A história do assalto que levou Sacco e Vanzetti à prisão

Sugerido por Paulo F.

Da Deutsche Welle

1920: Assalto que leva a execução de Sacco e Vanzetti

Assalto a uma fábrica de sapatos com duas vítimas fatais, a 15 de abril de 1920 em Massachusetts, EUA, levou à prisão dos anarquistas italianos Sacco e Vanzetti. Processo injusto culminou em execução dos imigrantes.

Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti, em foto de 1927

Tanto o sapateiro Ferdinando “Nicola” Sacco como o vendedor ambulante Bartolomeo Vanzetti  haviam emigrado da Itália para os Estados Unidos em 1908, e se engajavam politicamente, dizendo-se anarquistas. Sua prisão aconteceu numa época em que os sindicatos ganhavam cada vez mais força nos Estados Unidos, na batalha contra a exploração dos trabalhadores. Governo e opinião pública viam nisso uma tentativa de revolução comunista.

Depois de sangrentos conflitos entre grupos de imigrantes russos, chegaram a ser enviadas tropas a Boston para controlar o que se suspeitava serem “os primeiros passos dos bolcheviques na conquista dos Estados Unidos”. Dois rapazes de origem italiana acabaram sendo vítimas desse estado de ânimos.

O assalto a uma fábrica de sapatos de Massachusetts, em 15 de abril de 1920, com a morte de dois homens, levou à prisão dos dois imigrantes italianos. Embora sempre tenham jurado inocência, em julho de 1921, os jurados os declararam culpados. A sentença de morte baseou-se apenas em provas circunstanciais, num processo muito questionável. As testemunhas da defesa nunca chegaram a ser ouvidas. A condenação à morte de Sacco e Vanzetti provocou uma onda de protestos e consternação em todo o mundo.

Repercussão internacional

Tudo indicava que os dois acusados haviam sido vítimas de um julgamento precipitado e privados de processo justo, devido a suas convicções políticas. A embaixada norte-americana em Paris recebeu ameaça de atentado, a representação em Havana teve que pedir reforço policial e uma bomba explodiu na casa do governador de Massachusetts.

Os vários pedidos de revisão provocaram o adiamento da execução da sentença diversas vezes. Em carta ao governador do Estado, insistiram, em vão, em sua inocência . Não pediram por clemência, pois isso equivaleria a reconhecer a autoria do crime. Mas, com os recursos esgotados, no dia 23 de agosto de 1927 eles foram mortos na cadeira elétrica: Vanzetti contava 39 anos, Sacco, 36.

O controvertido caso foi tema de filmes e livros. O jurista Edmund Morgan, da Universidade de Harvard, investigou o processo e o julgamento durante vários anos. Em 1948, chegou à conclusão de que foi cometido um erro judicial.

Nas palavras de Morgan, Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti foram “vítimas de uma sociedade preconceituosa, chauvinista e perversa”. Em 1977, o governador de Massachusetts, Michael Dukakis, assinou uma declaração na qual reconheceu a injustiça cometida pelo tribunal e reabilitou o nome dos dois italianos.

Michael Kleff (rw)

Redação

7 Comentários

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  1. Filme chocante. Os bodes expiatórios. Tão atual

    Pai, sim, eu sou um prisioneiro
    Medo não retransmitem o meu crime
    O crime é amar os desamparados
    Somente o silêncio é a vergonha

    E agora eu vou te dizer o que é contra nós
    Uma arte que tem vivido por séculos
    Vá ao longo dos anos e você vai encontrar
    O que está escurecido toda a história
    Contra nós é a lei
    Com sua imensidão de força e poder
    Contra nós é a lei!
    Polícia sabe como fazer um homem
    Um culpado ou inocente
    Contra nós é o poder de polícia!
    O desavergonhadas mentiras que os homens disseram
    Será cada vez mais ser pago em ouro
    Contra nós é o poder do ouro!
    Contra nós é o ódio racial
    E o simples fato de que somos pobres

    Meu querido pai, eu sou um prisioneiro
    Não tenha vergonha de dizer ao meu crime
    O crime de amor e fraternidade
    E só o silêncio é vergonha

    Comigo eu tenho o meu amor, minha inocência,
    Os trabalhadores e os pobres
    Por tudo isso eu estou seguro e forte
    E a esperança é meu
    Rebelião, revolução não precisa de dólares
    Eles precisam dessa vez
    A imaginação, o sofrimento, luz e amor
    E cuidado para cada ser humano
    Você nunca roubar, nunca matar você
    Você é uma parte de esperança e de vida
    A revolução vai de homem para homem
    E de coração para coração
    E eu sinto quando eu olhar para as estrelas
    Que somos filhos da vida
    A morte é pequena

  2. Não houve erro judicial.

    Não houve erro judicial. Houve crime judicial. Os dois foram condenados na marra, em um processo viciado, para que servissem de exemplo. As forças policiais em conluio com o judiciário decidiram que eles teriam de ser condenados e agiram de acordo, fora dos limites da lei.

  3. A midia esquerdista escolhe

    A midia esquerdista escolhe seus “mártires” e esquece a verdade.

    Desamparados: tragédia dos americanos na URSS

    “No seu livro “The Forsaken: from the Great Depression to the Gulags: Hope and Betrayal in Stalin’s Russia” (Penguin Press, 2008, 448 p., ISBN 2147483647), o autor britânico Timotheos (Tim) Tzouladis *, expõe a tragédia dos cidadãos americanos que vieram à URSS a procura do “paraíso socialista” e acabaram fuzilados ou em GULAG.

    Em 1931, no auge da Grande Depressão americana, a representação comercial soviética em Nova Iorque, Amtorg(“capa” das operações secretas soviéticas nos EUA), publicou anúncio que oferecia 6.000 vagas para os especialistas americanos na URSS. Mais de 100.000 americanos responderam ao este anúncio. Destes, entre 6.000 à 10.000 se mudaram para URSS.

    A esquerda liberal nos EUA acreditava que o capitalismo está a colapsar e este será substituído pelo socialismo. O escritor Bernard Shaw dizia na rádio que o futuro está com URSS. O jornalista da New York Times, Walter Duranty escrevia os artigos de conteúdo semelhante (trabalhou em Moscovo entre 1922 e 1936, negando Holodomor ucraniano). A URSS oferecia trabalho garantido para os adultos, educação gratuita para os seus filhos, medicina gratuita às famílias. Alguns voluntários até receberam os bilhetes pagos para chegar à URSS.

    Muitos destes americanos trabalhavam nas fábricas em Detroit ou detinham algum saber-fazer industrial, sendo engenheiros, professores, metalúrgicos, encanadores, mineiros, entre outros. No período entre 1929 e 1936 URSS gastou cerca de 40 milões de USD na compra de tecnologias industriais americanas, principalmente junto ao industrial Henry Ford.

    Cerca de 700-800 americanos trabalhavam na fábrica automóvel de Níjni Novgorod, o mesmo acontecia na fábrica de tratores de Estalinegrado. Depois de americanos partilharem os seus conhecimentos com especialistas soviéticos, eles se tornavam menos valiosos e facilmente substituíveis.

    Mas antes disso, as coisas pareciam ir bem. As colónias americanas foram criadas nas cidades de Moscovo, Gorky, Níjni Tagil, Magnitogorsk, em Carélia e na Ucrânia. EmMoscovo, no parque Gorky, os americanos jogavam basebol.Até foi criada uma liga soviética do basebol, ideia apoiada no início pelas autoridades soviéticas. No jornal “Moscow Daily News” (fundado em 1930 pela esquerdista americana Anna Louise Strong), semanalmente eram publicados os relatos de jogos de basebol dos EUA e da URSS. Com início do Grande Terror todos os basebolistas foram presos e o facto de haver basebol na URSS apagado da história oficial soviética.

    Os americanos (e outros estrangeiros) que se mudavam para URSS viam os seus passaportes confiscados. Estes documentos por vezes serviam a espionagem soviética, usados pelos agentes do OGPU – NKVD no estrangeiro.

    Alguns americanos conseguiram voltar para os EUA, principalmente se agiam rapidamente, protestavam barulhentamente e tinham o dinheiro para comprar o bilhete de regresso. Muitos deles, senão a maioria, chegavam à URSS sem nenhum dinheiro, acreditando nas promessas soviéticas de emprego e alojamento garantido. Quando queriam regressar, descobriam que precisavam entre 60 à 150 dólares, que simplesmente não tinham.

    Em 1934, William Christian Bullitt, Jr., o primeiro embaixador dos EUA na URSS escreveu ao Departamento do Estado, contando sobre os americanos mendigos, perguntando como os poderia ajudar. A sua carta foi entregue à Cruz Vermelha, que por sua vez declarou, que não é obrigada ajudar aos americanos voltar à sua pátria.

    Em 1937-1938, no pico do Grande Terror, muitos americanos eram presos pelo NKVD à saída da embaixada americana, o regime paranoide considerava as embaixadas estrangeiras como centros de espionagem. Os detidos tinham dois tipos de destino. Uns eram interrogados e executados no período de um mês ou até de algumas semanas. Os mais felizardos eram colocados nos vagões de gado e enviados para as partes longínquas da URSS.

    O comunista americano de origem italiana, Thomas Sgovio (1916-1997), autor do livro “Dear America! Why I’m turned against communism” foi mandado de Moscovo ao Magadão, demorando 28 dias na viagem. Sgovio chegou a pesar menos de 50 kg, tatuando o seu próprio nome para ser reconhecido após a morte. Sobreviveu graças ao seu talento de desenhador, ele conseguiu arranjar o trabalho fora da mina de ouro, pintando os pósteres propagandísticos.

    Um outro americano, Victor Herman (1915-1985), passou 18 anos no GULAG e no exílio. Ele conseguiu voltar aos EUA, onde escreveu os livros «Coming Out of the Ice» (1979), «The Gray People» (1981) sobre o destino dos 300 operários das fábricas do Henry Ford, enviados para URSS, «Realities: Might and Paradox in Soviet Russia» (1982) e «Six Countries to the United States» (1984). Pugilista e paraquedista, Herman era muitíssimo forte e queria viver. Mas eram as exceções, a maioria dos americanos morreu nos campos de concentração soviéticos. Apenas alguns conseguiram retornar aos EUA na década de 1970. Outros só após o início da Perestroica em 1985.

    Mais um facto interessante, durante a II G.M., a URSS fornecia aos EUA ouro extraído em Kolyma pelos prisioneiros. O ministro das finanças dos EUA, Henry Morgenthau, sabia da origem deste ouro, mas preferia ignorar este facto.

    O Departamento do Estado considerava estes americanos como esquerdistas e radicais que escolheram o seu próprio destino. George Kennan, diplomata e pensador americano, que trabalhou na embaixada dos EUA na URSS e influenciou sobremaneira a política externa dos EUA, escreveu em 1946 o famoso “Telegrama longo” (Long Telegram), um dos documentos mais citados da Guerra fria. Kennan escreveu nomeadamente que os comunistas americanos recusam a sua origem americana no momento em que pisam o solo soviético.

    O já citado William Christian Bullitt, Jr., no início simpatizava ao bolchevismo, considerando que este não difere muito das reformas “New Deal” do presidente Franklin D. Roosevelt. Mas no momento em deixar o seu posto ele foi totalmente dececionado, até tentou reunir algum dinheiro para ajudar aos americanos deixar a URSS, querando participar no seu salvamento de alguma maneira.

    Em 1937, Bullitt foi substituído pelo Joseph Edward Davies, incumbido de reatar as relações políticas com Estaline. Entre amizade com Estaline e os seus próprios cidadãos, embaixador escolheu Estaline, em resultado os emigrantes morreram. À título de exemplo, o embaixador da Áustria em Moscovo, no pico do Grande Terror escondeu duas dúzias de austríacos nas caves da sua embaixada. Nenhum embaixador americano fez algo parecido.

    Mas os americanos foram perseguidos na URSS não apenas durante o Grande Terror, mas também durante a II G.M., quando os países eram aliados na luta anti nazi. Na cadência do embaixador William Averell Harriman, NKVD prendeu uma família americana que trabalhou na embaixada dos EUA em Moscovo, acusando-a de espionagem. Embaixador escreveu ao Washington, perguntando o que poderia ser feito, recebendo a resposta que a intervenção americana não teria nenhuma perspetiva.

    Em 1948, Alexander Dolgun (1926-1986), um funcionário da embaixada dos EUA em Moscovo, foi detido, acusado de “espionagem ao favor dos EUA” e condenado aos 25 anos de GULAG (cumpriu 8). Durante 15 anos foi obrigado a viver na URSS como “cidadão naturalizado soviético”, conseguindo retornar aos EUA onde escreveu o livro “Alexander Dolgun’s story – An American in the Gulag” (Nova Iorque, 1975, ler trecho em russo).

    Na entrevista à página Washington ProFile, citada peloInosmi.ru, Timotheos Tzouladis disse o seguinte:

    “Lendo as lembranças das pessoas que passaram pelos campos de concentração e as cartas de pessoas que tentavam saber sobre o destino dos seus familiares presos, sentes a dor, que chega décadas após os acontecimentos descritos, e compaixão por aqueles que passaram por tudo isso. Uma pessoa normal não consegue livrar-se do terror lendo isso.

    Os acontecimentos nos campos de concentração nazis são bem conhecidos: nomeadamente porquê foram libertados pelos aliados e tudo foi filmado e fotografado. Em resultado todos sabem sobre as consequências do nazismo. Mas foram preservadas poucas fotografias dos campos de concentração soviéticos, lá eram proibidas as câmaras fotográficas. Provavelmente, as fotografias semelhantes poderiam nos fornecer a compreensão plena sobre o que realmente era estalinismo”.

    * Timotheos Tzouladis nasceu na Grécia, cresceu e vive na Grã – Bretanha. Graduado pela Universidade de Oxford. Jornalista televisivo e autor dos filmes documentais. Autor do livro “The forsaken: from the Great Depression to the Gulags: Hope and Betrayal in Stalin’s Russia”.”

     

     http://darussia.blogspot.com.br/2013/02/desamparados-tragedia-dos-americanos-na.html

      1. Pq vou comentar o que todos

        Pq vou comentar o que todos já sabem ou pensam que sabem.

        Melhor colocar o que ninguém tem conhecimento.

        1. Eu que já tinha minhas

          Eu que já tinha minhas reservas em relação ao seu posicionamento ideológico………agora tenho confirmadas minhas suspeitas…………

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