinou ontem à Polícia Federal que tome depoimento do empresário Roberto Viana, que ocupou duas secretarias na gestão do ex-governador de Pernambuco Joaquim Francisco, sobre suas ligações com o Banco Vetor e autoridades nos Estados.
    Na última eleição, Viana coordenou as campanhas eleitorais dos governadores Tasso Jereissati, do Ceará, e Roseana Sarney, do Maranhão.
    No ano passado, depois da emissão de títulos coordenada pelo Vetor em Pernambuco, o empresário teria tentado "vender" uma operação semelhante para o governo maranhense.
    O empresário Ronaldo Ganon, um dos sócios do Vetor, respondeu com um "pode ser" quando perguntado pelo senador Esperidião Amin (PPB-SC) sobre a atuação de Viana como contato entre o banco e o Maranhão.
    A empresa de consultoria de Viana, chamada Polo, está instalada ao lado do escritório da corretora Perfil, em Recife, segundo o deputado estadual Paulo Rubens (PT).
    A Perfil foi usada como empresa de fachada pelo ex-coordenador da Dívida Pública da Prefeitura de São Paulo Wagner Ramos, que assessorou o Vetor nas operações de Pernambuco e Santa Catarina.
    Viana tem ligações familiares com o secretário da Fazenda de Pernambuco, Eduardo Campos, que fechou o contrato com o Vetor para a emissão dos títulos.
    O empresário é casado com Malu Viana, irmã de Vanja Campos, que é tia de Eduardo Campos e assessora do governador Miguel Arraes, segundo Rubens.
    Viana não foi localizado ontem em sua empresa. A Folha também ligou para a assessoria de Eduardo Campos e pediu um contato com o secretário. A assessoria respondeu que Campos estava em uma reunião e que Roberto Viana nada teve a ver com as emissões de títulos de Pernambuco. ACESSE AQUI Depois disso, Maurício Rands retorna à vida pública, não como protagonista, como sempre gostou, mas como mero coadjuvante das famílias Andrade Lima/Campos, coordenando a campanha de Eduardo Campos, do PSB, que, com sua morte, foi substituído por Marina Silva. O ex-político de futuro promissor, que um dia sonhou em ser prefeito do Recife e, quiçá, até governador de Pernambuco, agora se envaidece posando como dono do Diário de Pernambuco, o mais antigo jornal em circulação da América Latina. Mas será que é motivo para tanto orgulho mesmo para alguém que enriqueceu às custas da defesa das causas sociais, hoje posar como empresário da mídia enquanto atrasa os salários de jornalistas e funcionários do "seu" Jornal? O salário teria sido pago à zero hora de hoje, depois que a notícia sobre um editorial bizarro, publicado pelo Diário, chamando o protesto feito pelos jornalistas que pararam na véspera, reivindicando o pagamento de seus salários, de "piquenique" ganhou as redes sociais.  No Facebook do SINJOPE, lemos indignados, que, na Folha de Pernambuco, à chegada dos manifestantes do Diário ao prédio da primeira, convocando os companheiros para aderirem ao protesto, já que sabidamente, diz a postagem, a Folha é uma empregadora que, de maneira contumaz, atrasa salários, décimo-terceiro, férias e não deposita o FGTS dos trabalhadores, a "chefia de reportagem convocou reunião de emergência e proferiu aos demais editores, segundo relatos de quem estava presente: 'quem descer sofrerá as consequências'. Em seguida, editores teriam repassado a ameaça adiante: 'quem aderir será demitido'. No fim da tarde, mais uma ação de coação: 'os repórteres estão sendo orientados a não descer nem para comer e estão dispensados do intervalo.'": Fonte: Facebook do SINJOPE Que a Folha de Pernambuco aja com tal truculência contra seus empregados não nos surpreende, tendo em vista denúncias que já foram divulgadas pela mídia nacional e pela Blogosfera (leia Usina de família de novo ministro foi flagrada cinco vezes com escravos e Com “linhagem de patrão”, Armando Monteiro preocupa sindicalistas), relacionadas com o modus operandi de outras empresas do mesmo grupo, com relação a seus trabalhadores que teriam sido levados à condição análoga a de escravos. Vejamos: Fonte: Blog do Sakamoto  Fonte: Carta Capital É lamentável ver que profissionais da excelência dos jornalistas de Pernambuco, reconhecidos pela vasta lista de prêmios regionais e nacionais que recebem, ano após ano, por seus próprios méritos e não de seus patrões, isso é evidente, tenham que se submeter a todo tipo de capricho e humilhação advindas de quem só tem compromisso com seus próprios interesses, mas não é desprezível o fato de ver alguém com o histórico de Maurício Rands se transmudar de defensor ferrenho e dedicado da classe trabalhadora em seu algoz. Esse é mais um ingrediente amargo dessa salada cujos componentes jamais deveriam se misturar: jornalismo e empresários. Nós, da Blogosfera, temos um papel muitas vezes incompreendido, mas apesar disso continuaremos a exercê-lo. Nosso papel é trazer a público "a dor da gente" que não sai no jornal. A dor dos jornalistas, assim como muitas dores que temos denunciado, jamais sairá nos jornais, mas em nossos Blogs, nossas páginas estarão sempre abertas e disponíveis para trazer a público todas as dores, seja quem for algoz.

     

  • Maurício Rands

    Maurício Rands: “O Brasil é o mais corrupto de todos os países em que vivi”

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    A última entrevista do ano da coluna João Alberto foi com o vice-presidente do Diario de Pernambuco, Maurício Rands. Advogado, professor de Direito, empresário do ramo de comunicação, esportista e homem do mundo -com a experiência de ter vivido em sete países – ele avalia o ano de 2016, fala sobre política, economia e as perspectivas para 2017. Confira entrevista publicada hoje, na superedição do Diario.    

    Mauricio Rands – Crédito: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

    Como foi o ano de 2016?
    Muito difícil. O Brasil vive a maior crise econômica, política e moral de todos os tempos. E isto afeta diretamente todos: dos mais ricos aos mais pobres. Estes especialmente.
     
    Como é a corrupção no país?
    Já tive a oportunidade de viver em pelo menos sete países diferentes. E posso afirmar, com toda segurança, que o Brasil é o mais corrupto de todos em que vivi.
     
    Feita especialmente pelos políticos?
    Existem muitos políticos desonestos e a nação espera que eles sejam punidos. A corrupção virou uma coisa sistêmica  no nosso país. Tomou conta da economia, da política e, infelizmente, é praticada no dia da dia por grande parte da população.
     
    A Lava-Jato foi importante para o Brasil?
    Importantíssima, mostrou um esquema de desonestidade sem similar no mundo. Colocou na cadeia pessoas importantes que se julgavam acima da lei. Roubaram sem o menor escrúpulo, sem o menor limite.
     
    Como o senhor vê a atuação do juiz Sérgio Moro?
    Como advogado e professor de direito, vejo que ele comete alguns erros técnicos e excessos. Mas, de uma forma geral, tem prestado um enorme serviço ao país.
     
    Existe uma esperança para 2017?
    O quadro político brasileiro é imprevisível, a economia continua sendo mandada pelo sistema financeiro. Mesmo com a queda dos juros, a redução do endividamento das pessoas e a diminuição da procura de recursos, os bancos mantiveram o spread nas alturas. Ou seja, aumentaram sua margem de lucro e permaneceram entesourados no momento em que as pessoas e as empresas estão sem a menor liquidez. Porém, sou um otimista por natureza e acredito que possamos pelo menos diminuir a crise. Chegamos ao fundo do poço e já vejo sinais de mudanças de atitudes das pessoas.
     
    Os projetos para o Grupo R2?
    Tivemos, como todas as empresas de comunicação do país, um ano dificílimo, que exigiu de mim e do meu irmão Alexandre, um trabalho gigantesco para a continuidade dos órgãos que comandamos. É uma tarefa desafiadora, que só pode ser desenvolvida com muita dedicação e pernambucanidade. Quero dizer, por exemplo, que o Diario de Pernambuco, com seus 191 anos, não é um patrimônio nosso, mas de todos os pernambucanos.

  • DP tomba

    Mais um "jornal" golpista aue tomba. Sinto pelos trabalahadores e suas famílias que estão sofrendo mas esse é mais um efeito colateral do golpe perpetrado pela Globo, pelo Judiciário, por Sergio Moro, pela vaza a jato e, claro, por tio Sam. Golpe que foi entusiasticamente apoiado e aplaudido pelo DP e por toda mídia brasileira  pernambucana, de forma irresponsável e colonial.

  • absurdo

    absurdo não apresentar as contas da empresa!  em pleno 2018 o patrão chega e apresenta somente blablabla  e fica por isso mesmo. a falta de transparencia é a mesma de sempre. depois as empresas jornalisticas tem a cara de pau de cobrar transparencia do governo

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