Canção de Setembro, por Gunter Zibell

É só não fugirmos da realidade como avestruzes.

Não há um ambiente de comoção política (como na Venezuela), de golpismo (como Egito ou Tailândia) ou de cerceamento de blogs (como na Rússia.)

Há é um grande mau humor e descontentamento com a economia. Como na França e Venezuela também.

Mas em redes sociais há muitas manifestações de bom humor também, não sejamos dramáticos, pois isso é bom. Medo não é bom conselheiro, então que se desconfie de discursos extremistas que não são representativos.

Sensação de bem-estar não depende do passado, mas de expectativas quanto ao futuro. E também de outros fatores (como julgamentos morais.)

Tanto que em 1952, no melhor momento do Século XX para indicadores sócio-econômicos dos EUA, os Democratas perderam:

2013 10 06 https://jornalggn.com.br/noticia/a-transicao-republicana-nos-eua-e-a-heranca-de-roosevelt

E Dilma ainda não está tão mal como os 5% de ótimo/bom e 68% de péssimo/ruim de Sarney em set./1989;

Os 9% de ótimo/bom e 68% de péssimo/ruim de Collor em set./1992.

Ou os 13% de ótimo/bom e 56% de péssimo/ruim de FHC em set./1999.

(Este é um post originado por resposta a um comentário, pelo que me desculpo pela não atualização do gráfico. )

Alguém enxergou “conspirações golpistas” nesses momentos? Não, apenas uma insatisfação que se revela natural quando há motivos.

Afinal, de 2011 a 2015 o crescimento econômico do Brasil é dos menores do G-20. Acho que só é menos pior que Espanha e Itália. 

A diferença é que em outras vezes afetou mandatários do PMDB, do fisiologismo e do PSDB. Agora é a vez do PT. 

Só isso. Há governos competentes ou não, populações satisfeitas ou não.

E o recorte social é menos importante nisso do que militantes de teclado de vários lados gostariam.

Por coincidência (pois creio que não há nenhuma razão objetiva para isso) os pontos de mínimo para popularidade de presidentes se dão em torno de setembro (em 2005 também foi assim para Lula.)

Mas setembro é o prazo para candidatos a prefeito escolherem os partidos pelos quais irão competir em 2016.

Aguardemos.

(No Brasil será primavera, não outono, mas a canção é bonita do mesmo modo.)

Redação

Redação

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  • Fala do senador (senador?) da

    Fala do senador (senador?) da república (república?) aloisio nunes hj na  fel-lha: "eu quero é sangrar a Dilma"! É para rir ou chorar?

    •   Por mais que ele tenha

        Por mais que ele tenha assumido um lado com unhas e dentes (direito dele, sendo nosso direito discordar como discordamos), o Gunter possui uma capacidade ímpar de analisar um cenário, mesmo que não bata com o que ele próprio gostaria que fosse.

      • Você confunde artigos

        Você confunde artigos extensos e cansativos, misturados com manipulação estatística grosseira com "capacidade ímpar".

        Gunter é incapaz de dialogar com quem entende os dados que ele posta e mostra suas falácias, parte logo para a auto-vitimização covarde, mesma estratégia adotada por Marina em sua campanha.

         

      • Mas minha intencao nao eh
        Mas minha intencao nao eh agredir ou ofender tanto que comecei elogiando o post mostrando o Gunter antigo, oposicao como sempre foi (e com todo direito de se-lo) e ver que ainda hoje resta uma serenidade do articulista especialista em graficos e comparativos e analises e numeros argumentando com a razao tambem alem da emocao.

  •   Não, não dá para

      Não, não dá para comparar.

      Sarney e Collor se viram em maus lençois durante verdadeiras "guerras civis" dentro da própria elite, o país de 10 milhões de pessoas e olhe lá. FHC nem isso, nos piores momentos de seus dois mandatos o máximo que se viu foi a fogueira chegar perto de alguns ministros e assessores. Mesmo em 2002, após OITO anos de governo medíocre, para dizer o mínimo, a imprensa ainda queria nos fazer engolir a gororoba intragável representada pelo Sr. José Serra.

      Gostando-se ou não do PT, a situação é outra. Em seus mais intensos momentos de "purismo", o PT JAMAIS, repito, JAMAIS contou com mais do que uma distante simpatia de setores muito localizados dentro da imprensa, para não dizer do empresariado e outros grupos do "hard power" tupiniquim. Foi o período em que o próprio presidente disse "estão exagerando, até", a respeito do apoio da imprensa.

      As mídias digitais ajudam em muito a difusão da gororoba discursiva do (descupem-me se repito o termo) do "hard power" nacional, que se põem EM PESO contra tudo que cheire, mesmo que de longe, a PT. E não me venham falar em "discurso de guerra de classes" vindo do partido: o governo que defendeu ser o controle remoto a melhor defesa não merece ser posto em pé de igualdade com esse massacre nem pelo mais parcial analista.

      Caso pessoal: nunca, JAMAIS houve semelhante massacre, a ponto de eu não poder usar uma simples camisa vermelha no trabalho sem ouvir comentários depreciativos de quem nem ao menos sabe o que penso de política. Não consta que durante o governo Sarney o bigode tenha sofrido censura, ou que o gel para cabelos tenha vendido menos durante o governo Collor.

  • Posso estar sendo injusto,

    Posso estar sendo injusto, mas apreendo mais como ironia do que propriamente como uma mensagem de esperança esse post do Gunter Zibell, apesar do esmero em apresentar gráficos que indicam algumas similaridades estatísticas entre governos que antecederam aos da presidente Dilma e, na área externa, as comparações com a Venezuela, Tailândia, Rússia, França e Egito. 

    Ironia porque traçar paralelos entre conjunturas políticas, sociais e econômicas díspares para efeito de dissecar a atual, não me parece consistente em termos de análise. Resgatar, inclusive,  um momento da história dos EUA, datado de 1952, reforça ainda mais essa impressão. 

    Tomando por empréstimo o chiste "texto fora do contexto é pretexto", diria: "análise desconsiderando os contextos é mero pretexto". Fui contemporâneo, portanto sei do que estou escrevendo, das crises envolvendo os governos Sarney, Collor e Lula. Foram, sérias, confirmo, e à exceção dos governos Lula e o caso "mensalão", englobaram as dimensões políticas, econômicas e sociais. Também admito que suas origens e desenvolvimento(não poderia ser diferente) tangenciam a atual. Mas paro por aí. 

    O governo Sarney foi egresso de uma conjuntura bem específica, avaliada como de transição de uma ditadura para um regime de plenas liberdades. Na realidade, Sarney como presidente foi um caso(ou ocaso) do destino. Herdou tanto uma tragédia política e pessoal(morte de Tancredo), como um país ávido por mudanças políticas e sociais drásticas dentro, ainda, do clima ideológico da "guerra fria", e na área econômica um modelo exaurido. 

    Já Fernando Collor, ungido como o primeiro presidente eleito diretamente após a redemocratização plena, assume numa conjuntura econômica dramática, com a inflação atingindo níveis até então inimagináveis e a economia estagnada. Aventura-se em planos econômicos mirabolantes, alguns uma verdadeira afronta em termos de desgaste político, a exemplo do malsinado "confisco de ativos", que, aliados a falta de tato e à prepotência no manejo da práxis política, deu no que deu. 

    Fernando Henrique Cardoso, beneficiário do estrondoso sucesso de público do Plano Real, basicamente passou oito anos "gastando" por conta desse bônus. Uma inflexão tão monumental, isso devemos reconhecer, que fez "gato e sapato" nas áreas políticas, econômica e social sem nenhuma consequência prática em termos de rejeição in extremis. Privatizou a bel prazer, impôs políticas econômicas recessivas e de agrado ao mercado, nadou de braçadas no Congresso(aprovou medidas altamente impopulares), olvidou dos movimentos sociais e norteou uma política externa apontando sempre para o "norte", onde estava o "grande irmão". As crises advieram pelo excesso de neoliberalismo e a falta de visão de longo prazo, conjugadas com uma conjuntura internacional problemática, reconheçamos, e o alastramento da corrupção. 

    O que há de comum nesses três períodos de governança? O trivial: impasses políticos, entraves econômicos e mal-estar social. É só nos governos petistas que a esses vetores se junta uma singularidade que faz com que as ponderações do articulista percam sintonia com a realidade: um inconformismo e má-vontade com um novo esquema de Poder reformista de uma parcela da população que vai,  num crescendo, chegar aonde chegou: no mais puro ódio, tanto pessoal como político.

    O país está perdendo a racionalidade. Guia-se hoje pelos mais baixos instintos. Choca assistir, ler, ouvir pessoas até então cordatas, sensíveis. educadas apelando para o que de mais baixo a natureza humana faz brotar. A possibilidade de diálogo é inexistente. Pontes foram destruídas. O que se deduz disso tudo? É normal? Que foram culpa dos governos petistas, dos líderes petistas? Da estrutura política viciada e esclerosada? Em parte, sim. Não obstante, a parte substancial, exatamente o que não existia nas experiências pretéritas, qual seja, a efetiva perda de poder - simbólico e real - da parte de cima da pirâmide social e, inversamente, a escalada das camadas inferiores, é o pano de fundo para as convulsões do momento. 

     

     

     

     

    • Perfeito JB. Nada mais
      Perfeito JB. Nada mais descortês, num momento delicado como este, do que condescendência.

      A sensação ao ler o arrazoado do articulista foi a de ver FHC sentado numa poltrona luxuosa, pernas cruzadas, dizendo "temos que tirá-la de lå", pomposo e desconectado das necessidades de quem labuta.
      Ou Marina, e sua fluidez e inconstância, propugnando contra "tudo isto que está aí".

      Ah, a vaidade!!!

  • "Não há um ambiente de

    "Não há um ambiente de comoção política (como na Venezuela), de golpismo (como Egito ou Tailândia) ou de cerceamento de blogs (como na Rússia.)

    Há é um grande mau humor e descontentamento com a economia. Como na França e Venezuela também."

    e mais ainda, quando comparado à Síria, Iraque, Ucrânia, Nigéria, Palestina e nosotros Argentina estamos no paraíso, ou na pior para os míopes, na visão do paraíso à procura da virgindade perdida...

  • Um passo atrás, mas o desejo não mudou, está lá... esperando...

     

    Na verdade o texto não é de manifestação contra o impeachment da Dilma, tampouco de desejo de melhoras para o governo Dilma. É um texto de incontida frustração por parte do autor ao perceber o que até PSDB já constatou neste momento (FHC diz agora que "o impeachment da Dilma não serviria para nada"), a Marina se escamoteia como um bagre escorregadio, pipocam de críticas ao panelaço da burguesia, o lockout dos donos de empresas de transporte e grandes latifundiários deu xabu (a grande mídia precisou esconder dos brasileiros os vídeos que mostravam que a imensa parte dos caminhoneiros autônomos era refém do movimento, mantido contra a vontade deles, por capangas que ameaçam seus caminhões e até a vida desses caminhoneiros - talvez uma das maiores farsas da história do jornalismo brasileiro); Aécio teve que ter um inquérito arquivado, mas deixado sob suspeita por conta de documentos que já existem no caso de furnas para emparedá-lo definitivamente e, de quebra, teve sua criatura fantoche Anastasia embolado na Lava-Jato. Ou seja a imensa maioria da "gasolina" que eles queriam jogar na fogueira mingou, até mesmo com a inclusão do até então queridinho da mídia e da oposição o Eduardo Cunha (difícil pedido de impeachment com o Cunha estando agora sob suspeita, não é?).

    Com tudo isso o texto não é nenhum tipo de reconhecimento ao governo Dilma ou contra seu impeachment, apenas um recuo, provavelmente a contra-gosto, ao constar que "agora" "ainda", não há ambiente para um impeachment. Mas o desejo incontido de que isso aconteça está indisfarçável nos termos "a popularidade de Dilma AINDA..." mas em Setembro é que cai a popularidade dos presidentes não é mesmo? (rs)

    Bem, só para colocar um pouco mais de água fria no desejo incontido do autor, quero lembrar que em setembro, com toda a seca e o Cantareira que terminará março sem sequer sair do volume morto, apesar da mídia não mostrar a realidade da situação para o povo, deverá começar a entrar em colapso lá para setembro também..., bem, se a esperança é que a situação da Dilma piore até setembro para que até lá exista condições de se falar seriamente em impeachment, é bom lembrar que em setembro o "Castelo do PSDB no Tucanistão", poderá começar a cair por falta de "liquidez" e acho difícil que o PSDB consiga movimentar qualquer ação contra Dilma vendo a lama, digo, a poeira soterrando a entrada do seu bucker...

    Até setembro e vamos ver quem terá mais garrarfas de água para vender, mas aposto que, com a crise hídrica, o tucanato terá menos...

  • Ainda faltam os números do

    Ainda faltam os números do crescimento.

    Em 2013 o Brasil foi o terceiro pais que mais cresceu, salvo engano. No ano que passou ninguém cresceu quase nada. Com diferenças entre cada um na casa decimal.

    Até a China está crescendo quase a metade do que um dia já cresceu.

    Sem desconsiderar que, apesar de toda propaganda negativa, o Brasil ainda passou o ano de 2014 com emprego recorde e, mais uma vez,  com inflação dentro do combinado...

    Não, não precisa de motivo pra golpista dar golpe; basta "motivação".

  • Gunter: ajuda o país e para

    Gunter: ajuda o país e para de olhar pro teu umbigo e  te torne um cidadão brasileiro, não marinista. A igreja é teu consolo.

  • Nada surpreende , nem a falta

    Nada surpreende , nem a falta de memória..quem 

    votou em Dilma estava "careca" ( ou quase) de saber

    que o cenário pos eleição seria esse ai mesmo.As

    ameaças da "casa grande" que achou que venceria

    o pleito,mídia,lava-jato,jato de areia (castelo?) etc.

    Eu vou defender meu voto até o fim, sem perder

    o poder e o dever da critica,discordar , concordar..

    mas nunca compactuar com golpismos de uma classe

    delirante no extertor.Já foi bem pior poucos enxergaram

    ou enxergavam.. a maioria é 1 voto a mais ..que seja o meu.

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