Escritores pedem renúncia de secretário da Educação de São Paulo

Jornal GGN – Depois que o secretário da Educação do Estado de S. Paulo, José Rento Nalini, publicou um artigo dizendo que proliferam direitos fundamentais e que a população exige do Estado coisas que ele não pode dar, a União Brasileira de Escritores (UBE) enviou uma nota de repúdio, exigindo que ele renuncie do cargo.

Para eles, a postura de Nalini é anticonstitucional e o discurso pretende tirar do Estdo a missão elementar e básica de prover educação. “Ao subscrever tamanho disparate, para além de propor o desrespeito à Lei Maior do País e aos milhões de estudantes da Rede Pública do Estado de São Paulo, o secretário Nalini mostrou-se fundamentalmente inapto ao exercício de suas funções”, diz o manifesto.

Da União Brasileira de Escritores (UBE)

Nota

A União Brasileira de Escritores (UBE) repudia a assertiva de José Renato Nalini, secretário da Educação do Estado de São Paulo, em artigo  publicado na página da Secretaria Estadual de Educação intitulado “A sociedade órfã”, no sentido da exclusão da educação como missão elementar e básica do Estado, em contrariedade ao disposto na Constituição da República Federativa do Brasil, em seus artigos 6 e 205 a 214.

Ao subscrever tamanho disparate, para além de propor o desrespeito à Lei Maior do País e aos milhões de estudantes da Rede Pública do Estado de São Paulo, o secretário Nalini mostrou-se fundamentalmente inapto ao exercício de suas funções, pelo que a UBE o conclama a renunciar ao respectivo cargo.

São Paulo, 14 de abril de 2016.

União Brasileira de Escritores – UBE

Durval de Noronha Goyos Junior – Presidente da Diretoria

Levi Bucalem Ferrari – Presidente do Conselho

Da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo

A sociedade órfã

Por José Renato Nalini

Uma das explicações para a situação de anomia que a sociedade humana enfrenta em nossos dias é a de que ela se tornou órfã. Com efeito. A fragmentação da família, a perda de importância da figura paterna – e também a materna – a irrelevância da Igreja e da Escola em múltiplos ambientes, geram um convívio amorfo. Predominam o egoísmo, o consumismo, o êxtase momentâneo por sensações baratas, a ilusão do sexo, a volúpia da velocidade, o desencanto e o niilismo.

Uma sociedade órfã vai se socorrer de instâncias que substituam a tíbia parentalidade. O Estado assume esse papel de provedor e se assenhoreia de incumbências que não seriam dele. Afinal, Estado é instrumento de coordenação do convívio, assegurador das condições essenciais a que indivíduos e grupos intermediários possam atender à sua vocação. Muito ajuda o Estado que não atrapalha. Que permite o desenvolvimento pleno da iniciativa privada. Apenas controlando excessos, garantindo igualdade de oportunidades e só respondendo por missões elementares e básicas. Segurança e Justiça, como emblemáticas. Tudo o mais, deveria ser providenciado pelos particulares.

Lamentavelmente, não é isso o que ocorre. Da feição “gendarme”, na concepção do “laissez faire, laissez passer”, de mero observador, o Estado moderno assumiu a fisionomia do “welfare state”. Ou seja: considerou-se responsável por inúmeras outras tarefas, formatando exteriorizações múltiplas para vencê-las, se autoatribuindo de tamanhos encargos, que deles não deu mais conta.

A população se acostumou a reivindicar. Tudo aquilo que antigamente era fruto do trabalho, do esforço, do sacrifício e do empenho, passou à categoria de “direito”. E de “direito fundamental”, ou seja, aquele que não pode ser negado e que deve ser usufruído por todas as pessoas.

A proliferação de direitos fundamentais causou a trivialização do conceito de direito e, com esse nome, começaram a ser exigíveis desejos, aspirações, anseios, vontades mimadas e até utopias. Tudo a ser propiciado por um Estado que se tornou onipotente, onisciente, onipresente e perdeu a característica de instrumento, para se converter em finalidade. 

Todas as reivindicações encontram eco no Estado-babá, cuja outra face é o Estado-polvo, tentacular, interventor e intervencionista. Para seu sustento, agrava a arrecadação, penaliza o contribuinte, inventa tributos e é inflexível ao cobrá-los.

Vive-se a paranoia de um Estado a cada dia maior. Inflado, inchado, inflamado e ineficiente. Sob suas formas tradicionais – Executivo, Legislativo e Judiciário. Todas elas alvos fáceis das exigências, cabidas e descabidas, de uma legião ávida por assistência integral. Desde o pré-natal à sepultura, tudo tem de ser oferecido pelo Estado. E assim se acumulam demandas junto ao Governo, junto ao Parlamento, junto ao sistema Justiça.

O Brasil é um caso emblemático. Passa ao restante do globo a sensação de que todos litigam contra todos. São mais de 106 milhões de processos em curso. Mais da metade deles não precisaria estar na Justiça. Mas é preciso atender também ao mercado jurídico, ainda promissor e ainda aliciante de milhões de jovens que se iludem, mas que poderão enfrentar dificuldades irremovíveis num futuro próximo. 

No dia em que a população perceber que ela não precisa ser órfã e que a receita para um Brasil melhor está no resgate dos valores esgarçados: no reforço da família, da escola, da Igreja e do convívio fraterno. Não no viés facilitado de acreditar que a orfandade será corrigida por um Estado que está capenga e perplexo, pois já não sabe como honrar suas ambiciosas promessas de tornar todos ricos e felizes.

Redação

11 Comentários

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  1. Educação

    Realmente chegamos ao fundo do poço do descaramento. Como é possivel um boçal desse ser Secretário da Educação em pleno 2016?!? É o mesmo boçal que estava exigindo auxilio moradia para poder ir a Miami comprar ternos novos.

  2. Capitalista Canibal

    Assim funciona o Capitalismo Canibal:   Pra quê Escola Pública? Pra quê Saúde Pública?

    Quem tem dinheiro, gente finíssima como nós, paga. E quem não tem dinheiro, gente inferior, se vira, ou melhor, morra!

    1. A PONTE PARA O SÉCULO XVII

      Ockham, mas é isso que eles querem a “ponte para o futuro” é a volta para o século 18.Até os repasses constitucionas obrigatórios da União para saúde e educação querem por fim.

  3. se depender

    Se depender de temer, cunha e outros traidores isso que o secretario disse, não mais sera dito, sera feito.

    Isto é, partiram direto para a ação. 

    Educação para essa gente, so para a elite, com o dinheiro publico, obvio!

    O POVO, ORA O POVO!

  4. CORPORATIVISTA FORA DA CORPORAÇÃO

    O Corporativismo é marca registrada do poder judiciário.

    É atributo que tem se revelado em diversas decisões e de conhecimento público e  notório. Basta um exame superficial das decisões pelo país afora.

    Este atributo não é algo que se possa atribuir ao conjunto dos operadores do direito que militam no Poder Judiciário, mas é sem sombra de dúvidas  uma marca indelével deste Poder da República.

    Esta característica de pensar a Instituição como um Poder em sí mesmo, e para sí, decorre não por força da maioria dos juízes e auxiliares de justiça, que são honrados Servidores Públicos que trabalham honestamente na  Instituição.

    O Atributo corporativo vem de nossa história que ao longo do tempo, e desde o Brasil Colônia, se observa a existência de uma elite a serviço de seus próprios interesses e muitas das vezes, em defesa do poder econômico hegemônico internacional.

    Assim, ao longo de séculos, o corporativismo vem sendo nutrido  e munido, por uma elite privilegiada que instalou um perverso sistema de filtro hierárquico, com a finalidade de por um lado, permitir a ascensão de profissionais simpáticos ao sistema e, por outro, dificultar a ascensão hieráquica pela meritocracia, pela honradez de personalidades incorruptivas.

    Nalini, não é diferente de grande parte da elite aristocrática que domina as cúpulas do sistema, hoje capturada por megas bancas multimilionárias a serviço do capitalismos selvagem internacional.

    Esta Aristocracia jurídica se perpetua, através de filtros, tecnicas e manobras de indicação, que fazem subir com maior fluidez às cúpulas, aqueles simpáticos ao sistema arsitocrático jurídico. Há um pacto silencioso que perdura ao longo de séculos, na preservação desta forma de gestar o Judiciário.

    Nalini dá mostras de estar fora do contexto a que foi conduzido. É peixe fora dágua e, submetido não ao seu cartório, mas a quem não se submete às condicóes que ajudou a manter no judiciário. Aquelas da sinpatia, dos amigos, da aristocracia, das mega bancas, etc…

    Na Secretaria da educação, já demonstrou sua arrogãncia e seu método aristicrático de governar, típico dos tucanos. Só que esbarrou em cidadãos, livres das amarras que o sustentou por longo tempo no Judiciário.

    Neste contexto, não haverá ninguém a lhe prestar as homenagens e honrarias de Vossa Excelência, que tanto cultivou ao longo de sua carreira, mas terá, ao contrário, de descer de seu pedestal aristocrático e dialogar com estudantes que exigem seus direitos legítimos, que sob seu ponto de vista são exigências desnecessária, acessórias, dispensáveis.

    Ou desce do pedestal, ou será afastado por inépcia  na interpretação da realidade brasileira, que não é aquela realidade surreal em que desfrutou no judiciário, com todas as mordomias e privilégios, que os alunos da rede pública sequer imaginam que possa existir, ainda em nosso país.

    Fui vítima deste aristicrático juiz, que gosta de gravatas americanas, por decisões admininstrativas que visavam a extirpar vício de práticas cartorias, quando era CGJ e, que teve oportunidade de defender a supremacia do Interesse Público, mas preferiu se omitir em favor da fraude e do interesse escuso da Louis Dreyfus Commodities e do Oficial de Registro do Cartório de REGISTRO Guaíra-SP.

    Saiu do TJSP e deixou lá parte de sua assessoria também comprometida com suas práticas, talvez, pensando em galgar posições na hierarquia do TJSP, por simpatia do sistema que seu mestre tanto ajudou a preservar, perpetuando assim, a aristocracia dentro do Poder Judiciário.

     

     

  5. Comentário

    Infelizmente o processo de educação no sistema capitalista sempre teve como objetivo formar mão de obra barata para o mercado de reserva. Só que dessa vez exageraram. Colocaram uma figura que não consegue disfarçar sua incompetência e desconhecimento sobre o tema. Esse infeliz ainda tem espaço na mídia para reproduzir um pensamento conservador históricamente oligárquico que jamais abriu mão de sua benesses e que no mundo moderno se vê diante de ameaças pelo conhecimento em rede que de uma forma ou de outra acaba chegando ao alcance dos dominados. Parasita tucano, manipulador e arrogante. Essa é a lógica do sistema jurídico brasileiro que sustenta figuras como essa.

  6. Esse animal deve acreditar

    Esse animal deve acreditar que todos os cidadãos e cidadãs têm plenas condições de arcar com os custos dos seriços básicos fornecidos pela iniciativa privada. No dia em que um salário mínimo for suficiente pra transporte particular, convênio médico, acesso à cultura, educação elevada, alimentação de qualidade, digna moradia e boa vestimenta, aí sim não precisaremos mais do Estado. Por enquanto, é bom calar a boca e prover!

  7. Política
    PARTIDO que rouba de todas as formas possíveis. Merenda das crianças, salário dos adultos, conhecimento dos que necessitam de educação e vida dos que necessitam de saúde. Esse Sr é um tirano…

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