Teve gente que ficou braba a valer por eu ter escrito sobre novela da Globo aqui e sinto muito que a gente não tenha o mesmo humor pros assuntos, mas o que eu queria mesmo era começar a conversar sobre estas questões que são verdadeiramente absurdas em contraponto ao que vem sendo proposto como formação familiar.
Verdadeiramente absurdas como o abuso sexual e psicológico que houve na novela, e foi “só” por isso que a temática entrou aqui, visto que abusos sexuais e psicológicos são fatos mais corriqueiros do que muita gente quer acreditar que sejam – e isso é tão mais relevante de dialogar sobre do que se a pessoa é ou não é filha de sangue; se as pessoas que compõe um casal são do sexo oposto ou se quem compõe uma família é um par do sexo oposto mais os filhos de sangue.
Olha, eu não me enquadro nenhum quesito pra ser parte de uma família, nenhuminha mesmo e, então, deve ser por isso que é bastante complexo escrever sobre este tema. Não complexo no sentido de estar me sentindo excluída, mas complexo no sentido semi-absoluto de “escuta, por que mesmo existe a menor possibilidade disso ser aprovado constitucionalmente?”.
Daí fui procurar meus amigos advogados, afim de entender como é que pode algo tão retrógrado e pautado pela exclusão pode ser considerado. Procurei pelo Whatsapp, jornalista que não sou e, apesar das mensagens terem sido apontadas como “lidas”, não obtive retorno de nenhum deles. Sem brincadeira, um destes amigos que procurei ignorou solenemente minha pergunta e, horas depois, iniciou uma conversa me chamando pra jantar. Fui e repeti a pergunta ao vivo. Ele se limitou ao retorno: “sério? não tenho nem coragem de pensar que isso possa estar em verdadeira demanda”. Respondeu e se fez entendido, pra mim.
Então, novelas fora, e ainda bem que sou irrelevante na opinião de alguém que também não sei quem é (mas por respeito à simples existência não julgo como irrelevante pra mim, tanto que está sendo citado num texto meu e, opa, acho que ninguém se importa em ser citado no texto de alguém que considera irrelevante, observemos), recoloco a pergunta: será que não temos assuntos mais importantes de fato para que a vida siga com mais dignidade (e amor) do que questões “morais e cívicas”? Será que eu, ofendida que estou, não consigo enxergar com olhos de além-self para ver o que esta demanda de novo formato de família tem de bom? Esta proposta só existe com base em mlindres de opção sexual? Será? Será?
Me ajuda nessa?
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Faltou colocar legenda no casal da foto.
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Muito perspícaz Álvaro.