Provocações sobre o complexo de vira-lata, por Gerson Carneiro

Enviado por Sérgio T.

Por Gerson Carneiro, via facebook

Para conseguir visto norte americano no Brasil, a pessoa se submete a três fases. Na segunda fase se dirige a um centro de triagem aonde deixa as digitais e lhe é fotografado o rosto. Nesse centro de triagem, aonde não tem funcionário norte americano atendendo, mas apenas brasileiros se sentindo “american”, é possível constatar uma situação curiosa. Desde a entrada, os guardinhas brasileiros em serviço terceirizado praticamente gritam “desliguem os celulares, se alguém for pego com celular ligado aqui dentro será colocado pra fora”.

Agora vem a parte curiosa.

Diante das ordens dos guardinhas brasileiros em serviço terceirizado, todos na fila ficam miudinhos, pianinho, quietinhos com os celulares desligados, praticamente cabisbaixos, ninguém questiona absolutamente nada, conversam baixinho entre si.

Isso depois de pagar uma taxa de U$ 160 dólares que não será ressarcida se o visto for negado.

Imaginem alguém dando ordem em qualquer repartição pública brasileira: “desliguem os celulares, senão serão colocados pra fora”… No mínimo um gaiato vai querer questionar, desobedecer, levantar a voz.

Imaginem essa situação dentro de uma agência do INSS.

É assim: esse povo valente no trânsito; em repartições públicas, etc., sabe aonde pode levantar a voz. Infla o peito e anuncia ser detentor de direitos. Mas pagam o maior pau quando vão tirar visto norte americano. Permanecem miudinhos diante das ordens de um guardinha brasileiro em serviço terceirizado, que em uma repartição pública brasileira seria prontamente ignorado, ou no máximo debochado. Eles sabem aonde podem bagunçar.

É assim o modus operandi do tipo valentão que importunou o jantar aonde o Padilha estava presente na semana passada.

E sabe a razão desse comportamento bipolar? É a incorporação inconsciente do espírito de colonizado enraizado nos últimos 515 anos.

Acompanhei um coxinha que foi em busca do visto. E na saída ele deslumbrado me disse: – Você viu o esquema de segurança dos caras!?

Eu só dei um meio sorriso e preferi não comentar.

Para ir pra Cuba não precisa se submeter a isso.

A colega Lidia Stefani fez uma ótima associação. Lembrou que isso explica a razão das ciclovias em São Paulo serem vistas por brasileiros com desprezo, mas prontamente elogiadas na Europa.

Redação

18 Comentários

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  1. Há alguns anos uma colega,

    Há alguns anos uma colega, irmã de uma grande amiga minha, me ofereceu uma passagem para os EUA. Ela havia ganhado a mesma na empresa que trabalhava e não queria viajar…

    “-Você não quer. Pode ficar. Não vai lhe custar nada…” – disse.

    Não, foi minha resposta. Nem precisei dizer o motivo da recusa, mas se tivesse que fazer isto diria apenas uma coisa:

    “-Não pretendo sujar as solas dos meus sapatos naquela terra ensanguentada que está ensanguentando o planeta há mais de um século!”

    1. Sei não!

      Bem, como vc diz, isso foi “há alguns anos”……..Como agora latimos para outros colonizadores, fico a imaginar qual seria a patriótica  reação diante de uma boca-livre para Pequim ou Beijing….. Não tenho esses pudores fundamentalistas…..De graça, vale até conhecer o Afeganistão. Não se ganha nada, não se perde nada e, ainda por cima, não se gasta nada. Rs.

       

      1. Mano, na boa… você não me

        Mano, na boa… você não me conhece. E pelo tom acintoso do seu comentário não farei questão nenhuma de conhecer você.

        No meu mundo quem tolera uma injustiça gringa não é bem vindo. No seu mundo qualquer um que demonstre não tolerar uma injustiça gringa (como inventar mentiras para invadir o Iraque ao custo de centenas de milhares de vidas) é automaticamente rotulado de fundamentalista ou um terrorista. As injustiças gringas são um fato, mas você parece mais inclinado a tolerar isto utilizando o mesmo discurso binário que os gringos: eles, “os outros”, estão sempre errados. Portanto, o fundamentalista do “American way of supremacy” é você. E, usando a sua lógica, você é um terrorista porque apóia de maneira incondicional o terrorismo de Estado praticado pelos EUA.

        Se gosta tanto dos EUA vá… e não volte. Se você não comentar meus comentários ficarei ainda mais feliz. 

        1. Doutor Fábio

          Começar com “mano, na boa”….vocabulário pobre de funqueiro da periferia acaba desqualificando a réplica. Dá a impressão de bacharéu (com “U” mesmo) formado pela Unisquina. Então, pode mandar a maior catilinária (já lí algumas, péssimas, suas) que não vou estender a discussão. Não tenho tempo para vc e faço pouco da sua inteligência.

  2. Quase infartei para tirar o

    Quase infartei para tirar o visto, um funcionario terceirizado brasileiro dizia em alto e bom som: NÃO QUEIRAM DAR UMA DE MALANDRO, QUALQUER APARELHO ELETRONICO NÃO PODE ENTRAR, etc, etc. Pois bem, minha patroa tinha um plug, terminal do carregador do celular e foi perguntar para o idiota, com cara de agente do FBI, se não tinha problema, ele consultou outro idiota e prontamente nos mandaram sair da fila, entregar fora do consulado o perigoso artefato, utilizado pela Al Qaeda en atentados mundo afora e voltar na fila novamente. A ironia é que o funcionario estadunidense, dentro de uma caixa de vidro, nos atendeu gentilmente e rapidamente, com sorrisos, etc. Vou utilizar este visto por alguns anos mas acho que não volto mais.

  3. Se fosse numa repartição pública

    O servidor responsável seria denunciado pelo MPF, a Globo faria uma reportagem pro JN com câmera escondida e o Aécio cobraria no Senado uma “apuração rigorosa”.

  4. Eu gostaria de pagar uma

    Eu gostaria de pagar uma passagem aerea pro Maluf ir aos EUA.

    Que tal iniciar uma campanha? 

    “Maluf, visita o Mickey!”

  5. Jamais me submeteria a uma

    Jamais me submeteria a uma situação dessas. Não quero ir a esse país, mesmo se tivesse minha viagem inteiramente paga. Não tenho paciência para suportar calado a arrogância americana. Estou me organizando, sim, para ir a Cuba.Estou me organizando para ir ao Canadá. Prefiro a França, onde até agora, sempre fui bem acolhido.Deixo os States para os coxinhas que tem complexo de vira-lata.

  6. Lambe-botas

    Sérgio T,

    Noves fora algum motivo de ordem profissional, passa por isto quem quer.

    Depois do 9/11 e o imediato Patriot Act, passei a desconsiderar qualquer possibilidade de ir ao USA, pois a estadia ficou perigosa por lá. Em Miami, uma pessoa conhecida fazia o seu exercícicio correndo pela calçada, vestido com um calção de banho, e desta maneira foi parado pela polícia, prá quê correr o risco de passar por isto ?

    Quem se lembra do ocorrido com  jornalista Ferreira Netto, que tinha empresa instalada em Miami, assim como do show de servilismo exibido pelo chanceler do lambe-botas FHC ?

    Desagradável é saber que para chegar em Cayman ou outra daquelas localidades do Caribe, a pessoa é praticamente obrigada a ter visto americano.

    Conheço muitos que viajam pros States, sempre desejo boa viagem.

  7. Nunca na minha vida passaria

    Nunca na minha vida passaria por uma situação humilhante como essa. Que se danem, porque eu tenho meio mundo para conhecer sem precisar dessa frescuragem toda.

  8. vistos

    Outro dia ouvi de uma “cabeça colonizada” que o Obama estaria com tudo pronto para liberar os brasileirtos da exigência de visto para entrar nos EUA.

    Mas ele disse que a Dilma — sempre ela — não deixava.

    Mas nã oexplicou por que ela não deixaria… fofoca de coxinhas.

     

    O principal entrave são as leis dos EUA. Veja matéria da BBC:

    http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/05/150512_dilma_visita_eua

    “A eliminação dos vistos, porém, ainda está distante. Para que ela seja negociada, é preciso que diminua o índice de rejeição de vistos de brasileiros que tentam viajar aos Estados Unidos, uma exigência legal americana.”

     

     

    1. Tá tudo dominaduuu!!!

      Os sintomas do célebre CVL, identificado pelo psicólogo social Nelson Rodrigues, manifestam-se de várias maneiras em todos os lugares, até nesse texto que fala da anomalia psicopatológica endemica principalmente na CMM, a Classe Média Maiami, nessa afirmação:

       

      “Permanecem miudinhos (os vira latas) diante das ordens de um guardinha brasileiro em serviço terceirizado,…”

       

      Ou seja, talvez se fosse um agente bombadão do quadro proprio do FBI mereceria melhor tratamento? Ou seria a mesma matéria apenas com um cheiro diferente uma  imensa arrogância e salário maiores? 

  9. Americanos sao submetidos as mesmas arbitrariedades

     nos EUA. Isso nao eh tratamento especial para os brasileiros. Experimente usar seu celular na fila da imigracao AMERICANA pra ver o que acontece. Com sorte vc se livra com uma sabao em publico, mas muito provavelmente sera levado a uma salinha para algumas horas de interrogatorio. Eh uma das infelizes caracteristicas do “Security State”  americano – arbitrariedades cometidas em nome da seguranca nacional, e ai de quem reclamar. Portanto, caros brasileiros, muito cuidado com os motivos por tras de um politico tupiniquim que grita “Terrorismo!”.

  10. Tirei visto americano aqui no

    Tirei visto americano aqui no Rio. Agendei com duas semanas de antecedência. Pelos procedimentos deles, tive que três vezes lá: uma pra entregar documentos, outra pra fazer a entrevista e a última pra pegar o passaporte com visto. Sempre fui atendido na hora marcada e o atendimento em si demorou cerca de um minuto cada uma das vezes. Gastei, ao todo, menos de 30 minutos dentro do consulado contando as três visitas. Quem fica horas esperando na fila é trouxa, que não sabe que eles atendem religiosamente na hora marcada, então não adianta chegar antes da hora.

    Pra tirar um passaporte brasileiro, com data e hora marcados, tive que esperar mais de um mês e o atendimento no dia demorou à beça. Fui atendido com mais de uma hora de atraso. Na renovação descobri a “manha” e fui numa seção mais vazia, escondida num Shopping do Leblon (ahhhh elite branca sem-vergonha).

    Sinto muito, mas o serviço de visto americano não é um bom exemplo de “complexo de vira-latas”. O atendimento dos caras é de fato bem melhor que o nosso. A paranóia com segurança é de conhecimento de todos, se submete a ela quem quer. Não achei nada demais ter que deixar meu celular do lado de fora. Não sinto delirium tremens longe da maquininha.

    Por fim, recomendo relerem a crônica original do Nelson Rodrigues para usar a expressão “complexo de vira-latas” dentro do seu contexto correto. Ele se referia especificamente ao futebol pré-Copa de 58, onde o Brasil tinha os melhores jogadores do mundo mas os brasileiros se sentiam pessimistas assombrados pelo fantasma da Copa de 50.

    Não existe “complexo de vira-latas” quando brasileiros reclamam de coisas em que não somos nem de longe referência. Existe apenas enxergar o óbvio.

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