Trabalhadores da Mercedes-Benz entram em greve e pedem ajuda do governo

Uma carta foi enviada à Ministérios e à Secretaria-geral da Presidência, pedindo urgência na adoção do Programa de Proteção ao Emprego
Jornal GGN – Trabalhadores da fábrica da Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, decidiram entrar em greve por tempo indeterminado, em resposta à demissão de 500 trabalhadores, anunciada na última sexta-feira (17). Na tarde de hoje (23), o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC pediu ajuda a Ministérios para solucionar o problema.
“Fizemos 12 reuniões, ou mais, na tentativa de encontrar uma solução negociável. Mas durante todo o tempo a empresa colocava como condição a demissão de trabalhadores. É uma empresa que está há 59 anos aqui, e agora tem tomado atitudes com as quais não podemos concordar. Não vamos aceitar sem luta a demissão desses
companheiros”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques.
Os demitidos integravam um grupo que estava com contratos suspensos até 30 de abril, com o cenário de queda na produção de veículos, principalmentede caminhões. A queda nas vendas de caminhões chegou a 36,2% no primeiro trimestre de 2015. O setor automotivo passa por sérios problemas. Os trabalhadores acreditam que a responsabilidade não deve recair sobre os funcionários.
“A empresa fala em queda na produção e sabemos que isso é fato. Por isso, estamos reivindicando junto ao governo a adoção de programas que ajudem a enfrentar esse momento. No entanto, a economia é cíclica. Hoje o mercado está mais fraco, mas a empresa registrou nos últimos anos muitos períodos bons, com altas remessas de lucro para sua matriz. Quando se vive um período de crise temos de buscar alternativas à exaustão para não demitir. O trabalhador não pode pagar essa conta”, disse o diretor administrativo do Sindicato, Moisés Selereges, que também trabalha na Mercedes.
Na tarde de hoje, o Sindicato enviou ofício aos Ministérios da Fazenda, do Trabalho, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e à Secretaria-geral da Presidência da República, pedindo urgência na adoção do Programa de Proteção ao Emprego (PPE) e de outras medidas de estímulo à economia.
O programa prevê que, em tempos de crise, os trabalhadores tenham redução da jornada de trabalho, mas continuem vinculados à empresa, recebendo seus salários. Parte da renda dos trabalhadores seria paga por um fundo governamental e a outra parte negociada com as empresas.
As centrais sindicais aguardam um posicionamento do governo sobre o programa.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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