Você consegue financiar a sua casa, apesar das imperfeições que ainda existem. Mas, quando se quer extrair valor da casa, fazendo produtos que chamamos de “reverse mortgage” (“hipoteca reversa”, empréstimo hipotecário tendo como garantia o imóvel, que permite ao mutuário acessar o valor livre da propriedade), “home equity” (o cliente usa um imóvel quitado em seu nome como garantia para conseguir um empréstimo pessoal), essa via é interrompida. Em grande parte dos países, tem uma via de financiar a casa, adquirir o imóvel, e outra de extrair valor. É comum nos países mais avançados, onde o valor de propriedade subiu muito, uma pessoa no final da vida retirar o valor da propriedade.
Inicialmente imaginei que fosse mais uma esperteza para revogar o direito que o proprietário endividado tem hoje, de não ser retirado da sua moradia. Mas analisando mais o modelo, pode ser interessante.
O que ocorre hoje?
O modelo proposto por Campos Neto é uma espécie de operação de crédito com cálculos atuariais, utilizada nos Estados Unidos.
Só podem tomar o crédito pessoas com mais de 62 anos. Define-se um valor para o crédito que será entregue ao mutuário. Ele continuará morando no imóvel até o fim da vida, devendo apenas zelar por sua manutenção e pagar o seguro.
Na sua morte, os herdeiros terão as seguintes alternativas:
Enfim, um belo instrumento financeiro, em uma economia com juros próximos de zero. O ganho do banco estará na combinação de taxa de juros, que deverá embutir o risco atuarial, para aqueles mutuários que passagem da idade referência.
O raciocínio é mais ou menos o seguinte:
O banco não tem mais o risco do crédito, já que empresta de uma vez e recebe na frente, com a venda do imóvel.
Haverá um risco de idade, que poderá ser medido pelas tábuas atuariais. Ou seja, se o mutuário vive mais do que o previsto, o crescimento da dívida poderá torna-la maior que o preço do imóvel. Mas as taxas de juros internas são tao baixas, que o custo adicional dos sobreviventes será mínimo.
Haverá risco de reversão do mercado imobiliário. Se houver aquecimento, ganham os herdeiros. Se houver desaquecimento, perde o banco.
Obviamente esses dois fatores estarão embutidos na taxa de juros. É por aí que se dará o ganho do banco.
Mas como dizia Roberto Campo, o avô, o diabo mora nos detalhes.
Por aqui se tem um Banco Central capturado pelo sistema financeiro, e sócio das mais altas taxas de juros do planeta.
Vamos a uma pequena simulação dos impactos da taxa de juros e da expectativa de vida do público no resultado das operações.
Os cálculos foram feitos em cima de um valor atual de imóvel de R$ 200.000,00.
Tem mais. Com a sensibilidade que lhe é peculiar, Roberto Campos, o neto, poderá adaptar as regras. Como, por exemplo:
Em suma, qualquer boa ideia, para se transformar em bom projeto, tem que ser implementada por pessoas e governos confiáveis.
De qualquer modo, é um bom tema quando o país dispuser de um governo confiável novamente.
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Pensar que burocratas ligados ao setor financeiro proporão negócios que favorecerão a população e não os bancos, é ingenuidade.
Será mais uma forma de zerar a poupança dos velhos.
Tem razão.
Sem entrar em detalhes imagine que o valor do imóvel é avaliado pelo banco, com o critério de venda rápida. As avaliações de imóveis por bancos para fins de garantia observam esse critério. Isso costuma impactar o valor de mercado em até 30%. Além do mais, os avaliadores adotam sempre um viés conservador o que, de início, afeta negativamente o valor do imóvel. Como o incauto idoso irá receber o dinheiro (isso se filhos, netos, sobrinhos, afilhados e outros agregados não meteram a mão na bufunfa) de um fluxo de caixa descontado a taxas de agiotagem e cujo valor futuro é o valor presente (risos) atribuído ao imóvel pelo banco, a probabilidade é que receba (se receber) uma merreca.
Nassif, a quem admiro, neste fim de semana parece que fumou erva da ruim. Só pode ser para ver algo de bom nessa ideia.
O que parece, desde Temer, é que todas as reservas (poupança) da população estão sendo eliminadas sob pretextos de aliviá-la das agruras de uma recessão (forçada) que não se resolve, deixando-a sem futuro, escravizando-a para todo o sempre..
Estão assim quase que forçando as pessoas a sacarem seu PIS, seu FGTS e votando uma previdência que, sem falar da nefasta capitalização (que mais cedo ou mais tarde passará), é hoje tripartite: parte do governo, parte da empresa, parte do próprio trabalhador.
Agora, estão visando o patrimônio imobiliário. O que mais enxugará qualquer reserva construída?
Em breve, teremos um país onde todo o dinheiro estará nos bancos e a população terá apenas o "direito de ganhar seus salários (quando houver emprego) e gastá-lo na sua subsistência (comida, aluguel, saúde...) onde já estará embutido o valor dos impostos que, por sua vez, servirá apenas para pagar juros da dívida pública e nenhum retorno destes mesmos impostos de volta para a sociedade.
Um país de cidadãos em "trabalho análogo ao da escravidão"...
Pelo menos esta frase é chique, não?
Obrigado! Passo! Num país onde é fácil um engenheiro bem formado ficar dois anos sem emprego e viver de dirigir Uber, isso servirá para os velhinhos ajudarem seus filhos. No fim, o idoso fica sem patrimônio e ainda é capaz de ser despejado no fim da vida porque, como bem apontado num comentário acima, a lei não vai deixar o banco perder. Sem falar nas taxas de juros é IOF pornograficos. Passo. O BC sabe onde enfiar essa proposta.
Tá bom...e daí o velhinho morre e não tem filhos,nenhum herdeiro......só fica a velhinha e com pensão de alguma coisa menos que um salário mínimo.......e daí ela arrisca morar num bordel.....quem sabe os cafajestes do sistema gostem de transar com velhinhas........
Se ambos vierem a contrair a obrigação, ela só extingue após o falecimento dos dois kkkk
Realmente, não sei o que uma trolha dessas tem de bom.....salvar a velhice da miserabilidade??????
Somos um país de néscios, e os abutres do sistema financeiro sabem disso .... vão arrancar tudo o que puderem do cidadão até o último suspiro.....
Nesse ritmo, vamos ter o mesmo quadro da grande depressão, os bancos riquíssimos e os brasileiros paupérrimos, mas vc pode vender a propriedade, que pagou a vida inteira, para o mesmo banco e assim morrer em paz ...tenha dó!!!!!
Sugestão e pedido ao blogue: diversificar a cobertura, contrabalançar a necessária crítica do caos que estamos suportando com o que está sendo feito de inspirador pelo mundo, tanto em novas perspectivas quanto sobre os temas fundamentais que não podem ser sufocados pela enchente de esgoto que ameaça nos afogar a todos, se possível tratando da questão ambiental com maior frequência.
Não podemos perder de vista os motivos que nos fazem rejeitar o que têm ocupado as manchetes e as conversas, não podemos nos enredar no Não e esquecer do que precisa ser afirmado: o mal se destrói quando o bem se ocupa de ser pleno.
Aqui, vídeo da BBC Earth sobre novas séries sobre o planeta
BBC Earth One Planet Seven Worlds - [cinco novas séries]
https://www.youtube.com/watch?v=sgAd5fdgedA
Aqui, música porque precisamos nos proteger do veneno de o mundo está saturado.
R.E.M. - Bad Day (Video)
https://www.youtube.com/watch?v=Hyk-Vdd_Qrk
R.E.M. - The Great Beyond (Official Music Video)
https://www.youtube.com/watch?v=k_JnCWT-_O8
Sampa/SP, 06/07/2019 15:48
Os bancos já oferecem essa opção de empréstimo com garantia imobiliária e até mesmo o refinanciamento do próprio imóvel quitado.
Os juros são altos e a quantia oferecida é uma merreca.
A novidade é a "rapelada" no fim do contrato, onde o tomador do empréstimo hipotecário consente em perder a casa pro banco, sem choro e sem direitos aos herdeiros.
Um exemplo:
https://www.creditas.com.br/emprestimo/garantia-imovel?utm_source=bing&utm_medium=search&utm_content=78615091925723&ad_id=78615091925723&utm_term=%2Bempréstimo%20%2Bgarantia&utm_campaign=%5Bsearch%5D%5Bgl%5DEmprestimo&msclkid=7af8d2f6de12175fd1f88fd623432f11
Como diria Caetano Veloso: o USA é aqui. O que é isso se não mais um passo ao endividamento total?
Alguém sabe informar Como funciona as taxas cartorárias nessa nova modalidade de empréstimo?
É muita ingenuidade imaginar que governo neoliberal e sem soberania irá propor alguma coisa boa para a população. Tudo indica que os portadores de títulos do governo já deram a ordem: a farinha tá pouca, meu pirão primeiro. Eles estão estruturando uma maneira de resgatar os títulos emitidos pelo governo, não só pagar os juros. Eles já devem ter percebido que o próximo governo, se houver eleições, não será mais neoliberal, então querem receber antes com medo de quem assumir, esticar o vencimento dos títulos e baixar os juros para taxas próximas às do mercado internacional. Resumindo: já estão com medo.