O leite das crianças e o jornalismo que não ousa dizer o nome, por Sérgio Saraiva

O leite das crianças e o jornalismo que não ousa dizer o nome

por Sérgio Saraiva

Doria corta mais da metade do Leve Leite

Esta é a manchete correta.

A partir de março de 2017, o Programa Leve Leite da prefeitura de São Paulo deixará de atender às crianças com mais de 7 anos de idade. Hoje, o programa atende crianças da rede municipal de ensino de 0 a 14 anos.

João Doria determinou uma redução de mais de 53% em relação ao atendimento atual. O programa será reduzido a menos de sua metade. Mais de 480 mil crianças deixarão de receber o benefício do fornecimento de leite.

Além da redução da faixa etária, o programa limitará a entrega a famílias com renda familiar de até R$ 2.811,00 e reduzirá a entrega para 1 kg por aluno por mês, ao invés dos 2 kg atuais.

Uma medida de impacto direito na vida das famílias mais pobres, as que se utilizam do ensino municipal. Uma redução drástica de benefícios.

Porém vejamos como a Folha de São Paulo apresentou tal medida:

“Doria recria Leve Leite com enfoque nos mais pobres e sem adolescente”.

O uso do eufemismo “recriar” no local de reduzir e chamar criança de 7 anos de adolescente é jornalismo que não ousa dizer o nome: “falta de vergonha na cara”.

Com tamanho corte de benefícios, João Doria pretende economizar mais de R$ 180 milhões.

Somente para termos uma comparação, João Doria anunciou, há poucos dias, que pretende gastar R$ 100 milhões este ano com propaganda.

Fácil entender o porquê do tom ufanista da manchete.

 

PS: Oficina de Concertos Gerais e Poesia tirando leite de pedra do jornalismo nacional.

Redação

20 Comentários

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  1. A mída comanda a direita

    Vi algumas vezes a pergunta na internet: “afinal, a mídia é comandada pelo PSDB ou o PSDB é comandado pela mídia?

    Hoje entendo que a mídia comanda, e os políticos de direita (além de alguns do PT e PCdoB) obedecem.

    A democratização das comunicações tem que ser o alvo principal da luta contra o golpe. Enquanto a grande massa popular se informar pela pĺiim-pliim e pelas manchetes de jornais, os golpistas estarão protegidos. Basta ver que elegeram Dória com ampla maioria, em primeiro turno. A periferia de São Paulo votou contra ela mesma, pois foi convencida a fazê-lo pela campanha midiática.

    1. e o candidato CIRO GOMES

      arrosta a Democratização/Regulação da Midia.

      Que esperança ter neste DESERTO de IDEIAS/IDEAIS?

       

      ps- por óbvio, uma vez mais, o sr. está 110% correto, Locatelli, mas nossos políticos progressistas…

    2. A mídia que temos hoje,

      A mídia que temos hoje, majoritariamente de direita e totalmente sem escrúpulos é o resultado absolutamente natural do contexto histórico que vivemos no século XX.

      Tivemos uma ditadura de direita que, durante 21 anos, “filtrou” a nossa imprensa. Empresas de mídia com tendências mais à esquerda, ou se adaptavam ou eram fechadas. Jornalistas de esquerda, ou se adequavam ou “desapareciam”.

      Todas as empresas que sobreviveram e, principalmente, as que prosperaram nesse período só conseguiram por estarem perfeitamente alinhadas com a cartilha governamental.

      Quando houve a abertura política, ninguém “lembrou” desse “pequeno” detalhe. As famílias que controlam a mídia hoje são as mesmas que controlavam na época da ditadura. A mídia de hoje é o resultado completamente natural desse processo.

  2. Precisaremos de muitos mais presídios e um supremo de moraes

    A fel-lha “recriou” os adolescentes: já o são aqueles com mais de 7 anos! Abrindo caminho para daqui a pouco uma “campanha” para criminalizar os adolescente, todos, inclusive aqueles com mais de sete anos! De quebra, a casa grande passa a ter sobra de leite, se não, prá onde irá o leite que não foi para os “adolescentes” da fel-lha” e do doriana? Eles não sabem o que fazem, sem Educação, sem Saúde e agora sem este mísero leite, terão que construir muitos presídios e criar muitos moraes! 

    1. A xuxaxixaxão da Folha de Xão Paulo

      É verdade, Ricardo, a Folha “recriou a adolescência”, pelo menos a de São Paulo.

      Acredito que nem a Xuxa chegou a tanto. Quando se dizia que ela induzia as crianças a uma sexualização precoce será que conseguia o feito de adiantar a puberdade em 6 anos? De 13 para 7?

      Sei lá. crescia pêlos no rosto dos meninos, e seios nas meninas de oito anos? Não creio. Acho que eu nessa idade achava que para “fazer um bebê” bastava dançar juntinho e dar uma bitoquinha. Sou tão velho assim?

    1. Esse comercial é tão

      Esse comercial é tão antigo,mas tão antigo , que deve ter sido feito quando Hitler ainda era austriaco.

      Daonde vc ressuscitou essa que não passa mais há trocentos anos ?

      Na psicologia tem nome:

      Coisas passadas que não esquecemos , ou é recalque ou ressentimento.

      Portatanto, seu diagnóstico será fácil.

      Resta saber se vc quer se curar..

      Só pra vc enteNder : eu não vou ao excelente alcóolitos anônimos porque NÃO quero parar de beber.

      E vc quer ir num progama pra deixar de ser idiota ?

      Eis a questão , como diria S.PEARE;

  3. Para João Dória, 7 anos já é

    Para João Dória, 7 anos já é adolescente. Faz todo o sentido, já que com a reforma da previdência do PMDB/PSDB, quem quiser se aposentar precisa começar a trabalhar com essa idade.

    1. Por que vc não visita o

      Por que vc não visita o sistema prisionário pra menores ? 

      Irá encontrar um montão com 13/14 anos.—o leite era ou ainda é grátis nessa idade.

      Quanto a previdência :

      Quem é a favor de trabalhar trocentos anos pra se aposentar ?

      NEM O GOVERNO É.

      Acontece que governos anteriores desviaram os recursos da previdência pra safadezas.Chegará o dia ,está relativamene perto, se nada for feito) nem os aposentados receberão–está acontecendo no  R J .

      Sem contar a demografia.

      Então, vamos esperar esse dia ou vc tem uma solução mágica ?

       

       

      1. Não consegui encontrar a

        Não consegui encontrar a relação entre leite para crianças de 7 anos, alunos da rede municipal e os menores infratores recolhidos em alguma instituição (que por sinal, são mantidas pelo estado e não pelo município). Talvez você queira explicar melhor.

        Quanto a reforma da previdência, adorei a piada: “NEM O GOVERNO É”.

        Deve ser por isso que o secretário da previdência fez dezenas de reuniões com empresas e operadoras de previdência privada e só se reuniu com as entidades trabalhistas no dia anterior a da apresentação da reforma, por ser contra a idade mínima e tempo de contribuição de 49 anos, hahaha!

        1. Vou tentar explicar:
          O leite

          Vou tentar explicar:

          O leite era distribuido pra até 14 anos. Doria reduziu pra 7.Se fosse eu reduziria pra 10( término do primário)

          Entre estado e município dá no mesmo. Quanto a menores infratores quis dizer que, hoje em dia, não há ”crianças” com 13/14 anos.

          QUEM FAZ FILHO E PARI NÃO É MAIS CRIANÇA.

          E SE FAZ AOS MONTÕES NESSA IDADE.

          Fora outras milhares de razões,por isso pedi pra visitar prisão pra menores.

          Quanto a previdência:

          Não é piada ,não . É Claro que o governo é contra. Vc acha que o governo gostaria de sofrer esse desgaste brutal ?

          Então , por quer fazer ?

          Porque é  EMPIRACAMENTE necessário.

          Abraços !

  4. por Sérgio Saraiva
    Doria

    por Sérgio Saraiva

    Doria corta mais da metade do Leve Leite

    Esta é a manchete correta.

    Não é,não. Um pirulão de 17 anos já deveria estar trabalhando faz tempo.

    Ou se virando, como eu:

    Aos 10 anos era assistente de vendedor de limão na feira.

    Aos 12 trabalhava por conta própia vendendo e comprando revistas usadas.

    Eu comprava meu leite.

    A manhete correta seria esta:

    DORIA  ENSINA JOVENS VAGABUNDOS A SE VIRAR.

  5. Doria imita Collor e corta leite das crianças

    Paulo Moreira Leite publicou hoje um longo artigo sobre o tema, fundamentado em dados, criticando duramente a decisão de Dória.

    Compara-o a Collor, que fez algo semelhante quando presidente. Diz que no ano passado Temer tentou cortar esse subsídio, mas Haddad reagiu. E que nem Paulo Maluf (Paulo Maluf!!!), quando prefeito, ousou atacar a população de baixa renda com um golpe tão sujo e baixo, como esse que Dória fez agora, sob aplausos da elite escrota de SP.

    Nem mesmo o fato dos mais pobres terem recusado um governante que os defendia (Haddad) por outro que os odeia e despreza justifica a barbárie.

    http://www.brasil247.com/pt/blog/paulomoreiraleite/280492/Doria-imita-Collor-e-corta-o-leite-das-crian%C3%A7as.htm

    Doria imita Collor e corta leite das crianças

    É preciso retornar a um dos períodos mais dramáticos da história brasileira recente para se avaliar a decisão do prefeito João Dória Jr de promover um corte gigantesco e nefasto no programa de leite da prefeitura de São Paulo.

    Pela decisão, o programa será reduzido em 53%. Perto de 700 000 crianças que estudam na rede pública, com de 7 anos de idade ou mais — pelo programa em vigor, o benefício era assegurado até os 14 anos — serão excluídas. Permanecem apenas  crianças de 0 a 6 anos. Até agora, a cota fornecida pela prefeitura era de 2 quilos de leite em pó por mês para todas as crianças. Agora, as crianças que vão à escola — aquelas que tem menos de sete anos, estamos entendidos — passam a receber meia ração, de 1 quilo. Crianças que não tem vaga nas escolas, serão incluídas, com a ração de 2 quilos — numa estratégia típica dos programas compensatórios estruturados a partir dos primeiros ataques ao Estado de bem-estar social dos países europeus.

    O padrão de irresponsabilidade social envolvido nesta decisão é coerente com o esforço federal do governo Michel Temer para desmontar os embriões de estado de bem-estar social construídos ao longo de nossa história. Mas Temer não foi tão longe. No final de 2016, recém-empossado após o golpe, mas já exibindo aquele  apetite incontrolável para agradar aos mercados e cortar gastos de qualquer maneira, numa tesoura que sempre mais afiada para lanhar o lombo dos mais pobres, o governo Temer-Meirelles ensaiou suspender as remessas de recursos que ajudavam a pagar o leite das crianças paulistanas. O prefeito Fernando Haddad reagiu e Brasília voltou atrás.

    Na prática, o corte de 53% do leite só tem uma medida comparável, em tempos recentes, a uma  iniciativa de Fernando CollorNa curta permanência no Planalto, Collor aproveitou um conjunto de escândalos que envolviam a Legião Brasileira de Assistência, a velha LBA criada por Getúlio Vargas, para fechar as portas da instituição e cancelar programas sociais que, apesar dos desvios e denúncias, representavam um benefício real a população pobre e superexplorada. Uma delas envolvia, justamente, o Tiquete Leite. Iniciativa de José Sarney, que sempre foi julgada pelos critérios das pessoas que não enfrentam carências materiais para sobreviver, o projeto estimulou um aumento do consumo de leite em 15% em escala nacional, ou 5 milhões de litros por dia, gerando um efeito positivo sobre a dieta da população, como mostra o estudo “Fome: história de uma cicatriz social,” de Claudio Cerri e Ana Claudia Santos. E aqui há outro dado preocupante, quando se compara a crise de 1990 e a de 2017.

    Naquele país que enfrentava uma recessão produzida pelo choque econômico iniciado pelo confisco bancário, essa medida ajudou a aprofundar a miséria e o sofrimento da maioria dos brasileiros. A linha da pobreza se ampliou e as grandes cidades brasileiras foram inundadas por uma massa de cidadãos e suas famílias sem ter o que comer nem onde morar, ocupando espaços disponíveis para implorar por ajuda e comida, disputando lugar inclusive no Viaduto do Chá, onde o prefeito despacha.  

    Neste ambiente de humilhação e falta de perspectiva, ocorreu uma primeira reação a partir da mobilização que criou Comitês contra a Fome e a Miséria, já no governo Itamar Franco. Numa resposta a destruição nos programas do Estado, a própria sociedade arregaçou as mangas para enfrentar a situação. Uma primeira versão do programa de leite foi instituída em São Paulo, em 1995, na gestão de Paulo Maluf — numa demonstração de que mesmo um prefeito de impecáveis credenciais conservadoras era capaz de reconhecer a necessidade de dar uma resposta a carência dos mais pobres se pretendia ter algum futuro político.   

    Numa conjuntura em que o país enfrenta a pior crise econômica do século, cuja recuperação não se enxerga para breve, a decisão de Dória é um ato de crueldade social. Pode-se imaginar que outros virão, num percurso coerente com um projeto político de Estado que só é Mínimo para atender aos mais pobres e superexplorados. Para os de cima, a perspectiva é transformar a cidade num parque de diversões a ser explorado. Vale até privatizar cemitérios.

    Num esforço para encontrar uma justificativa para a medida,  Dória chegou a dizer: “não faz sentido sentido um gasto público enorme para dar leite a adolescentes.” Trata-se de uma improvisação complicada do ponto de vista da pediatria.  O conceito de infância varia de uma instituição para outra e mesmo de uma pessoa para outra. Há mesmo quem diga que a adolescência só tem início aos 15 anos. Em qualquer caso, não há quem diga que ela comece antes dos dez, faixa etária onde se encontram 3/5 dos prejudicados pela decisão do prefeito de São Paulo.

    Na verdade, pesquisas de gestões anteriores da própria prefeitura mostram que o “gasto público enorme para dar leite” é um meio eficaz para proteger toda família que se encontra no lado desfavorável da distribuição de renda —  o programa atende residências com uma renda familiar máxima de R$ 2800 por mês. Naquelas residências em que, por uma razão ou outra, o pré-adolescente ou mesmo adolescente não consome leite, costuma-se fazer uma permuta por carne ou frutas junto a comerciantes locais, solução que assegura o objetivo real: assegurar todos estejam alimentado quando comparecem à escola.

    Por razões que todos podem imaginar, a medida jamais foi anunciada nos programas eleitorais mas constitui um retrato realista de sua gestão. Não deixa de ser simbólico, porém. Na hora de tomar uma medida para mostrar a que veio, Dória cortou o leite das crianças. Feio, não?

  6. Parece tão óbvio

    Se a prefeitura municipal fosse uma empresa da iniciativa privada, cortar recurso para atendimento à sociedade seria absolutamente legal, seria interromper uma liberalidade. O que Doria não entende é que a prefeitura é administração pública e que é obrigação constitucional do que é público o fomento ao soberano maior na Democracia, o povo.

    Essa confusão sobre o que é público e o que é privado pode parecer pouca coisa mas é o fundamento de toda corrupção. Corrupção não é apenas quando um político toma dinheiro público para si, é quando a natureza e o mister do que é público são corrompidos e a coisa pública tratada como particular.

    Talvez tenhamos sido de tal forma impregnados de ideologia privatista que perdemos a noção do óbvio. Assim o Capitalismo – e sua mazelas inevitáveis, por exemplo, a corrupção – nos parece o normal, o default, a única e natural forma de encararmos as relações humanas para produção de trabalho. Como pareceu natural, no passado, a escravidão.

    (Hoje ainda há quem creia que a escravidão é natural. Latifundiários e donos de oficinas de costura que fornecem à Zara e outras lojas que-tais são exemplos. O difícil é crer que Christine Lagarde está falando sério quando reconhece críticas ao Capitalismo, que é outra sua intenção que não obter um “ah, bom” da galera, para que as coisas sigam igual ao que têm sido.)

  7. Hitler também não era político

    Doria foi eleito com discurso que era empresário e não era político. Só para lembrar Hitler também não era político e era um genocida. Essa história de que ser empresário está acima do cidadão comum é errada, afinal eles sonegam mais de R$600 bilhões de impostos anualmente, querem a volta do trabalho escravo com o fim da CLT e redução do salário mínimo e estão se lixando para quem mora na periferia. Agora Doria tira o leite das crianças para dar aos Frias, Marinhos, Civitas, Mesquitas e outras famílias que tem o pensamento do século XVIII e monopolizam os meios de informação. Foram essas famílias que convenceram os moradores da periferia a votar no Doria, ou seja, contra os próprios interesses, essas pessoas estavam votando na realidade pela retirada do leite dos filhos deles. E Doria ainda contou com o Moro, o juiz tucano que está destruindo o Brasil. Pelo visto as famílias midiáticas não são melhores do que os políticos que elas elegem, coisas como Doria, que não tem nenhum apreço pela vida das pessoas.

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