Um meio eficiente de intervenção militar pelo telefone, por José Carlos de Assis

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Brasil

Amigos meus que estão sinceramente transtornados com os rumos da economia e da política começam a considerar a hipótese de apoiar uma intervenção militar. Eu tenho os mesmos pressupostos deles, já que passamos pela mais profunda crise de nossa história produzida pelo poder civil entreguista, mas acho que, em termos de valores essenciais, a liberdade é um direito inviolável que não pode ficar ao sabor do guarda da esquina numa ditadura – como advertiu Pedro Aleixo a Costa e Silva sobre o AI5!

Fala-se muito em democracia, mas democracia é uma estrutura de governo que pode se adaptar a diferentes situações políticas. Liberdade é diferente. É um valor absoluto. Se perdemos a liberdade poderemos até promover desenvolvimento, mas jamais construiremos uma nação solidária, assim como uma perspectiva de felicidade. E liberdade é a primeira vítima de uma intervenção militar, pela própria natureza dos expedientes ditatoriais para a tomada e conservação do poder.

Aos que alimentam a ilusão de que uma intervenção seria do “nosso” lado, ou que teria um colorido nacionalista, ou que favoreceria o desenvolvimento econômico , enfim, que seria virtuosa, notem dois fatos: primeiro, Castello Branco não tinha intenção de perpetuar-se no poder e suas intenções comedidas estão no fato de que o primeiro Ato Institucional não tinha número; segundo, Costa e Silva, um radical, praticamente tomou o poder de Castello e levaria o país ao AI-5.

O Governo Temer é o mais terrível desastre econômico e político que poderia acontecer ao Brasil em décadas. Seu projeto neoliberal de radicalização privatista, totalmente subserviente ao capital financeiro especulativo, é um desafio à Nação e uma agressão à cidadania. Sua eficácia em termos de ação de governo  se manifesta na compra quase pública da maioria do Congresso, que lhe garante a aprovação automática de todas as leis que impõe, da emenda do congelamento orçamentário à destruição da CLT.

Contudo, é preciso ter paciência. Melhor que uma potencial ditadura agora para bloquear as ações de Temer é estruturar a luta política, junto ao povo, pela democracia e pela liberdade na perspectiva das eleições de 2018. Nesse contexto, o fundamental não é a  eleição presidencial. É a eleição do Congresso. Se a maioria do Congresso, conhecido pela venda de votos e pela patifaria de alguns parlamentares, for reeleito, aí sim, estaremos perdidos, qualquer que seja o presidente a ser eleito.

O desafio  que se coloca às forças progressistas é, portanto, mobilizar meios eleitorais, qualquer que seja o esquema de financiamento oficial de campanhas a ser implantado, para  que a Nação consiga um Congresso ao menos  com maioria limpa em 2019. Com um grupo de intelectuais, professores, estudantes, sindicalistas e artistas, estamos preparando o lançamento na internet, na forma de conferência on line e em blog,  a “Aliança pelo Brasil.

Nossa idéia é manter um programa regular, com a forma de uma mesa de debate on line, assim como um blog específico, para debater os problemas econômicos e políticos brasileiros, colocando o foco na renovação do Congresso. Para isso, procuraremos construir os perfis dos parlamentares atuais, identificando sua atuação política e, em especial, seus atos de traição ao povo.

Mais importante que isso, entretanto, é a mobilização popular em torno da proposição do senador Roberto Requião, presidente da Frente em Defesa da Soberania Nacional, no sentido de convocação, no  momento que for oportuno, de um referendo revogatório das medidas antinacionais e anti-povo baixadas por Temer. Anularemos, por exemplo, a reforma trabalhista e o pacote de privatizações que está sendo proposto. E anularemos a estúpida emenda 95, de congelamento do orçamento público por 20 anos. A proposta de referendo revogatório será um dos principais eixos da campanha presidencial  em 2018.

Isso é melhor que uma intervenção militar. Mesmo porque ninguém garante qual lado vão escolher os militares. Os sinais são péssimos. Um deles quer acabar com a luta de classes. Por outro lado, não vi nenhuma declaração peremptória de general em defesa do interesse nacional concreto, ou seja, da soberania real – por exemplo, contra a privatização do setor elétrico. Também não vi protesto deles mesmo no campo estrito da defesa, defendendo a necessidade do submarino nuclear, por exemplo.

 Assim, em lugar de intervenção aberta, talvez fosse mais eficiente que algum general do Alto Comando pegasse o telefone e dissesse simplesmente a Temer: pare com suas ações entreguistas e fique quieto até o fim de 2018. Estou certo de que  ele meteria o rabo entre as pernas e, por covardia, mudaria o curso entreguista de seu Governo, sem ferir a liberdade!

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

4 Comentários

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  1. Concordo

    A incipiente sociedade está doente. Tem amnésia em relação ao desastre que ditaduras são. Tem surtos psicóticos em agentes que receberam delegação para exercer poder em favor do bem comum mas procuram atalhos para agir em proveito particular.

    Tem classes que sofrem males decorrentes do trabalho, como os militares que atrofiam o cérebro pelo abuso da força física, que querem dar receitas como se fossem os mais sãos.

    Tem funcionários públicos que foram selecionados para promover a justiça, limitados pelas leis e pela constituição escolhidas democraticamente, mas que estrapolam suas atribuições para tentar impor mudanças nas leis que transformam seu trabalho em algo muito mais fácil, porém contrário à promoção da justiça.

    Que diferença tem um Mourão cagando suas ideias pros maçons e o Delagnol e trupe gastando dinheiro público para pleitear moleza no trabalho dos justiceiros? 

    O autor está certo em recomendar que usemos o tempo que ainda falta para vivermos desgovernados como forma de terapia contra nossas doenças sociais. Estamos todos doentes.

  2. Discordamos: é fake news!

    ../../Downloads/Collagem%20Moro%20Temer%20Condor%20II%20Villas-Boas%20Marinho%20copy.jpg

    ALERTA: a (muito!) perigosa “Fake News” de “golpe militar” (sic)

    Por Romulus & Núcleo Duro

    – A provocação do General Mourão: “se não forem capazes, através do Poder Judiciário, de barrar Lula, as Forças Armadas o farão”.

    – A sinuca de bico do General Villas Boas, Comandante do Exército: como manter a “legalidade constitucional” tendo de bater continência para um…

    (UNIVERSALMENTE reconhecido…)

             – … chefe de quadrilha??

    – Mourão – a “síndrome do vice” (golpista!) ataca de novo: General Mourão tenta a última cartada para cacifar-se. Ao produzir a “fake news”, avaliou, corretamente, que o “seu” (?) momento era agora…

             – … ou nunca!

    – Decifrando o “mistério” (?) narrativo: quando o (civil…) Ministro da Defesa, Raul Jungmann, para (de maneira estabanada…) mostrar serviço, cobra a punição de Mourão, Villas Boas recusa-se.

    Ora, o Comandante, corretamente, não quis promover o espetáculo reclamado pela mídia – inclusive a “de esquerda”!

    Espetáculo esse…

             – … ANSIADO pelo próprio Mourão (!)

             – Dããããã!

    – Cumpre registrar: o Brasil do(s) Golpe(s) – e do caos “institucional” (sic) dele(s) resultante – deve MUITO ao bravo General Villas Boas. Bem como à sua resiliência cívica e altruísta – inclusive em nível pessoal e, até mesmo, físico.

    – Desastre na “blogosfera progressista”: o único a sacar o “jogo” – e a sinuca de bico – foi Fernando Brito, do Tijolaço. Evidente: ter andado tantos anos ao lado de Leonel Brizola fez toda a diferença.

    – Lamentavelmente, todos os demais blogueiros derraparam feio na nova “batalha de narrativas”. Pior: foram PAUTADOS por interesses de direita (de novo, Senhor!). Desta feita, dos mais perigosos que há: nem mais, nem menos!

    – Destaque, em especial, para a inverossímil análise dessa “nova polêmica” feita por Luis Nassif, no GGN.
     

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  3. OS ESQUERDOPATAS PIRAM…KKKKKKK!!!!!

    O Brasil inteiro (pelo menos a sua parcela não corrompida, não esquerdopata e nem bandida) deseja e clama por uma INTERVENÇÃO MILITAR URGENTEMENTE!!! Não adianta essa mídia esquerdista e ROUANÉTICA chiar e espernear por “liberdade”!!! Liberdade pra quê? Pra divulgar só o que lhes interessa, como faz a GLOBOSTA FRIBOSTEIRA? Liberdade pra escamotear e corromper notícias, falas e pronunciamentos, truncando e tirando fora do seu contexto, com o fim de manobrar e manipular informações? Liberdade pra fazer amizade com os bandidos e traficantes das favelas, afim de conseguir “reportagens” e “furos” jornalísticos sobre o dia-a-dia da bandidagem, transformando tudo em “glamour”, pra depois fazer propaganda da vida bandida através de suas malditas, corruptas e imundas “novelas”? DANEM-SE TODOS VOCÊS, ESQUERDOPATAS DO INFERNO, SABUJOS DE FIDEL CASTRO, BABA OVO DO TERRORISTA ASSASSINO CHE GHEVARA E CAPACHOS DO FÓRUM COMUNISTA DE SÃO PAULO!!! TODOS VOCÊS EXPERIMENTARÃO A CHIBATA DO GENERAL MOURÃO!!! É O QUE TODOS OS BRASILEIROS DE BEM ESPERAM E AGUARDAM ANSIOSAMENTE!!!

    1. kkkkkkkkk é assinatura coxinha/trouxinha – pobre de direita

      Já tomou a antirrábica?

      “esquerdopatas do inferno – rouanética –  globosta fribosteira (?)…..”

      rrrrrrrrrrauauauaurrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrauauau

      Eis aí os que querem os milicos!

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